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Teatro Carlos Gomes retoma eventos com concerto gratuito

Projeto em parceria com a prefeitura também será lançado na data

No dia 19 de outubro, uma terça-feira, o Teatro Carlos Gomes retomará os eventos. Para marcar oficialmente esse retorno, será realizado, gratuitamente, o concerto de canto lírico Tributo a Carlos Gomes no dia 19 de outubro, às 20h.

O evento, programado inicialmente para março de 2020, marca o aniversário dos 151 anos da estreia mundial da ópera O Guarani, que inseriu o compositor paulista Carlos Gomes no clube dos grandes compositores do planeta, além de homenagear os 161 anos da Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes celebrados em junho deste ano.

A equipe do Teatro Carlos Gomes seguirá todas as medidas de segurança. Os ingressos podem ser retirados na bilheteria do Teatro Carlos Gomes a partir da próxima quarta-feira, dia 13.

No evento, o público poderá prestigiar obras do compositor homenageado, sendo uma peça para piano e uma canção, além de árias das óperas Fosca, Lo Schiavo, Colombo e O Guarani. Os artistas que se apresentarão em Blumenau possuem reconhecida carreira em grandes teatros brasileiros e na Europa: a soprano Deborah Bulgarelli, o tenor Richard Bauer e o barítono Douglas Hahn, acompanhados pelo pianista Matheus Alborghetti, que também fará parte da participação especial do Quinteto de Metais num arranjo para metais e piano.

A ópera O Guarani, uma adaptação do romance homônimo do escritor brasileiro José de Alencar, estreou no dia 19 de março de 1870, no teatro Alla Scala, encenada em italiano, com libreto de Antonio Scalvini e música de Carlos Gomes. A história de amor de Ceci e do indígena Peri ganhou o mundo e fez estrondoso sucesso na Europa. O êxito foi tamanho que Giuseppe Verdi, considerado por muitos como o maior compositor de óperas de todos os tempos, assinalou Gomes como “um gênio musical” após assistir à obra.

Retomada em grande estilo

Na mesma data, o público presente também poderá saber mais sobre o projeto idealizado em parceria com a Prefeitura de Blumenau, que cederá espaços do Teatro Carlos Gomes gratuitamente para artistas de Blumenau e região realizarem suas apresentações. Com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Relações Institucionais, o objetivo é selecionar projetos artísticos para apresentações no ano de 2022.

O evento também prestará homenagem aos 161 anos de fundação da Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes. Criada em 1860, como Sociedade Teatral de Blumenau, passou a chamar-se Sociedade Teatral Frohsinn e, desde 1939 (ano de conclusão da primeira etapa das obras do teatro), adotou o nome atual, homenageando o maior compositor das Américas no século 19.

Na praça em frente ao prédio do Teatro Carlos Gomes, esculturas em bronze feitas pelo artista Pedro Dantas também são uma homenagem constante e que pode ser apreciadas por quem passa pelo local. São elas: o maestro e compositor Antonio Carlos Gomes e o índio Peri, personagem da famosa ópera O Guarani. As esculturas foram um patrocínio do empresário Wandér Weege, que também revitalizou a praça do Teatro no ano 2000.

Para o presidente da Sociedade, Ricardo Stodieck, homenagear os 161 anos junto com o sesquicentenário de O Guarani é uma feliz coincidência. “No último ano, não foi possível celebrarmos para a segurança de todos, mas agora em 2021 estamos retomando nossos trabalhos com zelo e muito felizes, a cultura precisa desse retorno. E realizarmos a retomada oficinal com esse tão belo evento é uma honra”.

O idealizador do evento, Guilherme Gassenferth, que trabalha em parceria com a produção de Douglas Hahn, concorda. “A cidade de Blumenau e a Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes estão de parabéns pela sensibilidade de dar este concerto de presente aos blumenauenses e reconhecer a memória do único brasileiro a figurar entre os principais compositores de ópera do mundo”.

Mais sobre Carlos Gomes e O Guarani

Antonio Carlos Gomes, nascido em 1836, em Campinas (SP), já havia obtido algum êxito no Brasil com composições populares, sacras e óperas, até alcançar prestígio junto ao imperador Dom Pedro II. Com as bênçãos do monarca, foi enviado para estudar na Europa, onde teve aulas com o diretor do Conservatório de Milão, Lauro Rossi.

Foi no prestigiado teatro Alla Scala, em 19 de março de 1870, que aconteceu a estreia mundial de O Guarani (originalmente Il Guarany). Após ter contato com o lançamento da tradução para o italiano do romance O Guarani, de José de Alencar, Carlos Gomes vê na história uma forma de exaltar a pátria natal, no melhor espírito do romantismo da época, que idealizava a figura do indígena. Ele contata o libretista milanês Antonio Scalvini, que adapta a obra que narra o amor de Ceci com o indígena Peri, para que o compositor brasileiro pudesse criar a música que o projetaria na Europa.

Para a estreia, Carlos Gomes estava apreensivo e relatou, em cartas ao irmão, o medo da recepção do público. O temor, no entanto, foi em vão: após a récita de estreia, Gomes foi chamado 18 vezes ao palco para ser aplaudido naquela noite. Tantos aplausos seriam o prenúncio do sucesso que a obra faria por toda a Europa e no Brasil.

Sobre a ópera O Guarani, posteriormente disse Giuseppe Verdi, o mais célebre compositor de óperas de todos os tempos: “assisti com grande satisfação minha à ópera do meu colega Gomes, O Guarani, e posso afirmar-lhe que ela é de corte primoroso, reveladora de uma alma ardente, de um verdadeiro gênio musical”.

A obra, que se passa no século 16, narra o amor da portuguesa Cecília, filha do nobre português Dom Antônio de Mariz, e do líder da tribo guarani, Peri. No Litoral do Rio de Janeiro, os indígenas aimorés e guaranis estão em guerra. Cecília está prometida em casamento a um aventureiro português, Dom Álvaro, que está prometido a uma indígena aimoré.

Ela, contudo, apaixona-se por Peri, que corresponde ao seu amor e por isto resolve apoiar o pai de Ceci, chefe dos caçadores que lutam contra os aimorés. Gonzales, outro aventureiro português, hospedado na casa de Dom Antônio, intenta rebelar-se contra seus companheiros sequestrando Cecília, mas Peri descobre seus planos e os impede. Pouco depois, Peri é preso pelos guerreiros. Sabedor do amor entre Peri e Cecília, o cacique resolve sacrificá-los.

Dom Antônio e seus companheiros chegam e tudo se acalma, mas nova traição de Gonzales resulta no aprisionamento de Dom Antônio e Cecília em seu próprio castelo. Peri sai em busca da amada, pois descobriu que Dom Antônio pretende matar-se e levar Cecília consigo. O guarani implora ao nobre português para salvar Cecília. Este, emocionado com o amor entre os dois, batiza Peri e o torna cristão. Ceci e Peri fogem e assistem, de longe, à explosão do castelo com Dom Antônio, que sacrificou a vida para salvar a da filha, ao lado dos inimigos.

 


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