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VÍDEO – No centro de rombo bilionário, Lojas Americanas mudaram forma de comprar em Blumenau

Loja foi inaugurada em Blumenau durante os anos de 1980

Entre 1980 e 1990, Blumenau viveu anos agitados. A cidade, que crescia cada vez mais, tinha espaços novos para comércios se estabelecerem, e entre eles, estava as Lojas Americanas – atualmente no centro do noticiário nacional devido a um possível rombo contábil bilionário. A loja ocupou o mesmo prédio do antigo Cine Blumenau, no Centro da cidade, e chamou a atenção de todos os moradores.

Como não há registros da abertura da loja na cidade, o jornalista André Bonomini realizou apurações para descobrir em que mês foi inaugurada, e, após algumas pesquisas, ele constatou que a unidade foi aberta entre abril e agosto de 1984. “Descobri essas datas com base em fotos das enchentes de 1984, onde um barco passa em frente ao local, e a loja já existia”, relata. 

A cidade já contava com empresas de grandes redes, que vendiam ferramentas ou utensílios no geral, mas a vinda das Lojas Americanas mudou a forma de comprar dos blumenauenses.

Localizada na rua XV de Novembro, perto de onde é a prefeitura atualmente e com um espaço gigantesco, as pessoas se referiam à loja como um “shopping”, já que era possível encontrar desde serragem e ferramentas para construção até potes, utensílios básicos e comida, como um supermercado.

Confira o comercial de inauguração da Lojas Americanas em Blumenau, em 1984:

Quando a unidade das Lojas Americanas se estabeleceu na cidade, o nome já era muito conhecido, mas a fama que crescia cada vez mais fez com que o slogan da marca “Tudo. A toda hora. Em qualquer lugar”, se tornasse verdadeiro e as pessoas criassem o lema de que a loja possuía tudo que era necessário.

Tinha uns seis anos quando fui com meu pai para comprar minha primeira Barbie! Fora a cozinha Bankuka, que veio de lá também. Americanas fazia parte dos nossos sonhos de criança!”, comentou Andressa Cristiane Cunha, moradora da cidade, em publicação no perfil do Instagram Blumenau Antiga

Dos jovens até os mais velhos, cada prateleira era repleta de brinquedos e utensílios que chamavam a atenção. Quem viveu durante a época em que as unidades de Blumenau ainda existiam, tem histórias sobre como o cachorro-quente e o sorvete do local era bom ou como passavam horas olhando as listas de CDs e discos de vinil disponíveis. 

“O primeiro pinheirinho de natal artificial da nossa família foi comprado nas Lojas Americanas, lembro que ele veio cheio de algodão. Agora, 25 anos depois, quando abro o mesmo pinheiro no fim do ano, eu ainda consigo encontrar um algodão ou outro pelos galhos”, brinca André. 

Novos espaços

Em 1993, o Shopping Neumarkt foi fundado, e a segunda unidade das Lojas Americanas se tornou a maior âncora para o espaço. Segundo os registros, a loja era tão grande, que ocupava o espaço de onde é, atualmente, a Havan até parte da Marisa, e as pessoas faziam filas em frente ao shopping, esperando a abertura das lojas. 

Por volta de 1996, a unidade da rua XV de Novembro fechou e alguns anos depois, a loja do shopping também. Entre mercados, local para jogos e outros comércios, cerca de 10 anos depois, uma unidade foi reinaugurada no Shopping Neumarkt, mas para alguns moradores blumenauenses, “a magia não era mais a mesma, mas deixou memórias”. 

Rombo contábil

Agora, anos depois, as Lojas Americanas voltam a chamar atenção de Blumenau e do Brasil, após afirmar a descoberta do rombo contábil de R$ 20 bilhões, referente a exercícios anteriores, incluindo o ano de 2022. Segundo a nota publicada pela empresa não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia.

“Entre as inconsistências mencionadas acima, a área contábil da companhia identificou a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem acima, nas quais a companhia é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta de fornecedores nas demonstrações financeiras”, diz a nota.

Por conta disso, o diretor-presidente Sergio Rial e o diretor de relações com investidores André Covre, comunicaram sua decisão de não permanecer com as Lojas Americanas. Ao todo, a companhia deve R$ 41.231.076.111,35 a grandes e pequenas empresas. Confira lista de todos os credores:

Bancos:
– Deutsche Bank:R$ 5,2 bilhões
– Bradesco: R$ 4,5 bilhões
– BTG Pactual: R$ 3,5 bilhões
– Itaú Unibanco: R$ 2,7 bilhões
– Banco do Brasil: R$ 1,3 bilhão
– Safra: R$ 2,5 bilhões
– Santander (Brasil): R$ 3,6 bilhões
– Votorantim: R$ 3,2 bilhões
– Caixa Econômica Federal: R$ 501 milhões

Empresas de tecnologia:
– Google: R$ 94 milhões
– Apple: R$ 98 milhões
– Facebook: R$ 11 milhões
– Ambev: R$ 4,1 milhões

Fabricantes de chocolates:
– Nestlé: R$ 259 milhões
– Mondelez: R$ 97 milhões
– Neugebauer: R$ 15 milhões
– Hershey: R$ 16,7 milhões

Fabricantes de eletrônicos:
– Samsung: R$ 1,2 bilhão
– Semp: R$ 70 milhões
– LG: R$ 52,8 milhões
– Lenovo: R$ 31 milhões
– Dell: R$ 36,8 milhões

Apesar das dívidas e dos processos, as Americanas afirmam que estão operando normalmente e negaram que irão falir. Leia a nota completa:

“Os últimos dias não foram fáceis e tivemos que entrar com pedido de recuperação judicial. Desde que descobrimos inconsistências contábeis em nossos balanços, agimos com serenidade e transparência para comunicar o fato e seguimos com o objetivo de negociar com nossos credores para encontrar uma solução rápida e funcional para todas as partes. Isso não foi possível. Esgotadas as negociações com os credores, nos vimos obrigados a nos proteger com este pedido na Justiça.

Sabemos que surgirão dúvidas sobre o nosso futuro. Por isso, é importante lembrar que a recuperação é apenas um recurso judicial utilizado para proteger nosso caixa para que possamos continuar em operação em nossas lojas, sites e aplicativo enquanto, em paralelo, seguimos em novas negociações com tais credores.

A Americanas é uma varejista quase centenária, que presta um serviço amplo à população, emprega mais de 100 mil pessoas direta e indiretamente, e tem um compromisso social forte de levar produtos acessíveis aos seus 53 milhões de clientes.
Somos milhares de funcionários e continuamos trabalhando com dedicação para atender você com a melhor experiência e manter essa companhia de pé. Seguiremos juntos para que a Americanas continue ativa e relevante no dia a dia de nosso país”.

– Assista agora:
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