“Medo de achar ela morta”: família relata desespero para encontrar criança autista debaixo de entulhos após barranco desabar no Médio Vale
Terreno deve ser limpo e casa da família terá que ser demolida
Mara Oliveira, de 40 anos, é moradora de Brusque e viveu um dos seus maiores pesadelos na quinta-feira, 1, após chuvas intensas atingirem Brusque e região. Na ocasião, um barranco desceu ao lado da casa e atingiu boa parte dela. A residência fica localizada na rua José Benjamin Gorges, no bairro Ponta Russa.
Em contato com a Defesa Civil, a moradora recebeu uma triste notícia. Para regularizar o terreno, a casa deverá ser derrubada já que não apresenta mais segurança para o retorno da família.
“A casa está condenada. Será dada uma liberação e eu devo levar ela até a Prefeitura de Brusque, na secretaria de Obras. Ela deve autorizar a retirada dos entulhos com o uso de máquinas e caçambas. Não há como salvar nada além do terreno”, diz Mara.
Dia de terror
Na quinta-feira, pela manhã, Mara relata que quase toda a família estava dentro de casa. Além dela, estavam as filhas Isis, de 12 anos, Laís (que é autista), 3 e a sobrinha Lorena, 4. Ao olhar para o lado de fora da casa, percebeu que o barranco havia cedido um pouco, logo então decidiu dar uma olhada.
“Peguei uma enxada e abri uma valetinha pois havia água descendo. Foi tempo de dar cinco passos e caiu tudo. Começamos a correr e percebemos que as crianças ainda estavam dentro de casa. Tentamos entrar pela porta da cozinha mas não dava mais”, comenta.
Em momento de desespero, Mara disse que gritava para os vizinhos para que alguém pudesse tirar as meninas de lá. Em certo momento, o marido, Ricardo Chagas, entrou por cima dos escombros da casa. Ao chegar no quarto, o homem percebeu que Laís (a mais nova) debaixo dos entulhos.
“Ele ia tirando as coisas de cima com medo do que ia encontrar, com medo de encontrar ela morta. Porém, graças a Deus ela estava dormindo e não teve nenhum arranhão. Ele então pegou ela e as outras meninas (que também estavam dormindo) e me entregou por uma janela, já que eu estava do lado de fora. A Laís, embora autista, não teve nenhuma reação. Ela estava dormindo e não viu nada”, conta. Após os acontecimentos a família deixou o local.
Destroços
Depois do meio-dia, o marido e outro familiar de Mara voltaram ao local e perceberam que mais barro havia descido, tomando conta da parte dos fundos da casa. Os únicos locais não atingidos foram a garagem e os dois quartos da frente.
“Embora alguns cômodos não tenham sido atingidos, a casa entrou com o impacto. Meu sobrinho então entrou pela janela e tirou nossas roupas. Já na parte dos fundos não é possível enxergar nada. No quarto da minha filha não se vê mais cama, guarda-roupa, nada”, diz Mara.
Ajuda
Atualmente a família está morando na casa de um idoso, padrasto de uma amiga da família. Mara conta que o homem mora sozinho e que ofereceu parte do imóvel para que a família pudesse se abrigar.
“Estamos aqui enquanto não achamos um local para alugar. Estamos com a possibilidade de morar em uma casa no Rio Branco, porém, ainda não é de certeza. Da comunidade ganhamos roupa para as crianças e cestas básicas”, relata.
Se conseguir se mudar para o Rio Branco, a moradora admite que precisará de ajuda para móveis e utensílios do lar. No momento, conta que não tem como guardar doações deste tipo, por isso ainda não realizou um pedido nas redes sociais.
Para realizar doações e ajudar a família através do número de Mara Oliveira: (47) 99738-1121. O contato também é chave Pix para doações em dinheiro.
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