VÍDEO – Casal de venezuelanos pede ajuda para recuperar filhos retirados em Blumenau
Denúncia de vizinha fez com que crianças fossem acolhidas pela assistência social
Um casal de venezuelanos que está morando nas ruas de Blumenau busca ajuda para recuperar os filhos que foram retirados pela assistência social. Eles abordaram um youtuber na Vila Germânica para divulgar seu sofrimento.
“Vim ao Brasil em procura de uma vida melhor. A crise lá é muito forte. Trouxe minha filha com 10 dias de vida. Como viemos procurando uma vida melhor para passar por tudo que passamos aqui?”, questiona Darwin, pai das crianças.
Até o fim de 2021 eles estavam morando em Biguaçu. Yurelis e Darwin vieram para o Brasil em 2020 e tinham uma casa na Grande Florianópolis. Segundo eles, a relação com a vizinha sempre foi complicada, bradando que eles deveriam “voltar de onde vieram”.
Denúncia partiu de vizinha
A denúncia partiu após o recém-nascido receber um banho de água fria em uma bacia do lado de fora de casa em dezembro do ano passado. A vizinha relatou o caso como maus-tratos ao Conselho Tutelar, que acatou a denúncia.
O casal relata que fugiu por estar assustado e não conhecer a legislação brasileira. Além, é claro, de não querer abrir mão dos filhos. Ao chegarem em Blumenau buscaram a Assistência Social para pedir ajuda e foram informados que havia um mandado de busca e apreensão contra as crianças.
A vizinha também teria relatado que a mãe bebia na presença da criança e que o casal seria usuário de drogas, o que eles negam. Outra denúncia seria de que o menino mais novo não possuía documentos, o que a mãe também negou.
“Ele é brasileiro e ela é venezuelana. Ele tem documento sim. Ela não sabe tudo que eu sofri no Natal e no Ano Novo mendigando comida na rua por culpa dela”, desabafa a mãe, que tem outros quatro filhos mais velhos que já não moram mais com o casal.
Desde então, Darwin e Yurelis vivem nas ruas blumenauenses pedindo ajuda para recuperar os filhos e poderem voltar à Venezuela. Eles querem entrar com os meios judiciais, porém não possuem fundos para buscar atendimento.
“Não temos como tomar banho, trocar de roupa, comer… Me sinto desesperada, quero meus filhos de volta e quero voltar para o meu país. Não é justo por causa de um banho, não sei como funciona aqui”, complementa Yurelis.
Prefeitura busca abrigar casal
O casal comenta que tentou buscar trabalho na cidade, distribuindo currículos. Porém, não teve sucesso por não ter moradia. A prefeitura ofereceu abrigo para o casal, mas eles decidiram não ficar no local.
“Eram 30 pessoas, a maioria usuário de drogas. Todos homens. A única mulher era minha esposa. Como vamos ficar ali?”, argumenta Darwin. A mala de roupas que eles tinham, foi roubada na noite desta sexta-feira, 7.
O município explica que o abrigo de triagem é necessário para que haja o período de espera para que as pessoas sejam testadas para Covid-19 para então seguir para o abrigo municipal.
“Eles continuam sendo acompanhados pela Assistência Social e podem voltar para o abrigo seguindo as regras. As crianças estão acolhidas e o processo corre em segredo de justiça sendo acompanhado pelo Ministério Público”, explica a Secretaria de Desenvolvimento Social.
Outra preocupação do casal é quanto ao cuidado que as crianças estão recebendo no abrigo da prefeitura. Um vídeo feito por Yurelis mostra que o pequeno Winder estava com uma reação alérgica na pele. Ela também relatou que os filhos haviam emagrecido em poucos dias.
“Se eles não vão cuidar bem da criança, por que pegaram? Encontrei meus filhos só com um banho, passando fome e todo empipocado. Eles não estão sendo bem cuidados”, chora a mãe.
Para entrar em contato com Darwin e Yurelis, é possível encontrá-los na Vila Germânica ou enviar uma mensagem para (48) 9-8441-4260 e conversar com o casal. O apelo é por ajuda – seja financeira, com um emprego ou com apoio judicial para recuperar os filhos.
Veja o vídeo gravado por Davi Soares:
Pastor teria roubado bens do casal
Ao fugirem do litoral, Yurelis e Darwin deixaram os poucos bens que possuíam com um pastor da cidade que os ajudava. Porém, recentemente descobriram que ele e a esposa se desfizeram dos objetos do casal.
Eles entraram em contato com o pastor para pedir para familiares buscarem as coisas, mas ele insistiu que apenas entregaria para o casal ou para a assistência social. Em outra ligação ele falou que havia o material havia sido doado.
“Quem comprou aquilo fui eu. Tinha 1.800 fraldas, todas nossas roupas, sapatos, colchão inflável de R$ 400, itens de casa. Agora vem me falar que venderam tudo. Vou denunciar ele pra me pagar tudo”, conta Yurelis.
Confira a nota completa da prefeitura:
As crianças estão acolhidas e o processo corre em segredo de justiça sendo acompanhado pelo Ministério Público. O casal está recebendo os atendimentos referentes às crianças e também do Abrigo Municipal. Eles estavam acolhidos no abrigo de triagem, mas se recusaram a fazer o teste do Covid para ir para o Amblu, assim tiveram que ser desacolhidos. Mas continuam sendo acompanhados pela Assistência Social e podem voltar para o abrigo seguindo as regras.
No abrigo de triagem os usuários ficam um período para fazer o teste de Covid para então seguir para o Amblu. Esse procedimento é necessário para garantir a proteção à saúde dos outros abrigados e dos servidores. Caso o resultado do teste dê positivo permanecem em espaço separado para cumprir o período de isolamento.