Alice Kienen
Turismo em foco: candidatos à prefeitura de Blumenau falam sobre propostas para setor
O Blumenau & Vale Europeu Convention & Visitors Bureau reuniu todos os candidatos e candidatas à Prefeitura de Blumenau na última quarta-feira, 28, para ouvir as propostas de cada um e apresentar demandas do setor turístico e de eventos da cidade. O encontro foi realizado no Teatro Carlos Gomes e contou com a presença dos associados.
Após falar sobre seu plano de governo, especialmente sobre o tópico que interessa a entidade, cada prefeitável respondeu às mesmas cinco perguntas. As questões foram decididas a partir das mais trazidas pelos associados, enquanto as demais foram respondidas pelos candidatos posteriormente por escrito.
Perguntas dos associados:
1. Qual papel o Convention & Visitors Bureau terá na sua gestão?
2. Qual sua proposta para melhorias no transporte público, especialmente em relação ao horário e à segurança para trabalhadores de bares, hotéis e restaurantes que finalizam tarde a sua jornada de trabalho?
3. Qual o prazo e os detalhes de execução do Centro de Convenções? E há algum projeto quanto à modernização dos pavilhões da Vila Germânica, permitindo a realização de vários eventos simultaneamente?
4. Como será feita a gestão da Vila Germânica, Associação da Artex e Sesi, para que melhorias sejam feitas na infraestrutura, para que não percamos mais eventos para Balneário Camboriú?
5. Haverá investimento público na capacitação dos profissionais do setor turístico visando oferecer um atendimento de qualidade?
Confira abaixo o posicionamento de cada candidato:
Ana Paula Lima (PT)
A candidata reforçou o compromisso com a construção do Centro de Convenções, mas se demonstrou preocupada com a localização do edifício. “Sabemos que a rede hoteleira dá conta, mas precisamos planejar e projetar isso coletivamente para o trânsito do Centro dar conta”, explicou.
Porém, segundo ela, as decisões devem ser tomadas pelo trade turístico e especialistas, não pelo município. “Coragem para isso eu tenho, mas preciso ouvir de vocês onde ele será construído”, salientou, deixando claro o papel do Convention. As mesmas preocupações em trazer especialistas foi trazida quanto à gestão da Vila Germânica, Associação da Artex e Sesi.
Quanto ao transporte coletivo, um dos pontos de principal concordância entre os prefeitáveis, ela afirmou que quer rever o contrato e que está disposta a expandir horários e frota dos ônibus. Sempre ouvindo os trabalhadores para entender onde há maior demanda, sabendo que isso afeta também os turistas.
Questionada sobre a capacitação dos profissionais, ela citou o trabalho já realizado pela Furb, o Senac, o Sesi e o Sebrae. “O que mais gerou emprego em Santa Catarina foram os micro e pequenos empresários no setor de turismo. Podemos fazer parcerias com o sistema S para auxiliar esses projetos”, exemplificou.
Egidio Ferrari (PL)
O delegado foi mais um candidato que reforçou a importância da indicação de especialistas para cargos nomeados. “Poder público e iniciativa privada precisam andar juntos. Essas parcerias são necessárias. O Convention é muito importante para a atração de eventos e girar nossa economia mais rápido”, argumentou.
Quanto ao transporte coletivo, concordou que é um contrato frágil que beneficia a empresa e que acabou “saindo do controle” após a pandemia. Para ele, o contrato precisa ser revisto e é necessário aumentar as linhas. Porém, considerou a proposta de outros candidatos de um ônibus tarifa zero “uma irresponsabilidade, pois pelo preço atual do sistema seriam R$ 200 milhões do cofre da prefeitura”.
Sobre o Centro de Eventos, assim como outros candidatos, afirmou ser impossível definir um prazo, mas que a construção está em fase de nova licitação e que essa é uma das prioridades do plano de governo. Já sobre a Vila Germânica ele ressaltou a desapropriação de imóveis no entorno para expansão da estrutura, assim como uso do Sesi, Galegão e Artex para espalhar eventos pela cidade.
Por fim, quanto à capacitação de profissionais para o setor, ele ressaltou o dever do poder público de atuar em parceria com a iniciativa privada para qualificar essa mão de obra e citou a barreira do idioma como um dos pontos de atenção.
Odair Tramontin (Novo)
O candidato citou foi mais um que colocou o trade turístico como especialista no tema e que deveria ser consultado para decisões, mas que observa que a economia e o interesse dos turistas mudaram. “Nenhum setor vive de sazonalidade, precisamos de atrativos permanentes. A obrigação do poder público é criar um ambiente adequado para o desenvolvimento da atividade”, afirmou.
