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“Escolher o vôlei não foi algo racional, foi sentimento”: conheça trajetória de Donegá, técnico da Apan Blumenau

Na profissão desde 1997, Donegá fala sobre os desafios, conquistas e objetivos enquanto técnico de vôlei

Técnico de vôlei em Blumenau desde 1997, André Donegá é conhecido e prestigiado na cidade pelos atletas e entusiastas do esporte. Aos 49 anos, o profissional é técnico do time da Apan/Eleva e coordenador das categorias de base na escola Barão do Rio Branco.

Donegá nasceu em Londrina, no Paraná, mas diz se considerar catarinense, pois veio para o estado aos 10 anos de idade. Após morar em várias cidades como São João Batista, Canelinha, Jaraguá do Sul e Gaspar, aos 12 anos ele se mudou para Blumenau.

O profissional cursou educação física pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), e realizou o mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. Na época em que estava na capital, atuou como auxiliar técnico do Cimed.

No entanto, Donegá explica que mesmo no tempo em que passou fora, nunca abandonou o projeto de vôlei da escola Barão, tendo sempre data de volta marcada para continuar o trabalho na cidade.

Técnico de vôlei André Donegá. Foto: Apan/Eleva

História no esporte

Donegá conta que o interesse pelo esporte surgiu na Escola Básica Ivo d’Aquino, em Gaspar. Quando ele estava na quinta série, teve duas professoras de educação física que incentivavam muito a prática para os alunos. O técnico lembra que na época a escola não possuía um ginásio, apenas uma quadra de cimento e outra de areia, mas mesmo assim, os alunos tinham muito interesse pelo esporte por conta do estímulo que recebiam.

Uma das professoras era também atleta de handebol em Blumenau, e por conta do incentivo dela, Donegá começou a treinar, sendo este o primeiro esporte que oficialmente se dedicou. Porém, logo ele percebeu um gosto maior pelo vôlei e passou a praticar o esporte na antiga Artex, com o atleta e treinador Ademar Molon.

Aos 13 anos, André foi convidado para treinar no clube de vôlei da escola Barão e seguiu sendo atleta do clube, até que em 1997 foi contratado pela escola como professor e técnico.

Kamile Bernardes/O Município Blumenau

“Eu sempre gostei do esporte e era praticante de todas as modalidades, mas o vôlei é uma paixão. Meus amigos faziam voleibol e eu fui me aprofundando na área. Escolher isso como profissão não foi uma coisa racional, foi de sentimento mesmo”, explica o profissional.

Apoio familiar

Nascido em uma família de classe média, o técnico explica que houve uma certa preocupação dos familiares quando dizia pensar em escolher o vôlei para seguir como profissão. Porém, no momento em que afirmou estar decidido que era isso que queria, pôde contar com o apoio e incentivo de seus familiares.

Donegá conta que o pai foi jogador de futebol amador até os 20 anos e, por ser um ótimo jogador, aos 18 ele foi convidado para jogar futebol profissionalmente. Contudo, na época ele trabalhava em um banco e quando contou para os pais sobre a proposta não teve o apoio deles, portanto não aceitou.

O técnico acredita que por conta disso, o pai sempre o incentivou no esporte e o permitiu fazer suas próprias escolhas.

Técnico de vôlei André Donegá. Foto: Apan/Eleva

Jovem treinador

Quando André iniciou como treinador, ele era mais novo que a maioria dos profissionais do cargo, por conta disso, sentia a necessidade de fazer times competitivos e conquistar títulos para provar que mesmo jovem, era um bom profissional.

“Ser um jovem treinador é difícil. Geralmente pessoas mais maduras ocupam este cargo, por isso os treinadores mais novos demoram para se adaptar no mercado. Como comecei muito cedo, sempre buscava a aceitação dos mais velhos”, confessa.

Porém, atualmente, Donegá pensa diferente. O que mais preocupa o técnico é o desenvolvimento, para além da quadra, dos jovens que treina nas categorias de base: “É claro que o resultado é importante, mas acima de tudo vem a formação desse indivíduo em um âmbito social”.

Técnico de vôlei André Donegá. Foto: Apan/Eleva

Impacto na vida das pessoas

Donegá afirma que mesmo com tantos anos de história na cidade, a parte mais gratificante do trabalho ele está descobrindo atualmente.

“Hoje estou na situação que eu treino os filhos das pessoas que eu já treinei. É muito legal ver o carinho que esses pais demonstram sentir pelo meu trabalho, eles relembram histórias que viveram, o que aprenderam através do esporte e querem que os filhos tenham a mesma experiência”, diz André.

Técnico de vôlei André Donegá. Foto: Apan/Eleva

O técnico afirma que saber dessas histórias e ver que pôde contribuir com a vida dessas pessoas é a parte mais satisfatória da profissão.

“Geralmente as histórias que ficam marcadas na memória das pessoas não são as que falam se o time ganhou ou se perdeu, mas as que contam as coisas vivenciadas no dia a dia, sobre a convivência e as histórias construídas em conjunto. Talvez essa seja a maior riqueza de ser um técnico de formação com um tempo longínquo de trabalho”.

Técnico de vôlei André Donegá. Foto: Apan/Eleva

Esporte na pandemia

Com a pandemia da Covid-19, o esporte teve que se adaptar com diversas regras para poder seguir acontecendo. André conta que foi necessário aprender rapidamente todos os processos sanitários, questões de segurança para o treinamento e também passar a entender como acontece uma prática esportiva sem o contato físico e o compartilhamento de objetos.

“No início foram muitas incertezas, era difícil organizar uma sessão de treinamento, principalmente com as crianças. Tivemos que nos habituar a praticar o vôlei sem poder trocar a bola, cada criança ficando com uma única bola e sem poder compartilhar com os amigos”.

O técnico diz que atualmente já está adaptado às novas regras, mas uma coisa que o deixou muito contente foi a volta da torcida nos jogos.

“O público sempre foi o nosso sétimo jogador, ele é fundamental para o esporte de alto rendimento. Jogar sem torcida talvez seja um dos piores sentimentos porque você prepara uma equipe e faz um evento para a comunidade, para ver o ginásio cheio e as pessoas torcendo. Quando isso finalmente voltou a acontecer foi fantástico”, desabafa Donegá.

Técnico de vôlei André Donegá. Foto: Apan/Eleva

Como ser um bom técnico?

De acordo com André, para ser um bom técnico é necessário ter muito estudo e conhecimento da área, mas também é imprescindível saber construir um relacionamento interpessoal na equipe.

“Em uma equipe de competição de alto rendimento o técnico é o responsável por controlar líderes, porque os atletas são lideres. Então o profissional atua muito mais na questão de fazer com que essas pessoas trabalhem em conjunto, do que propriamente os ensina a jogar vôlei”, explica Donegá.

Técnico de vôlei André Donegá. Foto: Apan/Eleva

Objetivos

De acordo com André, há alguns anos ele realizou um levantamento de títulos da Apan/Eleva e verificou que o time já venceu todas as competições possíveis no estado e de nível nacional, desde as categorias de base até o adulto. O único título que resta é o da Superliga.

Foto: Apan/Eleva

“Há nove anos, conquistar o título da Superliga era um sonho. Hoje ser campeão da Superliga é uma meta a ser atingida nos próximos cinco anos”, afirma o técnico.


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