O futuro da cidade depende do que as pessoas fazem de bom e de ruim hoje

Não gosto e não me sinto confortável em escrever sobre essa pandemia porque há muitos erros e acertos que estão servindo de ensinamento, pois para todos os envolvidos há um aprendizado do que deve ou não ser feito num momento como este.

E se há um aprendizado, é porque ninguém tinha nenhuma noção do que realmente deveria fazer diante dessa situação. É por isso que não dá só para criticar as pessoas que vem tocando todo esse problema, principalmente no nosso estado.

Quero deixar claro que não incluo aí as aberrações ocorridas com o dinheiro público na compra de produtos ou contratações de serviços com a nítida intenção de levar vantagem por estarem no comando de um governo. Isso sim merece punição daqueles que se acham os grandes espertalhões da máquina pública.

Mas escrevo esse texto para refletir sobre os prejuízos que o comércio teve nesse ano de 2020. Sem dúvida que os profissionais da área do turismo foram muito atingidos e que só devem começar a voltar a ter seus trabalhos a partir do segundo trimestre de 2021.

Mas os comerciantes, que pagam impostos, aluguéis, taxas, contribuições, salários e tudo mais que envolve a manutenção de um estabelecimento comercial também passaram por um período em ter que decidir se mantinham as portas abertas ou fechavam para evitar o pior. Graças aos comerciantes a maioria decidiu manter as portas abertas.

Agora estamos chegando na época do Natal e acredito que a própria população pode sim ajudar os comerciantes e os trabalhadores do comércio da sua cidade a manterem os empregos. O comércio também está precisando de um fôlego e nada melhor do que o munícipe manter o dinheiro circulando dentro da sua própria cidade.

Comprar no comércio local em um momento como este é fator fundamental para ajudar a cidade a sair de um momento difícil como o que estamos vivendo. Comparo essa pandemia com as diversas enchentes vividas pelos moradores do Vale do Itajaí, onde a própria população sempre se ajudou e fez com que as cidades da região voltassem a ser fortes como antes.

É obvio que todas essas mortes e pessoas internadas merecem muito nossa solidariedade e não podem ser esquecidas, mas há muita gente lá fora que também precisa que tudo volte ao antigo normal para poder comer.

O maior problema do contágio não está dentro de uma loja. Não é no centro da cidade que as pessoas acabam se aglomerando e repassando o vírus. Essa cadeia de infecção começa lá na festas cheias de gente, em aglomerações clandestinas, em reuniões de amigos onde não há nenhum cuidado com a higiene. O comércio é apenas mais uma vítima desse tempo tão difícil que se atravessa por aqui.

A pandemia está sendo o momento mais difícil de nossas vidas, mas, se bem aproveitada, também pode ser um momento onde as pessoas recomecem a ter um grau maior de empatia pelo próximo. Pode ser um momento de parar de achar que o esperto é aquele que sempre leva vantagem em tudo. Pode ser o momento também onde as pessoas comecem a olhar um pouco mais para o lado.

Esperto mesmo é aquele que vê a oportunidade de subir com todos aqueles que estão do seu lado. Antes de correr o risco de se contaminar numa noite de festa, pare e pense que, na segunda-feira, você pode estar condenando todos aqueles que trabalham com você a momentos muito ruins por conta de uma doença que pode até matar.

Então vamos fazer valer a nossa força e privilegie sim o pessoal do seu bairro, da sua cidade, pois ali também está um vizinho seu, um amigo e um parente que lá na frente vai fazer isso por você também.

Nessa hora o otimismo é o melhor remédio, até porque a pandemia não vai durar para sempre e daqui a pouco tudo vai voltar como era antes. Ou será que não?