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Enquanto reformas no Brasil não são aprovadas, privilégios nos poderes continuam sem questionamento

O que se tem no Brasil, todos os dias, são pessoas em semáforos vendendo bala e água para conseguirem ter algum dinheiro para comer naquele dia. Temos a maioria dos aposentados ganhando um salário mínimo, temos 13% dos trabalhadores desempregados no Brasil e no mundo mágico de Brasília parece que as coisas não mudam.

Em 2019 o Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, gastou R$ 720 mil para reformar um imóvel de um Ministro que incluiu a reforma de uma área para a churrasqueira, uma piscina com painel solar e um gasto de R$ 34 mil só com o sistema de ar condicionado.

A Câmara dos Deputados tem 13 mil funcionários, sendo o segundo parlamento mais caro do mundo, que paga, pasmem, auxílio-mudança para um deputado federal que foi reeleito, mesmo sabendo que ele não vai precisar mudar de casa.

Os super salários dos poderes executivo, legislativo e judiciário no Brasil custam para a população a bagatela de R$ 20 milhões por ano. O Palácio do Planalto, que é a casa oficial do Presidente da República do Brasil, emprega dez vezes mais gente que toda a Casa Branca, residência oficial do Presidente dos Estados Unidos.

Falar o que do Ministério Público Federal, que paga auxílio-creche para Procurador da República – que tem salário de mais de R$ 30 mil. Mas todos esses privilégios não estão somente em Brasília, mas nos governos estaduais, municipais e na Câmara de Vereadores, cujos benefícios são incompatíveis com a realidade atual do brasileiro.

Eu também sou uma pessoa que vê tudo isso e não acredita que esses funcionários públicos não se sensibilizam com a dificuldade que o brasileiro tem para comer, da dificuldade que ele tem para conseguir uma vaga na creche, numa escola pública, num hospital, da enorme burocracia que ele tem que vencer para conseguir uma aposentadoria, na imensa quantidade de documentos que ele tem que ter para formalizar uma empresa, enfim, de todos os perrengues que se tem que passar para viver uma vida minimamente digna.

Urgentemente precisamos sim das reformas da Previdência, da reforma Fiscal, da reforma Tributária, mas mais urgente é a reforma dos privilégios para acabar com essa farra de pouquíssima gente ganhar muito enquanto muita gente ganhar pouco ou nada.

Há um ano e meio, na Câmara Federal, o deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) deu entrada com uma Proposta de Emenda Constitucional, chamada de PEC dos Penduricalhos, que acaba com todo o tipo de auxílio para quem ganha mais de R$ 10 mil, como auxílios creche, paletó, mudança, livro, saúde, jornais e alimentação.

A justificativa dele é que, se é possível mexer na regra do abono salarial para quem recebe até dois salários mínimos em nome do ajuste fiscal e do equilíbrio das contas do governo, deve ser possível também mexer nesses gastos absurdos pagos para os três poderes.

A proposta dele já passou na Câmara dos Deputados, mas os Senadores não votam essa PEC porque eles recebem todos esses benefícios. Cunha Lima disse que já foi abordado por colegas parlamentares para que ele pare com a pregação de querer acabar com os privilégios, dizendo que ele está “atacando todo o legislativo nacional“.

É por essa e outras que boas propostas acabam sendo engavetadas com a desculpa de que estão sendo analisadas, porque mexem justamente no bolso daqueles que as recebem. Então como o brasileiro vai conseguir acabar com todas essas distorções se esses penduricalhos foram criados justamente por quem tem o dever de exterminá-los?

Em 2022 tem mais uma eleição para deputado federal e senador e talvez esteja aí mais uma oportunidade de colocar lá gente que se proponha abertamente a acabar com todas essas coisas que são pagas com o dinheiro do pobre contribuinte.


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