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Vigilância Sanitária investiga possíveis casos de reinfecção de Covid-19 em Blumenau

Brasil já registrou o primeiro caso e Santa Catarina está com quatro suspeitos

Há uma semana, o Brasil confirmou o primeiro caso de reinfecção por Covid-19 no país. Em Santa Catarina, quatro casos suspeitos estão sendo investigados. Em Blumenau, infectologistas já levantam a possibilidade de pacientes se infectando com o vírus uma segunda vez.

Apesar de nenhum caso ter sido confirmado na cidade até o momento, pacientes com suspeita de reinfecção já estão sendo acompanhados pela Vigilância Sanitária do município.

De acordo com a médica infectologista da Secretaria de Promoção à Saúde de Blumenau Luísa Andrea Torres Salgado, uma série de critérios precisam ser seguidos para que a reinfecção seja confirmada.

Primeiramente, o paciente precisa ter dois resultados positivos de exame RT-PCR para Sars-CoV-2 com intervalo igual ou superior de 90 dias entre os episódios de infecção. Os resultados então seriam encaminhados para o laboratório especializado para se certificar de que os vírus são diferentes.

“Seguimos o protocolo do Ministério da Saúde e da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina. Já tivemos algumas notificações, mas nenhum caso que preenchesse os critérios”, explica a médica.

Segundo ela, caso um caso de reinfecção fosse confirmado em Blumenau, ele seria contabilizado como um novo paciente positivo na conta total. Até esta quarta-feira, 16, mais de 29,7 testes positivos já foram contabilizados.

Imunidade do vírus não é duradoura

O infectologista Amaury Mielle acredita que a crença de que os pacientes que sobreviveram ao coronavírus estão imunes à doença é um dos principais riscos da pandemia. Desde o início da quarentena, o médico alertou sobre as baixas possibilidades de os infectados se tornarem ilesos.

“Como o Brasil já está enfrentando a pandemia há seis meses, vamos ver cada vez mais casos como esse. As pessoas precisam ser alertadas que elas continuam no grupo de risco mesmo depois de pegar o vírus. Você não tem passaporte de imunidade. Apenas a vacina vai resolver”, alerta o especialista.

Amaury também se opõe ao uso do termo “recuperado” para os pacientes que já passaram pelo período de isolamento. Para ele, os sintomas que muitas vezes continuam mesmo após a “cura”, continuam afetando a vida da pessoa.

“Muitas pessoas desenvolvem a síndrome pós-Covid. Não recuperam paladar, têm lapso de memória, dificuldade de concentração, dores na cabeça e no corpo. Recuperado do quê? E o problema maior é que ninguém estuda esses casos no Brasil”, reflete.

Blumenauense testou positivo e faleceu após ser considerada recuperada

No fim de agosto, uma blumenauense de 59 anos faleceu quatro meses após ter sido considerada um caso recuperado de coronavírus. Leocadia da Silva começou a ter sintomas em abril e ficou isolada pelo período recomendado.

Em meados de julho, uma familiar que mora na mesma casa testou positivo e Leocadia voltou a ter sintomas da doença. Ao ser levada para o hospital, logo foi encaminhada à UTI. Porém, o pulmão já estava muito comprometido e ela não resistiu.

Arquivo pessoal

De acordo com o médico infectologista Amaury Mielle, uma nova exposição ao Sars-CoV-2 deveria ser mais branda do que a primeira. Afinal, o corpo já conhece o vírus e possui anticorpos. Entretanto, Leocadia era diabética e foi fortemente atacada pela recontaminação.

“Normalmente quando o pulmão é comprometido, como aconteceu com ela, é por conta de uma exposição a uma carga viral maior. Como a diabetes é considerada uma imunodeficiência, a imunidade fica mais delicada”, pondera.

Colaborou Victor Palmeira


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