VÍDEO – Veja como é o processo para tratar água que chega na casa dos blumenauenses
Responsável técnico comenta sobre a importância do consumo consciente da água, especialmente após os períodos de enchente
Até chegar na casa do consumidor blumenauense, a água passa por uma série de procedimentos para ser tratada e filtrada. O Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) de Blumenau realiza o trabalho de captação, tratamento, distribuição e análise da qualidade da água, que deve seguir os parâmetros exigidos na legislação.
De acordo com o responsável técnico do Samae, Janor Fernandes André, o Samae de Blumenau tem a certificação ISO 9001 – norma que trata sobre a padronização dos processos, o que, segundo ele, facilita no trabalho e faz com que a autarquia tenha todos os processos padronizados.
O rio Itajaí-Açu serve de manancial de água bruta, captada pelas estações de tratamento de água (ETA) do Samae. Segundo ele, o rio está categorizado como classe 2, o que significa que ainda é uma água relativamente boa.
Como funciona o tratamento da água
Após ser captada pela Estação de Tratamento, a água passa pelos processos de tratamento, que são a coagulação, floculação e decantação. Na primeira etapa a água recebe um produto para realizar a coagulação, que vai atrair as partículas. Na floculação, as partículas se agrupam e com isso seguem para a decantação, que vai separar a água da sujeira.
Depois disso, a água é filtrada e só então recebe os produtos químicos como flúor, cloro e também passa pelo controle de ph. Feito isso, a água é distribuída pela rede via bombeamento e reservatórios.
Segundo Janor, devido ao tratamento de esgoto que existe em Blumenau, a água que é captada pelo Samae atualmente está mais limpa do que no passado. “A BRK é a empresa terceirizada que trata o esgoto, e quanto mais ela sobe no percentual de tratamento, que a cada ano se eleva, a carga de poluição no rio diminui. Nós estamos vendo ao longo dos anos que o rio, pelo menos nessa parte de Blumenau, está mais limpo do que no passado”, explica.
O responsável técnico comenta que o que afeta o tratamento de água são os eventos meteorológicos, como a chuva em excesso ou as enchentes, pois o índice de turbidez – de sujeira – sobe e a ETA precisa ser parada mais vezes para fazer a limpeza do decantador, por exemplo, além de diminuir a vazão.
Janor também comenta que quando ocorre o despejo irregular no rio, como o de solventes, por exemplo, os colaboradores conseguem identificar antes, o que evita impactos no tratamento da água.
Em Blumenau há quatro estações de tratamento, sendo que a ETA 1 está no Museu da Água, no Centro, a ETA 2 – que é a maior e abastece 70% do município, fica no bairro Salto, a ETA 3 no Nova Rússia e a ETA 4 na Vila Itoupava.
Janor ressalta que a ETA produz água para consumo humano. “No passado tivemos alguns problemas relacionados a água de piscina, por exemplo. O pessoal comprava a nossa água, colocava na piscina e reclamava que a qualidade não estava boa, mas a nossa água é destinada para consumo humano, não para colocar na piscina”, salienta. A autarquia também colocou um comunicado na nota fiscal para deixar clara a informação para o consumidor.
Análises no laboratório
Janor comenta que para realizar o tratamento de água, o Samae precisa ter um profissional com Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) vinculado. Ele destaca que todas as ETAs têm laboratório físico-químico de controle, que a cada 30 minutos testa a qualidade da água para ver se atende os parâmetros.
De acordo com o profissional, o Samae deve seguir as legislações vigentes para a água tratada e para a água bruta. A Portaria de Consolidação nº 5 – alterado pela portaria 888/2021, define todos os parâmetros internos e externos de controle da água tratada, como ela deve ser entregue e a distribuição ao consumidor final. Já a resolução Conama 357 rege os corpos d’água, ou seja, os rios, e determina as análises e os planos de amostragem que devem ser realizados pela autarquia na água bruta.
