Sindicato de trabalhadores do transporte público de Blumenau ameaça nova paralisação

Mais de uma semana após cruzarem os braços no Terminal do Garcia, Sindetranscol volta a falar em greve

O Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo (Sindetranscol) voltou a falar em paralisações nesta segunda-feira, 24. Até o momento, ainda não há data para a nova movimentação. Entretanto, a nota indica que deve acontecer ainda nesta semana.

Na sexta-feira do dia 14 os ônibus do Terminal do Garcia foram afetados. Cerca de 10% dos trabalhadores cruzaram os braços na data. Diferente do que havia sido divulgado em nota, a paralisação não durou o dia todo.

A greve permaneceu e nenhum acordo foi feito. De acordo com o sindicato, o movimento surgiu pois até hoje não houve conclusão da negociação coletiva de trabalho da categoria. A data base foi no dia 1º de novembro.

A empresa levou a negociação para o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) objetivando reduzir direitos previstos na última Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), conforme proposta da empresa em seu pedido de dissídio.

Em uma nota divulgada no Facebook do Sindetranscol nesta segunda-feira, o sindicato desafiou o prefeito Mário Hildebrandt a realizar um debate. Para eles, a população está sendo enganada quanto aos números e clama pela “catraca-live”.

Confira a nota na íntegra:

PIRACICABANA/BLUMOB LUCRA UM MILHÃO POR MÊS SÓ EM BLUMENAU E, DESCARADAMENTE, FALA EM CRISE!

A disputa de posições entre o SINDETRANSCOL X PIRACICABANA/PODER PÚBLICO é muito desigual. De um lado, NÓS, trabalhadores(as) e do outro lado, OS PATRÕES, com seu GOVERNO MUNICIPAL, seu domínio sobre grande maioria da IMPRENSA/MÍDIA. As informações estão sendo manipuladas, mascarando a verdade, impedindo o devido debate.

Porém, nós trabalhadores(as), e nosso sindicato, não nos calaremos.

O que pensar quando as maiores autoridades do município defendem abertamente os interesses da empresa? E distorcem informações das folhas de pagamento? E defendem a solução pelo confronto ao lado da empresa, mesmo alegando “não ter nada a ver com isso”? E nos chamam de TERRORISTAS, mas, estamos a quase QUATRO MESES esperando? E nos tratam como FORASTEIROS? Só porque a maioria dos/as trabalhadores/as da categoria e da direção do sindicato não nasceram em Blumenau?

Não nos calaremos!

DESAFIAMOS O PREFEITO MARIO HILDEBRANDT: Que tal um debate aberto, numa coletiva de imprensa com tempos de fala iguais, para o senhor e para nosso representante? Seria enorme oportunidade para nossa comunidade se esclarecer sobre vários aspectos do sistema de transportes. Composição da tarifa/custos, salários, índices, horários, logística, etc.

O povo pede catraca livre, nós queremos atender, só falta o senhor autorizar! Com certeza, lá em São Paulo, os donos da Piracicabana/Blumob em pouco tempo resolverão ter mais respeito com seus/uas empregados/as blumenauenses. E acaba todo o conflito.

SEM MENTIRAS, VAMOS AOS NÚMEROS!

Como a cidade está constatando, a empresa Piracicabana/Blumob não se pronuncia, até porque seus melhores advogados são o prefeito e o secretário de transporte do município.
Nas poucas reuniões havidas com a gente, a empresa reclama da “CRISE”, das dificuldades de caixa, entre outras coisas absurdas e insustentáveis.

QUE CRISE? AQUI TEM RECEITA ANTECIPADA.

Segundo a AGIR(?), aproximadamente 70% da receita do sistema é antecipada através de cartões, carregados no início de cada mês. Onde está o rendimento deste dinheiro antecipado? Não tem inadimplência, nem cheque sem fundo e todos/as usuários/as pagam, de uma forma, ou de outra.
Perderam passageiros? Não é verdade. Após uma queda, segundo consta da capa do SANTA, de 12/Abril/2019, o número de passageiros CRESCEU 2%. O SETERB avaliou que se manteria o crescimento em 2019.

AUMENTO DE RECEITA = DO REAJUSTE DOS SALÁRIOS

A Piracicabana iniciou em seguida a um aumento tarifário, com valor de R$ 3,65 em Janeiro de 2016, chegando no final de 2018 a R$ 4,20; Em três anos obteve reajuste de 15,06%. Nesse período, reajustou salários em 12,52%. Aumento tarifário 2,67 vezes maior que o reajuste salarial.

