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VÍDEO – Após sessão de quimioterapia, fã do Dazaranha viaja até Blumenau para prestigiar show da banda

Dazaranha é a trilha sonora oficial de uma amizade especial e também um apoio na luta contra o câncer de Tathiana Soares

Três dias após uma sessão de quimioterapia, a moradora de Navegantes Tathiana Soares, de 47 anos, veio até Blumenau prestigiar o show de uma de suas bandas favoritas: Dazaranha. Assim, ela e a amiga Bruna Gurjão transformaram o último domingo nublado, 3, em um “dia lindo”.

“Eu estava com os efeitos, estava sentindo enjoo, com aquele gosto horrível na boca que a quimio traz, mas era a oportunidade que a gente tinha de viver aquele momento, de ser feliz naquele momento, de fazer um dia lindo, de sorrir. E aí a gente foi para o show”, compartilha Tathi, como é apelidada.

Confira o vídeo delas no show

“Nossa trilha sonora”

Corredoras amadoras e apaixonadas por esportes, Bruna e Tathi se conheceram enquanto corriam pela orla de Navegantes. No entanto, a relação acabou se tornando mais do que apenas uma amizade de corridas. Atualmente, Bruna é um dos maiores suportes para Tathi na luta contra o câncer. Ela diz que as duas estão passando juntas pelo seu tratamento.

“Em todo esse processo de tratamento contra o câncer, fazemos o máximo de coisas legais aos finais de semana. Estamos sempre pedalando, sempre tirando o melhor dos dias”, diz Bruna.

Bruna e Tathi na Meia Maratona em Florianópolis, no dia 26/11. Foto: Arquivo pessoal

Contudo, além de compartilharem o amor pelas corridas, Bruna e Tathi dividem mais uma paixão: a banda catarinense Dazaranha. Para elas, o “Daza” é a trilha sonora oficial da amizade.

Tanto Tathi quanto Bruna já foram em diversos shows do Daza. Porém, até o último domingo, nunca tinham conseguido viver essa experiência juntas.

“Foi a primeira vez que conseguimos ter agenda em comum para ir ao show. Mas, aqui em casa, a Alexa já deve começar a tocar sozinha quando ela chega. É nossa trilha sonora oficial (…) Dessa vez combinamos no sábado: partiu Blumenau, Daza amanhã? Amanhecemos na rodoviária. Dançamos do início ao fim, voltamos para casa”, lembra Bruna.

Tathi e Bruna realizando pedal. Foto: arquivo pessoal

Uma história antiga

Tathi é natural do Paraná, mas mora em Santa Catarina há 30 anos, por isso, se define como “catarinense de coração”. Ela é formada em Pedagogia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) há 25 anos e foi naquela época que conheceu o Dazaranha.

A atleta amadora se considera uma grande fã de todas as músicas do Daza, porém, por conta de tudo que vem passando na luta contra o câncer, “Dia lindo” é a sua música favorita. “Ouço todos dias, me dá força para fazer um dia lindo. Pois dia lindo é escolha”, destaca Tathi.

Tathi ao lado do vocalista do Dazaranha, Moriel Costa, após show na Rio do Rastro Marathon. Foto: arquivo pessoal

A história de Bruna com o Daza também é antiga. Apesar de ser natural de Curitiba, a família materna dela foi colonizadora em Piçarras. Portanto, ela está no litoral de Santa Catarina desde os 10 dias de vida. Mas, foi só na pré-adolescência que seus ouvidos cruzaram com as canções do Dazaranha. Atualmente, com 36 anos, ela segue escutando as músicas e assistindo aos shows da banda catarinense.

O diagnóstico

Em abril deste ano, Tathi foi diagnosticada com câncer de mama. No final de agosto, fez mastectomia, a cirurgia para retirada da mama. Durante o procedimento, os médicos também realizaram o esvaziamento axilar, pois, apesar de não ter um câncer metastático, Tathi tinha uma metástase regional na região das axilas.

No começo de outubro, começaram as sessões de quimioterapia. Segundo ela, o protocolo são quatro ciclos de quimioterapia vermelha, que se encerram antes do Natal, e depois mais 12 aplicações da quimioterapia branca.

