Violência contra a mulher dispara em Blumenau e gera reação da polícia
Rede de proteção à mulher terá patrulha específica para visitar casas das vítimas
A Polícia Militar vai implantar em Blumenau a Rede Catarina de Proteção à Mulher. O programa, que deve ser inaugurado na semana que vem, tem como objetivo reduzir os índices de violência doméstica no município.
As estatísticas na cidade são alarmantes. Somente neste ano a Polícia Militar registrou 269 ocorrências, 114 a mais do que no ano passado. Cerca de 80 mulheres vítimas de violência são atendidas no PAEF – o Serviço de Proteção Especializado a Famílias e Indivíduos. Segundo dados da Polícia civil, em 2017 também já foram registrados quatro feminicídios.
A última vítima foi Roseli Caldas Costa, de 44 anos, que morreu após ter o corpo queimado pelo marido. Carlos Costa, de 47 anos, não aceitava separação. Segundo testemunhas, ele jogou gasolina e ateou fogo na ex-mulher e no filho mais novo de 11 anos, que ainda está internado em estado grave. A filha mais velha do casal conta que Roseli havia feito cinco Boletins de Ocorrência e conseguido uma ação judicial para afastá-lo da casa. Medidas que não foram suficientes para evitar a tragédia.
O programa já foi implantado em algumas cidades de Santa Catarina, entre elas Balneário Camboriú, Chapecó, Criciúma e Florianópolis. Em Blumenau, as atividades devem começar na próxima segunda-feira.
Segundo a tenente Karla Medeiros, a cidade vai ter uma patrulha especifica, com policiais femininas, para acompanhar os casos de violência doméstica.
“Nós vamos trabalhar sobre duas vertentes. A gente vai fazer a fiscalização das medidas protetivas de urgência, fazendo visitas periódicas nas casas das vítimas. E também vamos atender denúncias da comunidade”.
Mais detalhes de como funcionará o serviço serão divulgados na próxima semana.
Segundo a diretora da Secretaria de Desenvolvimento Social, Maria Augusta Butterndorf, muitas mulheres não sabem como proceder para denunciar uma situação de violência:
“A gente identifica que em muitas situações elas não sabem a quem recorrer. Se buscam a Polícia Militar ou a Polícia Civil…. E no calor da situação elas têm várias dificuldades para entender o que acontece na delegacia. A mulher também precisa ter força de vontade para dar continuidade à denuncia e romper o ciclo de violência”.
A coordenadora do abrigo Casa Eliza, Tânia Maria Adriano, explica que é necessário seguir todos os tramites do processo para denunciar o agressor:
“Muitas mulheres têm o hábito de achar que o Boletim de Ocorrência é suficiente. Não basta fazer o BO, elas precisam pedir na delegacia para abrir inquérito policial, processar o companheiro e pedir medida protetiva ou até a prisão preventiva dele, se for necessário.
Segundo a tenente Karla Medeiros, da Polícia Militar, o Programa Catarina de Proteção à Mulher vai ajudar a disseminar as informações para prevenir esses casos de violência doméstica:
– Nós vamos capacitar o nosso pessoal, juntamente com toda rede de proteção à mulher, para informar a comunidade sobre os seus direitos. Muitas dessas mulheres não fazem nada porque não sabem a quem recorrer.