“O Samae tem ISO 9001 então facilitou todos os nossos processos, principalmente o laboratório. Não existe laboratório sem padronização”, salienta. Segundo ele, apenas no laboratório são realizados mais de 50 procedimentos que envolvem desde o controle de qualidade da entrada de reagentes como o controle de qualidade da água das ETAs.
“Além das análises que eles fazem a cada meia hora para liberar a água para o reservatório e depois para a rede, nós também pegamos uma amostragem para confirmar. Isso é feito uma vez por semana, dependendo da ETA. A ETA II, como é a maior, nós fazemos duas vezes por mês”, explica.
Coleta das amostras
As coletas para análises ocorrem em todas as etapas de tratamento da água: bruta, coagulada, decantada, filtrada e tratada. Após todo o trabalho de análise, cabe ao responsável técnico inserir as informações no sistema da Anvisa, o Sisagua. O consumidor pode acompanhar todos os relatórios das análises realizadas no site da autarquia, na aba qualidade da água.
Para realizar esse trabalho, o Samae adquiriu um software em 2017 para automação e gestão dos laboratórios, que gerencia as análises. “Cada dia da semana temos uma rotina de amostragem na rede de distribuição. Fizemos coleta em todos os pontos, e se tiver reservatório na região é feita a coleta também. Levamos as amostras para o laboratório e executamos as análises”.
Dois pontos que são verificados in loco, durante a coleta da amostra, são o cloro e o ph da água. Depois as amostras são levadas para a sede da autarquia e são entregues aos laboratórios físico-químico e microbiológico. Os laboratórios recebem os mesmos números de amostras que devem ser coletadas nos mesmos pontos. Após os profissionais realizarem as análises, o laudo é entregue para Janor, que é responsável por liberar e cadastrar no sistema da Anvisa.
Segundo ele, essa análise na ponta da rede de distribuição vai verificar alguns itens como coliformes, a quantidade de flúor, turbidez, cor, entre outros. Caso seja identificado que algo está fora do padrão, a equipe de manutenção vai até o local para fazer uma descarga de rede, ou seja, abrir a tubulação para deixar a água fluir por alguns minutos para ser substituída pela água padronizada.
As análises no laboratório físico-químico levam cerca de 10 minutos. Já os relatórios no laboratório microbiológico ficam prontos após 24 horas. De acordo com o responsável técnico, o trabalho de coleta até a análise das amostras envolve 14 pessoas.
A cada novo ano, o Samae deve emitir o plano de amostragem com todas as análises que deverão ser feitas, os parâmetros e a frequência dos estudos em cada ETA e também na rede de distribuição.
“O Samae faz muito mais análises do que é necessário para se certificar de que o munícipe está consumindo água de qualidade. Para garantir, nós fazemos mais análises”, destaca. Segundo Janor, os parâmetros que o Samae não consegue analisar internamente são terceirizados por uma empresa contratada. Os laudos devem ser emitidos conforme determina a portaria, sendo que alguns são mensais, bimestrais, trimestrais e semestrais.
Importância do consumo consciente
O responsável técnico ainda acrescenta que em épocas de enchente o trabalho do Samae se intensifica. Com a alta turbidez da água, as estações de tratamento precisam ser limpas com mais frequência. Para isso, é necessário parar o tratamento de água.
“Se eu estiver com uma turbidez alta eu vou ter que parar a ETA mais vezes para lavar o decantador. Pode acontecer de dar intermitência lá fora, na rede de distribuição. Eu não consigo tratar a água sem lavar o decantador”, afirma.
Ele comenta que nesses períodos é importantíssimo a população usar a água com mais consciência, evitando lavar calçadas ou outras ações que usem muita água. Ele enfatiza que a normalização no serviço ocorre após alguns dias, e que é importante usar a água corretamente, especialmente após um período de enchente, para que ninguém fique sem.
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