Explicamos: em média nacional, o investimento em pessoal corresponde a 45% dos custos totais das empresas. Portanto, o índice 12,52% nos salários impacta os custos totais da empresa em apenas 5,63%, portanto, 2,67 vezes menor que o aumento tarifário.

NOVA TARIFA =TRÊS VEZES O REAJUSTE SALARIAL

Ao final de Novembro/19, o valor da tarifa pulou pra R$ 4,30, conforme Decisão Final No 080/19, da AGIR. Com mais um presente, o aumento tarifário chega a 17,80%, 3,16 vezes maior que os reajustes salariais.

A MAIOR DAS MENTIRAS é a de que a Piracicabana/Blumob reajusta os salários e, depois, tem que recuperar isso no aumento tarifário. Isso é um crime contra nossa categoria e a cidade. Primeiro, porque já demonstramos que o impacto dos salários é bem menor do que anunciam. Segundo, porque a empresa recebeu aumento de tarifa antes de iniciar sua operação, segundo Decreto no 10.866/16. Só reajustou salários 10 meses depois, em Novembro/16; e obteve novo reajuste de tarifa no dia 21/Janeiro/2017, conforme Decreto no 11.177/17. Então, em 12 meses a Piracicabana obteve dois aumentos tarifários, enquanto concedeu um reajuste salarial. Forasteira bem gulosa.

REDUÇÃO DE CUSTOS OPERACIONAIS E ADMINISTRATIVOS: Muitos dos custos que compunham a tarifa reajustada para a Piracicabana foram retirados da empresa. O Poder Público assumiu a administração e manutenção dos terminais; estações de pré-embarque foram desativadas; foram retirados horários e linhas foram fundidas, reduzindo a utilização de 200 trabalhadores e 40 veículos; 60% da categoria profissional recebia horas-extras fixas e seis folgas semanais, direitos que foram retirados. TUDO ISSO CONTINUOU NO CUSTO TARIFÁRIO! Lucro sem causa para a forasteira!

CONQUISTAS QUE TODO/A TRABAHADOR/A MERECE: Desinformados e oportunistas tentam impor que trabalhador de transporte é MUITO BEM PAGO e está com todos os direitos em dia. Tentam deslegitimar os/as trabalhadores/as do transporte.

VAMOS REFLETIR: O povo tem direito a transparência, de discutir os componentes da tarifa, nossos salários inclusive. Salários não são altos, aliás, um dos maiores é o do Motorista, de R$ 2.614,85 brutos. Pouco mais da metade do salário mínimo necessário, segundo a Constituição e calculado pelo DIEESE, que é de R$ 4.342,57. VALE ALIMENTAÇÃO: O valor de R$ 820 é uma conquista da categoria para garantir boa alimentação e saúde para poder produzir. Não nos esqueçamos de que a Piracicabana tem INCENTIVO FISCAL sobre o que paga de alimentação e uniformes aos/as empregados/as. E compensa os baixos salários, como os de Cobrador/a/Agente de Bordo, que é de R$ 1.530,79.

COMPANHEIROS/AS DE OUTRAS CATEGORIAS: Conclamamos aos/as demais trabalhadores/as da cidade a nos unir. Não vamos cair na mentira patronal de alguns de nós tem privilégio, por um vale alimentação de R$ 820. Juízes e políticos recebem auxílios muito maiores que nossos salários. E o que fazemos? Não vamos nos rebaixar, não vamos aceitar nos nivelar por baixo. Vamos todos/as lutar juntos/as por mais. NÃO PERGUNTE POR QUE ALGUNS GANHAM MAIS, PERGUNTE POR QUE VOCÊ GANHA MENOS. Cobre de seu patrão e de seu sindicato o teu direito, como nós fazemos.

A LUTA E AS PARALISAÇÕES CONTINUAM: Suspendemos nosso calendário de paralisações na semana passada em respeito à população, porque não queremos greve e sim negociação. Apostamos numa retomada do diálogo, que não aconteceu. Enquanto o prefeito não autoriza a CATRACA-LIVRE, continuaremos com nossas mobilizações e, já comunicamos, que nesta semana retomaremos as paralisações.

Sindetranscol | Sindicato de Luta!

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