O vírus que transformou o governo de Carlos Moisés
Até o décimo quinto mês do governo de Carlos Moisés, ninguém imaginava que nos principais cargos da administração tivesse um primeiro escalão tão inexperiente e que fosse se assustar tanto com uma pandemia, a ponto de tomar atitudes tão desequilibradas e com tamanho estrago político e administrativo como o que aconteceu nos últimos tempos.
Mas depois de tanto ser golpeado e de correr enorme risco de ver seu mandato acabar antes mesmo do previsto, Moisés parece ter saído do seu casulo, e, mesmo sem querer, começou a colocar o carro no trilho novamente.
As saídas dos principais pilares da sua candidatura em 2018, como Helton Zeferino, Douglas Borba e Lucas Esmeraldino, fez com que o governador trouxesse Amandio João da Silva Junior para a Casa Civil. A partir daí, o governo começou de fato nas mãos de um comandante que hoje rege uma banda que antes tocava atravessado.
Moisés ainda não caminha com as próprias pernas, mas o comando do secretário Amandio já dá uma cara nova para essa administração, que não tem mais crédito para errar e se vê na obrigação de uma aproximação com a classe empresarial, com a classe política e principalmente com o catarinense, que parecia ter perdido a esperança num governador que prometeu muito, mas vinha fazendo pouco.
Amandio convocou essa semana Rogério Siqueira, Ricardo Stodieck e Gilson Bugs para preparar o governo para os tempos difíceis pós-pandemia. E tudo indica que as mudanças não devam parar por aí.
Segundo informações de corredor do governo, tem áreas que ainda precisam de ajustes. Mas um dos focos prioritários da Casa Civil é encontrar a sintonia com a Assembléia Legislativa, para impedir que deputados contrários ao governo continuem jogando gasolina na fogueira das vaidades e use o governador Moisés como pretexto para garantir holofotes na mídia estadual.
A liderança do governo na Alesc já foi escolhida de forma atabalhoada, não agradando nem o partido da própria deputada Paulinha, que peitou o comando do PDT estadual para aceitar o convite. E esse é mais um ajuste que merece análise do governo se ele realmente quiser acertar os ponteiros com os deputados estaduais.
O fato é que, sob o comando do secretário Amandio da Silva, Moisés se viu obrigado a mudar, saindo da Casa da Agronômica para visitar as cidades e os empresários, interagindo mais com os prefeitos e já abrindo conversa com alguns deputados estaduais e comandantes dos partidos que antes sequer imaginavam conseguir uma audiência com o governador.
O ano de 2020 será lembrado por Carlos Moisés não só como o ano do coronavírus, mas também do ano em que se viu obrigado a assumir uma cadeira que sequer um dia imaginou sentar.