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Num dia frio de inverno a temperatura esquentou na Assembleia Legislativa de SC

A terça-feira, 30, foi um dia pra não se esquecer na Assembléia Legislativa de Santa Catarina. O dia começou com a visita do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) ao gabinete do deputado estadual, Milton Hobus (PSD), onde foram buscar documentos por conta de uma investigação da Procuradoria Regional Eleitoral, que apuram supostas fraudes da lista de espera por procedimentos do SUS e supostos crimes eleitorais cometidos nas eleições de 2018.

No total, foram 27 mandatos de busca e apreensão nas cidades de Florianópolis, Rio do Sul, Aurora e Curitiba. Já o deputado Milton Hobus não tinha ciência da diligência da polícia em seu gabinete, e os policiais acabaram levando documentos oficiais ligados aos trabalhos do deputado no Alto Vale, e os celulares do chefe de gabinete de Florianópolis e de um assessor de Rio do Sul.

No fim da manhã, na reunião da Comissão de Constituição e Justiça, os deputados, enfim, chegaram a um acordo com o governo, que prometeu dar isonomia no pagamento das emendas parlamentares dos deputados, ou seja, não fará distinção entre deputados da base do governo, que são poucos, e os da oposição, que são muitos. Em troca a Alesc tira do texto da PEC das Emendas a parte que classificaria como crime de improbidade administrativa o não pagamento das emendas.

Mas o governo ainda não está totalmente livre, pois o deputado Ivan Naatz guardará na gaveta uma emenda ao texto com o mesmo teor, de autoria de Milton Hobus, que, caso o governo não cumpra o acordo, firmado com a líder do governo, deputada Paulinha (PDT), ela será apresentada e o governo fica, mais uma vez, em maus lençóis.

Por volta das 17h teve a tão esperada CPI dos Respiradores com o depoimento do ex-chefe da Casa Civil, Amandio João da Silva Junior, que em pouco mais de uma hora resolveu o seu depoimento com firmeza, clareza e sem deixar pairar dúvidas sobre a sua conduta dentro e fora do governo de Carlos Moisés.

Amandio, entre outras coisas, disse não ter conversado com o governador sobre o caso dos respiradores e que a foto da sua conversa de videochamada com Samuel Rodovalho, investigado no caso da Veigamed, foi de um negócio particular antes de assumir a Casa Civil do Estado.

Ele se disse injustiçado pelo fato, pois pairou dúvidas sobre a sua conduta e que a sua saída do governo se deu por um pedido da família, que afirmou não valer a pena ver a sua imagem arranhada por um problema que sequer cabia a ele.

O que ficou claro é que, mais uma vez, o governador jogou um dos seus na cova dos leões sem qualquer apoio e só se preocupando com ele próprio. Mesmo assim, Amandio se saiu muito bem e parece não querer mais passar pelo constrangimento de ter sua reputação colocada em cheque só porque os deputados querem a cabeça de Moisés.

Governo em maus lençóis

Está mais do que claro que ninguém que depõe na CPI dos respiradores da Alesc vai entregar o governador Carlos Moisés e está claro também que o que os deputados estaduais querem é somente a cabeça do governador.

Outra coisa que também está obvia, é que não adianta mais o governador colocar um chefe da Casa Civil com o perfil político, pois segundo os próprios deputados, eles não recebem em seus gabinetes ninguém que esteja no secretariado do atual governador, independente de quem seja.

Já sobre a líder do governo na Alesc, a deputada Paulinha, parece que virou figura decorativa no parlamento, pois não consegue acalmar os deputados, não tem a simpatia dos mesmos e, pela inexperiência, não tem o peso de uma liderança que o governador precisa nessa hora de tamanha fragilidade política.

Em favor do governador parece que somente Júlio Garcia (PSD), presidente da casa, tem alguma força para segurar os pedidos de impeachment contra Moisés e tentar esperar a hora certa para ver o que vai fazer: salvar Moisés ou colocar Daniela Reinehr no seu lugar.

Então só nos resta esperar para os próximos capítulos, mas o que parece é que Moisés está cada vez mais isolado na Casa da Agronômica, tendo ao seu lado poucos assessores abnegados que ainda tentam salvar o que resta.