Quanto ao contrato com a Blumob, ele foi mais um que afirmou que é necessário rever o que foi determinado e que o modelo precisa ser reformulado. “O transporte coletivo brasileiro é culturalmente punitivo. Em Londres você pega ônibus lotado e acha legal por ser turista. Aqui só pega ônibus quem não tem alternativa melhor”, argumenta.
Ele também foi mais um a colocar a construção do Centro de Convenções como prioridade, especialmente para competir com cidades próximas. Já quanto à Vila Germânica, ele reforçou a necessidade de mais planejamento, especialmente entendendo “qual fatia será absorvida pelo Centro de Convenções”.
Já a localização do Sesi foi criticada, por estar distante de muitos bairros onde moram os jovens possíveis atletas. “Devemos fazer algo sensato, sem pressa. Precisamos de mais parques pelos bairros, não apenas o Ramiro no Centro”. Mas colocou o Sesi como uma possibilidade de espaço para qualificação de mão de obra e ressaltou a importância do ensino profissionalizante, que “perdeu espaço” para o universitário na cidade.
Ricado Alba (Pode)
Em sua introdução, o candidato citou cidades catarinenses de menor população que podem inspirar o turismo em regiões de Blumenau, como a Nova Rússia. Outra crítica foi à Área Azul, que pretende desfazer o contrato, pois “o turista chega a Blumenau e é penalizado sem nem saber como funciona […] atrapalha o desenvolvimento do turismo e do comércio”.
Quanto ao papel do Convention e da administração, ele ressaltou a importância de nomear técnicos para construir o turismo municipal. “Ou damos as mãos para fomentar a cidade, ou Blumenau continuará perdendo para cidades como Pomerode”, opinou. Criticou também trazer bandas e cervejaria europeias para uma festa blumenauense, tirando espaço de produtores locais.
Alba é um dos defensores do transporte público gratuito e afirma que pretende custear o modelo com fundo de concessões, como da Área Azul, pátio de guincho e iluminação pública. Assim como com ajuda de empresas que atualmente bancam o vale-transporte dos funcionários. Ele também quer mudar o modelo de pagamento de bilhete para quilômetro rodado.
Apesar de também priorizar a construção do Centro de Convenções, ele criticou a mudança do local da obra. Também afirmou que se preocupa que o Sesi “vire outro cabidão de empregos”, apesar de defender a aquisição por Blumenau. Para a qualificação de profissionais, ele defende a criação de um programa a modelo do Entra21 para o setor turístico, em parceria com a iniciativa privada.
Rosane Martins (Psol)
A candidata abriu sua apresentação citando o projeto Blumenau 2050 que, segundo ela, traz grandes propostas que poderiam ter sido feitas, especialmente quanto à preservação ambiental da cidade, que tem grande potencial para o ecoturismo. “Temos uma cultura muito além da germânica e italiana que não está sendo bem aproveitada. Quase metade da nossa população é afrodescendente e tem uma cultura muito grande”, opina.
Além da proposta de tarifa zero e expansão dos horários e linhas de ônibus em diálogo com os trabalhadores, ela defendeu também a mobilidade urbana para os pedestres da cidade. “É difícil andar a pé em Blumenau, especialmente para pessoas com deficiências e idosos. E isso inclui turistas, um dos setores mais importantes da nossa cidade”, ressalta.
Quanto à construção do Centro de Convenções e modernização da Vila Germânica, ela defendeu a importância de parcerias público privadas e reforço de estruturas como a Artex e o Sesi, que ela aponta a necessidade de entender se o equipamento não custará à cidade mais do que trará de benefícios. Para isso, ela defende uma comissão integrada.
No que tange a capacitação de profissionais, a candidata voltou a defender parcerias com entidades privadas, como com escolas técnicas e o sistema S. A advogada ainda enfatizou a importância da preocupação com a sustentabilidade em todo o planejamento municipal.
Termo de compromisso
Por fim, cada candidato assinou um termo de compromisso com o Convention afirmando que estarão dispostos a ouvir as demandas do setor e levar em consideração as necessidades e importância do turismo blumenauense.
Dentre os principais comprometimentos do termo estão promover o desenvolvimento turístico e de eventos, desburocratizar os processos de obtenção de licenças, incentivar a cooperação entre setor público e privado e apoiar o Convention & Visitors Bureau.
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