Simplicidade e harmonia: conheça Aroldo e Orly, dupla blumenauense com mais de 20 anos de estrada

Com 14 álbuns lançados, artistas comentam modernização da música

Aroldo e Orly dificilmente saem de casa sem os dois violões e a gaita. Com mais de duas décadas de carreira, eles trazem a paixão pela música desde a juventude e somam juntos mais de dez álbuns publicados.

Integrantes das finadas bandas blumenauenses Revolver e Trovadores do Vento, foi em 2011 que a dupla oficialmente tomou forma. Ao observarem os grupos se dispersando, acabaram se unindo e levando o nome Aroldo e Orly para as noites da região.

“Nunca sentamos e decidimos formar uma dupla. Só aconteceu. Mesmo quando tocamos com outros músicos mantemos o nome. Mas mesmo com tantos álbuns publicados com a participação do outro, não temos nenhum com o nome da dupla”, comenta Aroldo.

Após tantos anos apresentando em bares, eventos e festas, a dupla já percorreu toda Santa Catarina e tocou com diversos músicos de Blumenau e região. Quando se apresentam na noite, muitos blumenauenses reconhecem os artistas e pedem pelas músicas autorais.

Entrada na música

Com dez anos de diferença, Orly e Aroldo se conheceram em um momento em que ambos estavam dedicando toda energia à música. Vindo de Lages para trabalhar em Blumenau, Aroldo considera que começou tarde na carreira, quando já tinha 20 anos.

“Eu trabalhava no Café Pinguim, ali na rua XV, e comprei um violão. Mas na época não tinha internet para aprender, só aquelas revistas com cifra. Foi só uns dois anos depois que decidi procurar um professor e nunca mais parei. Sempre gostei de escrever poesia, então foi natural me tornar compositor”, conta.

Banda Revolver reuniu público de mais de 5 mil pessoas no River Rock, em Indaial. | Foto: Arquivo pessoal

Já Orly tinha 11 anos quando pegou o violão do irmão mais velho e começou a aprender. Com dois vizinhos músicos, um sertanejo e um country, ele considera que foi a música quem escolheu ele, e não o contrário.

“Eu não me vejo fazendo outra coisa, até porque não sei fazer mais nada. Só sei tocar. Comecei a trabalhar na minha adolescência, mas logo depois meu pai faleceu e decidi seguir só na música”, explica.

Aos 17, no ano 2000, Orly já havia composto o hino da escola que estudou, a Victor Hering, no bairro Vila Nova. A música foi gravada pelo 23º Batalhão de Infantaria de Blumenau. “Na minha cabeça eu ainda tenho essa idade”, brinca.

União de gostos

Foi neste período, no qual Orly decidiu focar na música, que cruzou o caminho de Aroldo, que já tinha a banda Revolver. Em um período pré-internet, o que juntou a dupla foi o interesse de Orly pelas coleções de Aroldo de livros e CDs de artistas que ele nem conhecia.

“Foi através dele que descobri Neil Young e Bob Dylan, que fizeram minha escola como compositor. Hoje nossa música é muito influenciada por eles, Johnny Cash, Zé Ramalho, Rolling Stones, Belchior, Raul Seixas, Luiz Gonzaga, Tonico e Tinoco e algumas músicas regionais gaúchas”, detalha Orly.

Após anos tocando juntos, conexão da dupla fica clara quando os violões saem da mala. | Foto: Alice Kienen/O Município Blumenau

Já Aroldo ficou fascinado pela dedicação de Orly em composições próprias. Muitas delas fazem parte do repertório da dupla até hoje. Apesar de já estar compondo na época, costumava cantar covers que o público já conhecia.

Durante essa jornada, cada um focou em sua banda, mas sempre gravando juntos. Em praticamente todos os álbuns publicados de Aroldo há a participação de Orly e vice-versa, mesmo quando gravando com as bandas.

Vivendo da música

Desde o início dos anos 2000, ambos têm apenas a música como renda. Apesar de assumirem que não é tarefa fácil, especialmente na região, eles sabem que a paixão é o que os move a continuar.

“Usamos as redes sociais para divulgar os eventos públicos, mas a maioria da divulgação é no boca a boca. Pegando nosso cartão em eventos. Somando todos os discos temos quase 200 músicas autorais. E o Aroldo sabe mais de 400 músicas cover de cabeça”, relata Orly.

Apesar da instabilidade da carreira, especialmente durante o período da pandemia, a dupla brinca que, enquanto seguirem cantando e tocando, não passarão fome. Muitas vezes acabam puxando o violão em um bar e saem sem precisar pagar a conta.

“Como não constituímos família, podemos viver de música pelas ruas. A gente dá nosso jeito. Sabemos que muitas pessoas não conseguem seguir na carreira por terem filhos e precisarem de um emprego fixo”, detalha Orly.

A paixão também leva a dupla para outros ambientes, como escolas de Blumenau. Orly conta que tocar em uma creche foi uma das melhores experiências que viveu nas últimas décadas.

“Para quem está acostumado a tocar na noite é difícil tocar para crianças. É um público bem diferente, mas é uma energia muito legal. Também participamos de festas para crianças carentes e projetos em escolas mais retiradas”, complementa.

Atualmente a dupla conta com artistas de apoio em algumas apresentações. O mais presente é o jovem violnista Tasley Ramos Teixeira, que também faz parte da Orquestra da Furb.

Além de Tasley, o pai dele Sergio Luiz Teixeira muitas vezes acompanha o grupo na bateria. O contrabaixista Claudio Romero também participa de alguns shows de Aroldo e Orly.

Álbuns publicados

Com a banda Trovadores do Vento, Orly publicou o álbum Necessaire. Antes disso, havia publicado sozinho um álbum com o nome Trovadores do Vento. Em seguida, ele lançou solo os álbuns Despedida de um Jovem Sonhador, Em Busca do Sol, Amor e Saúde, Eu Sou Ninguém e Filme Noir, este último lançado durante a pandemia. Todas as composições podem ser ouvidas no YouTube do artista.

“O que mantém um artista é tocar. Os jovens ficam muito focados nas redes sociais, mas se você não toca não renova teu espírito musical. Vai ficando meio monótono. É muito bom tocar para um público que nem te conhece e ter que segurar essa barra”, comenta Orly.

Foto: Bruna Zago

Já Aroldo tem quatro álbuns publicados com a Banda Revolver: Palavras de Vidro, Desejo, Rodar e Coração Febril. Na carreira solo, ele já publicou um álbum com o nome Aroldo e um segundo chamado Espírito Livre. Atualmente, trabalhando no terceiro álbum, o artista compartilha as músicas no Spotify.

“Se você é compositor tem que gravar, deixar registrado. Nem que seja nas plataformas digitais. Porque aí as pessoas conhecem o teu som”, complementa Aroldo.


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