Operação O2: Todos envolvidos citam Douglas Borba como articulador das licitações na Saúde
Mais uma semana começou e muitas coisas aconteceram durante a segunda-feira, 11, onde várias dúvidas começam a ser esclarecidas. A maioria das provas e depoimentos acabou colocando o ex-secretário da Casa Civil, Douglas Borba, como a principal figura que arquitetava as compras de produtos e serviços do Governo do Estado, principalmente nesse período da pandemia.
A manhã começou com a retirada do segredo de justiça do processo que investiga a compra dos 200 respiradores, pagos antecipadamente a empresa Veigamed. Com isso descobriu-se que os envolvidos, segundo o processo, são:
Douglas Borba (ex-secretário da Casa Civil de SC);
Leandro Adriano de Barros (homem de confiança de Douglas Borba, mesmo não sendo funcionário do governo, e responsável pelo contato com Márcia Pauli para validação da compra dos respiradores, dos EPIs e da contratação do hospital de campanha);
Fábio Deambrósio Guasti (pessoa que indicou a Veigamed e intermediou a compra dos respiradores);
Davi Perini Vermelho (atuou em nome da Veigamed e Presidente da Câmara de Vereadores de São João do Meriti-RJ);
Samuel de Brito Rodovalho (representante da empresa CIMA Indrustries Medical Division, do Panamá, e pessoa que ofereceu comissão de R$ 3 milhões ao dono da empresa de Joinville);
Pedro Nascimento de Araújo (intermediador da compra dos respiradores e sócio das empresas Veigamed e MB&AC Representações Ltda.);
Gilliard Gerent (representante de Fábio Guasti nas ações da Veigamed junto ao governo de SC);
Rosemary Neves de Araújo (suposta laranja como sócia da Veigamed e da Empresa Delta-T Consultoria Empresarial Ltda).
Também foram ouvidos:
Helton Zeferino (ex-secretário de saúde do estado);
Rafael Ruschka Wekerlin (dono da empresa Brazilian Trading Importadora e Exportadora, de Joinville);
Luiz Felipe Ferreira (Controlador Geral do Estado);
Márcia Regina Geremias Pauli (ex-superintendente da saúde);
Carlos Charlie dos Campos Maia (Diretoria de Licitações do Estado)
Suposta prática de crimes contra a administração pública como:
Peculato;
Corrupção ativa e passiva;
Integrar organização criminosa;
Falsidade ideológica;
Lavagem de dinheiro;
Delitos licitatórios.
Tiveram os bens bloqueados até o valor de R$ 33 milhões:
Helton Zeferino (ex-secretário da saúde);
Douglas Borba (ex-secretário da Casa Civil de SC);
Leandro Adriano de Barros;
Fábio Deambrósio Guasti;
Davi Perini Vermelho (Presidente da Câmara de Vereadores de São João do Meriti-RJ);
Samuel de Brito Rodovalho;
Pedro Nascimento de Araújo;
Gilliard Gerent;
Rosemary Neves de Araújo;
Veigamed Material Médico e Hospitalar Eireli (Nilópolis – RJ);
Delta-T Consultoria Empresarial Ltda. (RJ);
MB&AC Representações Ltda.(RJ);
B-Leven Suplementos Eireli (Valinhos – SP);
Van Brands Com. Varej. e Atacadista de Produtos Alimentícios e Cosméticos (São Paulo – SP);
G8S Serviços Administrativos e Apoio Empresarial Ltda. (São Paulo – SP);
GSM Nutrition Indústria Alimentícia Ltda. (Valinhos – SP);
Van Zegen Brasil Participações Empresariais Ltda. (São Paulo – SP);
Sinotek Brasil Importção, Representação e Com. de Máquinas e Equipamentos (Campinas – SP);
Rádio SB FM Ltda.(Charqueadas – RS);
Remocenter Remoções e Serviços Médicos Ltda. (Votorantim – SP, filiais: Serra – ES e Rio de Janeiro – RJ);
Sued Auto Posto Ltda. (Guarulhos – SP);
Meuvale Gestão Administrativa Ltda. (Santana de Parnaíba – SP e Florianópolis – SC);
Meuvale Gestão Administrativa Scp (Santana do Parnaíba – SP);
Redevale Gestão de Pagamentos e Serviços Ltda. (Guarulhos – SP);
Meuhesp Benefícios Ltda. (Guarulhos – SP).
Pontos importantes
Já está instalada uma CPI (Comissão Processante de Investigação) na Assembléia Legislativa de Santa Catarina para investigar a participação do governador Carlos Moisés nestes supostos crimes contra o estado. Ainda há, pelo menos, quatro pedidos de impeachment contra o governador Moisés, que terão que ser analisados pelo plenário para que, depois, se dê continuidade ao processo de cassação dentro da Alesc.
O relator da CPI dos Respiradores, Deputado Ivan Naatz (PL), convocou o delegado Rodrigo Marchetti, que já foi delegado Regional em Blumenau, para auxiliar nos trabalhos de investigação. Marchetti trará uma equipe que vai ajudá-lo em todo o processo de análise dos materiais que possam servir de prova na CPI, mas é bem provável que grande parte da investigação já tenha sido feita pela Polícia Civil e Ministério Público.
Pontos positivos para Moisés
O governador Carlos Moisés parece ter acertado na escolha do novo chefe da Casa Civil. O empresário Amandio João da Silva Junior deu sua primeira entrevista na tarde de segunda-feira, 11, e causou ótima impressão, defendendo uma ampliação do diálogo com os deputados estaduais e prefeitos de SC, uma aproximação com os demais poderes da sociedade civil organizada e também uma aproximação com a classe empresarial.
Amandio já esteve no governo Moisés em 2019, quando assumiu o cargo de secretário adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável, e saiu por conta de um desentendimento com o ex-secretário Douglas Borba. Além de empresário, Amandio é Bacharel em Administração e já foi presidente da Associação Empresarial de Rio do Sul e da ExcelênciaSC – Movimento Catarinense pela Excelência.
O que pode ajudar muito o governador Carlos Moisés é que Amandio já tem uma amizade de longa data com o deputado estadual Milton Hobus (PSD), um dos principais críticos do governador, e isso será usado pelo secretário da Casa Civil para acalmar os ânimos no legislativo catarinense, que acusa Moisés de intransigente e ditador.
O que se espera daqui para frente é que o governador Moisés mude, pelo menos, mais quatro secretários e que coloque no comando pessoas com o mesmo perfil do novo chefe da Casa Civil, pois só assim terá a chance de se salvar dos vários processos de impeachment que já deram entrada na Assembléia de Santa Catarina