Problemas de Júlio Garcia com a justiça paralisam escolha do novo secretariado de Moisés
Na noite de quinta-feira, 21, logo depois dos deputados estaduais de Santa Catarina revogarem a decisão da juíza Janaína Cassol Machado, da 1ª Vara Federal de Florianópolis, que determinou a prisão domiciliar e o afastamento da presidência da Alesc e do cargo de deputado estadual de Júlio Garcia (PSD), ela voltou a expedir um novo mandato de prisão contra Júlio Garcia e a outra pessoa que está sendo investigada na operação Alcatraz.
A informação foi confirmada por Cesar Abreu, advogado que defende Júlio Garcia nesse processo. Para revogar novamente esse pedido de prisão, o vice-presidente da Alesc, deputado estadual Mauro de Nadal (MDB), teria que convocar novamente os deputados para uma nova votação numa sessão extraordinária, o que acabou não aconteceu, pois o primeiro enfrentamento com a justiça não caiu bem perante a opinião pública e os deputados resolveram esperar a poeira baixar para não aumentar o desconforto.
Obviamente que essa votação, onde 30 deputados votaram pela revogação total do despacho da juíza, tem a intenção de marcar uma posição não só para esta investigação, mas para investigações futuras, pois boa parte desses deputados estaduais fez parte dos 16 anos de governo de Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e de Raimundo Colombo (PSD).
Mas esse problema de Júlio Garcia está atingindo também o atual governo estadual, pois obrigou o governador Carlos Moisés (PSL) a segurar a escolha de nomes do MDB catarinense para algumas secretarias do governo. O ex-governador Eduardo Pinho Moreira, por exemplo, estava mapeado para assumir a diretoria do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), mas depois que a Polícia Federal fez diligências na casa dele, seu nome foi automaticamente descartado. E não se sabe mais se o deputado estadual Luiz Fernando Vampiro (MDB), que foi convidado para assumir a Secretaria de Educação, vai responder positivamente sobre o convite. O PSD, o MDB e o PP foram os partidos mais prejudicados em toda essa investigação e o Governo do Estado não pretende ter que ficar respondendo por problemas que não são seus.
Já o chefe da Casa Civil, Eron Giordani, homem muito próximo de Júlio Garcia, tendo inclusive sido indicado por ele, deve permanecer à frente da pasta porque Carlos Moisés entende que ele está fazendo um ótimo trabalho na costura política entre o governo e a Alesc.
Giordani foi o responsável pela aproximação entre Júlio Garcia e Carlos Moisés na época em que o governador estava afastado do cargo, pois Eron sugeriu à Garcia que seria melhor manter Moisés no cargo do que continuar com Daniela Reinehr comandando o governo.
Júlio Garcia aceitou a sugestão e a partir daí Carlos Moisés enterrou qualquer possibilidade de ser impeachmado e de quebra firmou uma aliança entre o seu governo e o MDB, conseguindo também trazer a maioria dos deputados estaduais para o seu lado.
A decisão de manter Carlos Moisés no cargo também passou pelo Oeste do Estado, região do chefe da Casa Civil. Eron Giordani também tem uma estreita relação com o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), e o fato de Daniela Reinehr ficar como governadora poderia fazer dela a principal figura política do oeste catarinense. Além de Rodrigues não querer perder o posto de ícone na região, ele é do mesmo partido de Júlio Garcia e tudo isso influenciou na aproximação do PSD com Moisés, o que acabou ficando bom para todas as frentes políticas.
Agora o governador Moisés ficará em estado de espera para ver quem do MDB e do PSD podem ser indicados para cargos importantes, pois Júlio Garcia é uma das peças chaves de toda essa aliança e neste momento não pode ser deixado de lado.