Primeira sessão da Câmara em Blumenau deu amostra de como será o ano por lá
O poder, mesmo que local, mostra que quem o tem consegue barganhar mais. Essa foi a fotografia da primeira sessão ordinária na Câmara de Vereadores de Blumenau. Mas o poder muda, endurece, expõe e deixa marcas que podem não cicatrizar com o tempo.
Numa legislatura tudo é lembrado, desde o primeiro dia, e nada termina como começou, pois se viu que, independente do lado que o vereador esteja, a barganha sempre servirá de arma num grupo de quinze vereadores. Um lado tem oito e o outro tem sete, e quem ousar em mudar de rumo, pode terminar marcado ou vitorioso, dependendo de quem estiver comandando as ações.
Enfim, os vereadores da Câmara de Blumenau mostraram e viram que essa legislatura não será passiva e nem submissa, e todos vão lutar para garantir seu espaço. A maioria das presidências das comissões acabou ficando com o bloco de oposição ao governo municipal e o vereador Bruno Cunha (Cidadania) mostrou, mais uma vez, a sua capacidade de convencimento quando conseguiu manter Emmanuel Tuca dos Santos (Novo) do lado do grupo que venceu a mesa diretora no inicio de janeiro deste ano.
O prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) e a vice Maria Regina Soar (PSDB) estiveram presentes na primeira sessão do ano no legislativo, mas o objetivo principal foi de anunciar o vereador Marcelo Lanzarin (Podemos) como o novo líder do governo no lugar de Alexandre Matias (PSDB). Outro objetivo foi tentar fazer com que algum vereador de oposição mudasse de ideia e trocasse de lado para que o governo tivesse o controle das principais comissões.
E o pivô de toda a discussão na Câmara acabou sendo mesmo o vereador Emmanuel Tuca dos Santos, que queria ser o presidente da CCJ de qualquer jeito. Com isso, Mário Hildebrandt, que precisava do voto de Tuca para conseguir a maioria, queria colocar o vereador Jovino Cardoso Neto (Solidariedade) na presidência dessa comissão, mas ambos aceitaram abrir mão da vaga para que Tuca ficasse como presidente e votasse com o governo.
Bruno Cunha ficou sabendo dessa história e também entrou na briga pelo voto do vereador do Novo. No meio de tudo isso, Jovino já não queria mais desistir da presidência e Bruno Cunha tinha mapeado o vereador Almir Vieira (PP) para assumir a CCJ com os votos dos oito oposicionistas.
Tuca dos Santos não concordava com o nome de Almir nessa comissão e o vereador Bruno cedeu e deu a presidência da Comissão de Legislação, Justiça e Redação Final para o vereador do partido Novo, mantendo-o no grupo dos oito que vão controlar a presidência e as comissões nos próximos dois anos.
Com todos esses acontecimentos, vimos que a verdadeira queda de braço se dará entre o vereador do Cidadania e o prefeito, pois são eles que mexem nesse tabuleiro e que, muito provavelmente, vão ditar o ritmo do jogo que se mostra apertado, cerebral e muito astuto. Quem mexer uma peça errada, corre o risco de ter que aceitar as decisões do outro.
Na sessão de terça-feira, 2, Bruno Cunha colocou um 3 a 0 em Mário Hildebrandt, pois venceu a presidência da casa, conseguiu as dez assinaturas para colocar o projeto de “urgente urgentíssima” em votação e conseguiu também abocanhar a maioria das vagas nas comissões da Câmara de Blumenau.
De quebra ele se tornou o líder da bancada dos partidos Cidadania, PP, PT, Republicanos, PSL, PL, PSD e Novo, enquanto o vereador Alexandre Matias será a liderança do grupo do PSDB, Podemos, DEM, Solidariedade e Patriota.
Como disse para o jornalista Paulo Cesar da Silva, na Rádio Nereu Ramos FM, vereador é igual um goleiro que pega tudo até os 44 minutos do segundo tempo, mas no fim acaba tomando um frango e perdendo a partida. De um político influente da cidade ouvi a frase que foi dita pelo jogador Romário para um colega de clube: “O vereador Tuca chegou agora e já quer sentar na janela”.
Esse ano promete na política local e poderemos ter muitas mudanças até que a última sessão de 2021 termine. Quem viver, verá!