Tathi assumindo a perda do cabelo na trilha do Macaco, em Bombinhas. Foto: arquivo pessoal

A busca por um dia lindo

Porém, além dos recursos da medicina, Tathi também conta com um segredo especial para fortalecer seu processo de cura. Para ela, ouvir Dazaranha eleva sua frequência vibratória, o que a auxilia na melhora.

“Ouvir Dazaranha me remete a uma vida linda, feliz, livre de problemas. As músicas do Dazaranha elevam minha frequência, energizam meu corpo e espírito. Ouço todos os dias, como um mantra. Elevar a frequência vibratória também faz parte da cura. Daza faz isso.”

Além da música, o esporte também é um grande aliado em seu processo de cura, algo que a estimula e até ajuda a reduzir os efeitos da quimioterapia.

“A quimioterapia tem alguns efeitos colaterais que eu chamo de ‘ressaquinha’ (…) mas, mesmo com os efeitos da quimio, eu levanto de manhã e vou fazer meu treino. Cada vez que eu tenho essa escolha de deixar o meu dia um dia lindo, eu me sinto melhor. Reduz consideravelmente os efeitos da quimio.”

Neste ano, em uma corrida, ela teve a oportunidade de unir as duas paixões.

“Esse ano corri os 25km da Rio do Rastro Marathon. Teve show do Daza na chegada dos atletas, estive lá. Um dia lindo, com corrida e show de uma banda maravilhosa. Memórias que jamais se apagarão e que me deixam extremamente feliz”, conta.

Tathi na Rio do Rastro Marathon deste ano. Foto: arquivo pessoal

Câncer X esportes

Contudo, segundo Tathi, junto ao câncer vieram também algumas limitações. Durante a recuperação da cirurgia, precisou desacelerar o ritmo, diminuiu significativamente as atividades esportivas e o volume de corridas. Porém, aos poucos, está recuperando seu estilo de vida.

“Com a cirurgia perdi amplitude de ombro por conta do esvaziamento axilar, retirada dos linfonodos acometidos por células cancerígenas. A amplitude de ombro demora a retornar e em alguns casos não retornar. A minha amplitude voltou 60 dias após a cirurgia. Meu estilo de vida é muito responsável por isso. Procuro me alimentar bem, alimentos saudáveis. Esporte também tem muita influência. 30 dias após cirurgia voltei às práticas de yoga, 45 dias a fazer musculação, 60 dias pedalar, 70 dias nadar e 90 dias correr”, comenta.

Tathi também afirma acreditar que o esporte a preparou para enfrentar com mais força tudo o que está passando.

“Enfrentar um câncer não é para amadores, há momentos bem desafiadores. Tenho um corpo forte, uma mente forte e um espírito cheio de amor. Com certeza os anos de treino me preparam para encarar o câncer com muita bravura. Em nenhum momento me revolto, pelo contrário, emano amor para cada célula acometida pelo câncer, que elas possam ir embora levando somente amor”, diz Tathi.

Tathi realizando a primeira prova após retorno mastectomia., já em processo de quimioterapia. Foto: arquivo pessoal

Apesar de ser corredora amadora há sete anos, Tathi já participou de diversas maratonas e até ultra maratonas. No entanto, agora, ela quer encarar um novo desafio, por isso, decidiu realizar uma prova de triathlon, que consiste em uma combinação de natação, ciclismo e corrida.

“O câncer e o tratamento não estão me limitando, pelo contrário, eu só coloco possibilidades”, diz.

 

Mostrar que é possível

Contudo, Tathi garante que sua intenção não é romantizar o câncer e a quimioterapia. Pelo contrário, ela reconhece que é muito difícil. No entanto, a intenção dela é mostrar que existem possibilidades.

“O que eu tento passar para as pessoas é que é possível você estar em processo de quimio e estar fazendo atividade física e que é possível, com todo cuidado, ir num show”, finaliza ela.

Tathi realizando uma prova de 16km no Morro Azul. Ela já havia descoberto câncer e estava em processo para a cirurgia. Foto: arquivo pessoal

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