Uma empresa que não divide os lucros com Blumenau e obriga a população a pagar um possível prejuízo
Tudo começou lá em 14 de fevereiro de 2017 com a homologação da empresa Piracicabana para explorar o transporte público municipal por longos 20 anos de concessão, com uma tarifa que já começou alta para aquela época, obrigando o usuário a pagar o valor de R$ 3,90 em ônibus velhos que quebravam no decorrer do percurso e sem ar condicionado.
De lá para cá a passagem subiu pouco mais que 10%, chegando hoje no valor de R$ 4,30, mas muita coisa aconteceu de 2017 para cá, pois a empresa não precisou mais cuidar da manutenção dos terminais, as estações de embarque foram desativadas, o número de linhas diminuiu consideravelmente comparado com o Consórcio Siga e, conseqüentemente, o número de funcionários também baixou.
Durante a pandemia a agora Blumob recebeu da Prefeitura de Blumenau o valor de quase R$ 10 milhões, podendo chegar a R$ 19 milhões, segundo o próprio prefeito Mário Hildebrandt, por conta do contrato assinado lá em 2017, na administração do prefeito Napoleão Bernardes.
Enfim, a administração pública municipal assinou um contrato que é uma verdadeira arapuca, pois além do município ser responsável por toda a manutenção do sistema, a Blumob já faz uma força tremenda para extinguir os cobradores, diminuindo ainda mais o custo de toda a operação.
Mas não vamos esquecer da AGIR, que é a Agência Intermunicipal de Regulação do Médio Vale do Itajaí, que de três em três anos faz um estudo aprofundado dos custos do transporte público de Blumenau e sugere o valor da passagem a ser praticado para o equilíbrio financeiro do sistema.
E nesta quinta-feira, 11, a AGIR sugeriu um aumento de 46% no valor da passagem, passando para o impraticável R$ 6,27, mas disse também que há a possibilidade de baixar esse valor se alguns cortes forem feitos, como o desaparecimento dos cobradores, como já havia dito antes.
Eu sempre ouvi que em política nada acontece por acaso e até esse relatório da AGIR acaba sendo um instrumento para que se tenha um aumento “menor” da passagem, mas o fato é que essa passagem vai subir sim, isso o usuário pode esperar.
Enfim, temos uma empresa que vai ficar por aqui até 2037, isso se ninguém tiver a indecência de prorrogar o contrato, e vamos ter que sempre cobrir os rombos de um possível déficit caso ele ocorra no decorrer do período.
Na época Napoleão Bernardes disse que seria uma melhora considerável para o transporte público de Blumenau, pois não teríamos as greves anuais, teríamos ônibus novos, mais linhas para os bairros e a população escolheria entre o ar condicionado e a internet nos veículos.
Doce ilusão, e o que vimos agora é um apêndice no bolso da Prefeitura e principalmente da população, que não recebe os lucros do serviço, mas ajuda a pagar o prejuízo.
Tá mais do que na hora de se fazer uma investigação minuciosa desse contrato, e esse papel cabe aos 15 vereadores da cidade, e esperamos que o Ministério Público aja muito rapidamente, pois essa estratégia de a AGIR sugerir um aumento lá em cima e depois a Prefeitura conceder outro um pouco mais baixo já é manjada.
Então, antes que aconteça o pior, vamos esperar para ver quem tomará a frente dessa briga, pois contrato que é bom só para um lado pode ser quebrado sim e também tá na hora de buscar explicações de quem aprovou tudo isso e, quem sabe, responsabilizá-los, pois o munícipe não paga gestor público para fazer a coisa errada.