Saiba como são e pra que serviam peças históricas da Usina do Salto, em Blumenau
Prédio foi tombado como patrimônio histórico e mais de 100 objetos entraram para o acervo do município neste ano
A modernização não chegará à Usina Hidrelétrica de Salto Weissbach. Ao menos não no primeiro prédio construído, que abriga quatro grandes geradores com cerca de 105 anos.
O tombamento do local e catalogação de cerca de 100 objetos foram finalizados em março, após pedido do Ministério Público. No lugar de novas tecnologias, prevalecerá a conservação da história da primeira hidrelétrica da região.
A recomendação para o tombamento dos bens móveis da usina foi expedida pela 5ª Promotoria de Justiça de Blumenau em dezembro de 2016, em complemento a outra solicitação, cumprida em novembro do mesmo ano, para o tombamento do prédio histórico e seu entorno.
Por isso, nem a pintura da estrutura pode ser feita sem autorização. Tudo deve permanecer como era em 1914, quando o primeiro gerador foi instalado (foto abaixo). Até uma das comportas, trocadas recentemente, será preservada como patrimônio histórico.
Catalogação
Durante um ano foi feito o levantamento e catalogação dos objetos por funcionários da Celesc Geração, sob a supervisão da museóloga Marcella Borel e da historiadora Sueli Petry, servidoras de carreira da Fundação Cultural de Blumenau (FCBlu). Foram listados painéis, estantes, medidores e ferramentas, entre tantos outros objetos usados na geradora.
Entre os equipamentos, está o painel de instrumentação em mármore e madeira, em estilo Art’ Decó, do início da década de 1920. O mármore, originário da Itália, com os instrumentos de medições elétricas, vindos da Alemanha, é um dos equipamentos mais antigos na lista dos objetos tombados:
Uma vez por ano será feito o trabalho de revisão do tombamento e o pedido de inclusão de novas peças no acervo, caso necessário, será solicitado.
Intervenção do Ministério Público
A Procuradora de Justiça Monika Pabst, que em 2016 era a titular da 5ª Promotoria de Justiça, relata que o inquérito civil que resultou no tombamento foi aberto a partir de representação da historiadora Ana Maria Ludwig Moraes, com a notícia de que a Usina do Salto, como é conhecida, seria reformada e ampliada.
Neste ano o Ministério Público acompanhou de perto o processo de tombamento, já que houve resistência por parte da Celesc.
“Por mais que surjam geradores mais novos, não podemos mexer em nada porque é tudo patrimônio histórico”, explica o operador da usina, Júlio César da Silva.
Após conversas, houve o acordo de que a Celesc fica “autorizada a realizar os procedimentos de emergência eventualmente necessários, comunicando, porém, a Fundação Cultural das medidas tomadas. Assim, em caso de interferência que envolva os bens catalogados, será cientificada a Fundação, que poderá proceder às medidas necessárias à preservação do objeto, como por exemplo, sua guarda e exposição em local próprio”, definiu o Ministério Público.
A Celesc trabalha na construção de uma nova estrutura, próximo ao prédio tombado, que terá o triplo da capacidade da usina atual. A tendência é que, com o tempo, os geradores antigos percam a importância que tem hoje.
A Usina
Os antigos geradores fornecem energia para uma das quatro subestações que existem na cidade. A energia gerada no Salto Weissbach alimenta o equivalente a um bairro como o da Fortaleza.
A Usina foi fruto do arrojo de empreendedores blumenauenses que buscavam a modernização da cidade no início do século XX. Projetada inicialmente para atender ao perímetro urbano de Blumenau, evoluiu nas décadas de 1920 e 1930 para atender a demanda de regiões mais distantes, como Itajaí, Brusque, Ibirama, Rio do Sul e Jaraguá do Sul.