“Temos condições de fazer um restauro digno da envergadura de Fritz Müller”
Pelo resgate definitivo do Museu Fritz Müller
Paredes inclinadas, potencialmente ameaçadoras, determinaram a mudança do acervo do Museu Fritz Müller para novo endereço, no caso, a Casa do Turismo, ali perto, na rua Itajaí, defronte ao Complexo do Sesi, na cidade de Blumenau. Entende-se essa situação como temporária, uma vez que lugar histórico, é lugar histórico. Portanto, a casa, ou o que restou da casa onde morou esse notável naturalista de renome mundial não pode mudar de endereço, jamais.
Quanto ao novo local da exposição, a primeira impressão foi boa. O atendente, Sr. João, recebeu bem as pessoas. Os excelentes painéis do não menos excelente artista plástico Luiz Bernardes, aproveitados da exposição montada originalmente por ele no Palácio Cruz e Souza em Nossa Senhora do Desterro (infelizmente conhecida como Florianópolis), ficaram ótimos e bem ambientados.
Os painéis de Luiz Bernardes, junto com as demais antigas peças do museu, compuseram a talvez melhor exposição da já longa história do Museu Fritz Müller, desde que foi inaugurada como Casa Fritz Müller em 1936. Bom trabalho da pequena, mas, dinâmica equipe de Educação Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente.
Urge, porém, consertar os dois aparelhos de ar-condicionado que não estão funcionando e assim prevenir a deterioração do acervo, dada a alta umidade do ar, típica da região.
Há males que vêm para bem, diz o velho e sempre atual ditado. Com a casa de Fritz Müller vazia de seu acervo e desimpedida, temos então a extraordinária chance de, finalmente, Restaurar condignamente (com R maiúsculo!), a modesta edificação onde viveu o maior naturalista brasileiro do século XIX.
Uma sucessão de desmandos, amadorismos e trapalhadas ao longo das décadas resultaram numa grotesca descaracterização dos aspectos originais da casa e do jardim densamente arborizado que ali havia no tempo de seu ilustre morador. Restou uma construção comprida, nada parecida com a casa original, que o bom observador percebe ter três partes de tamanhos similares.
A parte central ainda ostenta a fachada e a técnica construtiva enxaimel original. As demais partes não passam de grotesca maquiagem deste tipo de técnica construtiva tão típicas da região. Esses falsos enxaiméis precisam, então, ser DEMOLIDOS e, no seu lugar, serem reconstruídas as edificações o mais próximo possível do aspecto original, rigorosamente, dentro do que as poucas fotografias da época e os poucos documentos históricos permitirem!
As experiências de restauro da Johannastift, antiga maternidade da cidade, inaugurada em 1923 e o mais recente restauro da Igreja Luterana Centro, contruída em 1877, são exemplos de que temos condições de fazer aqui, finalmente, um Restauro (sempre com R maiúsculo) digno da envergadura de Fritz Müller. Com seriedade, profissionalismo e repaginação total.
Grande parte do “know how” para fazer a coisa bem-feita a cidade tem, como grande parte da equipe do recente restauro da Igreja Evangélica. Já existem estudos para fazer o mesmo com o Museu Casa Fritz Müller. Além disso, é daqui o talvez maior especialista em construções em técnica enxaimel do Brasil, além de podermos contar com especialista em Museus que poderá tornar as exposições as mais modernas, didáticas, pedagógicas e atrativas possíveis, coisa de “primeiro mundo”.
Temos, enfim, bons conhecedores da vida e obra de Fritz Müller e instituições como o IHB – Instituto Histórico de Blumenau, além do próprio pessoal das Secretarias de Cultura e Meio Ambiente. Com união e coordenação, tudo o que precisa ser feito, pode ser feito e bem feito.
Feito o Restauro, tanto da casa quanto do terreno, moldado de volta às condições originais históricas, aí sim, poder-se-á decidir pela melhor forma de aproveitar os espaços interno e externo, sempre tendo em mente o resguardo e a divulgação da vida e obra do seu ilustre antigo morador e nada mais, sem necessidade de qualquer “penduricalho” alheio ao tema central.
Afinal, a obra científica de Fritz Müller já será suficiente para ocupar todos os espaços que ainda serão poucos, sem contar os aspectos de museu dinâmico, com retorno do jardim às condições o mais próximas possíveis do original e aproveitamento do lote colonial para ali, manter vivas na floresta grande parte das espécies estudadas por Fritz Müller, que poderão ser observadas pelos visitantes e pesquisadores ao longo de trilhas estrategicamente traçadas na encosta.
Já existe uma proposta de repaginação da exposição como outro ponto de partida. Mesmo assim, se necessário, não custa buscar a experiência técnica e abalizada de especialistas em museologia, conhecedores do local, acervo técnico, restauro de peças, sítios históricos (terreno que pertenceu a Fritz Müller), etc.
Com a casa e o sítio histórico Restaurados, o Museu e terreno onde morou o naturalista poderão, finalmente, ser integralmente dedicados à memória da vida e obra dele. Não há sentido para que as demais peças e “penduricalhos”, não diretamente ligados à vida e obra de Fritz Müller retornem ao local. Podem ficar permanentemente, no futuro, no novo endereço. O número 2195 da rua Itajaí, portanto, onde é possível a recuperação de quase todo o lote colonial do cientista, ficaria integralmente dedicado ao sábio e à sua impressionante obra científica, o que já representa vultoso material.
A capital de Santa Catarina também tem dedicado esforços para perpetuar condignamente a memória de Fritz Müller, pelos 11 anos que ele residiu no local e se tornar famoso como um dos principais defensores factuais da Teoria da Evolução de Charles Darwin, que se tornou seu amigo.
Está mais que na hora de Blumenau, que teve a honra de ser morada definitiva desse naturalista, fazer sua parte. E deve fazê-lo com a devida grandiosidade e qualidade, buscando leis de incentivo fiscal e todos os meios necessários para viabilizá-lo.
Afinal, estamos tratando deste que, concordando com abalizado dizer do biólogo Dr. Mário Steindel, da Universidade Federal de Santa Catarina, foi, com sua profícua, monumental e altamente qualificada obra, um dos três maiores naturalistas mundiais do século XIX, junto com Charles Darwin e Alfred Wallace. O que estamos esperando?
O primeiro lugar do mundo que desejei conhecer desde adolescente foi a Amazônia. O destino ajudou e fui cursar o mestrado no INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia em Convênio com a Universidade Federal do Amazonas, em Manaus. Esta é uma imagem de um dos primeiros contatos com a imensidão das águas daquela fantástica região. A Amazônia de hoje está menor do que aquela que eu conheci. De lá para cá, uma área bem maior que a França, o maior país da Europa Ocidental, já sumiu, foi desmatada e área três vezes maior de florestas estão degradadas. Coisa de alguém que se auto-intitula como Homo sapiens. Sapiens??? Foto Lauro E. Bacca, em 07 de maio de 1976.
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