Trabalhadores de transporte escolar de Blumenau lamentam forte impacto do setor durante a pandemia
Segundo representantes, todo mês um trabalhador do meio desiste de atuar no ramo
Os trabalhadores do transporte escolar de Blumenau vêm relatando dificuldade financeira desde o início da pandemia da Covid-19. A categoria já relatou diversos profissionais autônomos que acabaram falindo ou desistindo da função, por não valor o retorno ou por crises econômicas.
Virginio do Nascimento Neto e Emerson Pereira são os representantes da categoria na cidade. Eles comentam que o ano anterior foi muito difícil, no qual muitos pais de alunos acabaram cancelando as mensalidades, enquanto apenas uma minoria continuou pagando parte do contrato para ajudar os trabalhadores.
“É complicado expor a situação de todos os trabalhadores, cada um teve problemas diferentes desde inadimplência até cancelamento dos contratos. Uma grande minoria conseguiu diálogo, criar acordos. Até hoje alguns motoristas tentam entrar em contato com contratantes de 2020, mas ninguém atende”, reforça os representantes.
O setor ainda contou com muitas desistências e falências, a maioria, autônomo e sem uma segunda profissão. Os representantes ainda mencionam que os trabalhadores do meio não conseguem levar uma outra forma de renda, principalmente pela questão do tempo.
“Não tem como exercer mais uma função sendo um transportador escolar, a grande maioria trabalha somente com isso. A exceção são aqueles que já estão aposentados, mas são poucos”, reforça Neto.
Antes da pandemia, Blumenau contava com quase 100 veículos autorizados, hoje, cerca de 60. Segundo os representantes, são 1,2 mil pessoas em média que precisam da renda da profissão direta e indiretamente, entre mães, pais e filhos.
Retorno das aulas
Apesar do retorno gradativo das aulas presenciais, o setor precisou de muitos gastos com a burocracia das diretrizes e protocolos exigidos, para que pudessem continuar atuando.
Entre as exigências sanitárias para o retorno, o setor precisou fazer uma higienização nos veículos, vistorias do Inmetro e Seterb, capacitação do curso sobre a Covid-19 da Seterb. Além do uso de faceshield recomendado para os motoristas e obrigatório para as monitoras.
Mesmo com o retorno das aulas o sistema de ensino híbrido, uma semana presencial e uma semana virtual, também não favorece muito os trabalhadores e mantém uma baixa procura. Os representantes comentaram que, todo o mês algum trabalhador desiste de atuar no ramo.
“Os investimentos para voltar foram altos e está difícil se manter sem sequer ter apoio do executivo da cidade. Estamos em conversas, mas até agora em fase preliminar”, reforça Neto.
Ele ainda manda uma mensagem para todos os pais ou familiares que utilizam do transporte escolar e faz um apelo para que pense mais nesses trabalhadores que sobrevivem com a renda.
“Gostaria de pedir a todos os pais e mães que fazem uso do transporte escolar, que entenda nossa situação, pois as parcelas dos veículos e custos para nós manter são os mesmos, mas com menos usuários”, finaliza.