Volta por cima: conheça histórias de blumenauenses que mudaram de profissão por conta da pandemia
Especial relata mudanças bruscas na carreira de três moradores de Blumenau
O Dia do Trabalhador está sendo “comemorado” pela segunda vez durante a pandemia. Como muito já se noticiou, muitos trabalhadores perderam emprego ou precisaram se reinventar durante esse período que já ultrapassou um ano, desde março de 2020.
E foi pensando nisso que o jornal O Município Blumenau resolveu contar a história de três pessoas que precisaram parar de trabalhar devido à pandemia, mas conseguiram dar a volta por cima para continuar no mercado de trabalho. As histórias vão desde um dançarino que se tornou garçom, até uma professora que abriu o próprio negócio de designer de unhas. Conheça todas elas a partir de agora.
Alexandro Oliveira Dias, mais conhecido como Leco, trabalhou a vida inteira com eventos. Ele é técnico/operador de áudio e atuava em formaturas, casamentos, aniversários e com bandas. Também já foi DJ durante 15 anos, desde a época do vinil.
Mas chegada a pandemia, a situação complicou totalmente, já que o setor em que ele atua foi um dos mais – ou até o mais – prejudicado durante esse período. Com eventos cancelados, casas noturnas fechadas, os trabalhos foram sumindo e as reservas sendo utilizadas para pagar as contas.
Se vendo nesta situação, não houve outra alternativa a não ser encontrar uma nova função no mercado de trabalho. Aí foi então que a família da esposa de Leco entrou. A cunhada dele é proprietária de uma padaria e o convidou para realizar as entregas dos pães, bolos e quitutes que ela produz.
“Topei na hora, no começo era eu e o Júnior, que é meu sobrinho. Saíamos pra vender, e no som no carro tinha um jingle falando dos produtos. Aprendi muito com o Júnior, eu dirigia e ele vendia”, contou Leco, que já está nessa função há 11 meses.
Após o período de aprendizado com o sobrinho, Leco atualmente faz tudo sozinho. Sai de casa pela madrugada dirigindo pelas ruas da cidade oferecendo e vendendo os produtos. Ele conta ainda que nessa atividade teve a oportunidade de encontrar pessoas que há muito tempo não via.
“Reencontrei vários amigos, vizinhos, e fiz novas amizades, de várias idades. Tem crianças que me chamam de pandeiro [em alusão a padeiro]. Eles falam ‘mãe, lá vem o pandeiro’. Daí eu brinco que sou só o motorista. Mas sinto muita falta do meu segmento”, relata.
Aliás, por sentir tanta falta da profissão de sua vida, Leco diz que não vê a hora dos eventos retornarem para ele voltar a fazer o que ama. Mas que mesmo assim não irá abandonar totalmente a nova função e continuará ajudando na padaria e os clientes, o qual criou carinho.
Glaucia Kuhnen Schmitt teve uma mudança radical na carreira durante a pandemia. Formada em Educação Física e graduanda em Pedagogia, ela estava atuando em uma escola particular da cidade como professora.
A pandemia chegou e a unidade escolar decidiu terceirizar a função dela, resultando em sua demissão. Desde então, ela procurou outras vagas como professora, mas com as escolas fechadas e outros reflexos da Covid-19, Glaucia não obteve sucesso.
Diante disso, ela investiu os recursos da rescisão do último emprego para fazer um curso de alongamentos de unha, conhecidos como nail designer. Ela aprendeu a nova atividade e continuou se especializando até estar preparada e abrir o seu próprio negócio como Micro Empreendedora Individual (MEI).
“Eu tinha um espaço aqui na minha casa e comecei a atender. Isso até foi bom, porque trabalho em casa e posso ficar de olho no meu filho, que tem problema de saúde e não pode ir à escola”, conta Gláucia.
O trabalho deu certo, ela conseguiu várias clientes e principalmente, pagar as contas de casa. Porém, também devido à pandemia, ela conta que passa por alguns “altos e baixos”, já que por algumas vezes não pôde atender ou algumas clientes deixaram de ir.
“Tem gente também que perdeu o emprego e quando tinha o auxílio até conseguia vir, mas como ele acabou, elas pararam”.
Devido a essas incertezas da nova profissão, somado ao desejo que tem de voltar a dar aula, Glaucia conta que quando se formar e tudo normalizar quer voltar a procurar emprego como professora. Mas mesmo assim, quer deixar algumas horas reservadas para as clientes que conquistou.
A mudança de Leonardo Sampaio Fernandes não foi apenas de profissão, mas também de estado. Ele era dançarino em Belo Horizonte – Minas Gerais, e atualmente trabalha como garçom no hotel Himmeblau, em Blumenau.
No estado mineiro, ele estudava música e alternava com a dança. Com o tempo passando, ele foi focando cada vez mais na carreira como dançarino e além de participar de grupos e fazer apresentações em eventos, se tornou professor de dança.
Foram várias as apresentações que ele participou. Mas era como professor que ele conseguia ganhar mais dinheiro e pagar as contas. Com a chegada da pandemia, os eventos pararam, as aulas de dança foram sendo canceladas, mas as contas não.
Com a situação insustentável ele teve que retornar para Ouro Branco (MG), na casa dos pais, onde ficou por alguns meses até saber de uma oportunidade de emprego em Blumenau, como garçom em um hotel.
“Meu primo mora aqui, ele comentou sobre essa vaga e eu decidi vir. Morei com ele por uns 15 dias mais ou menos, e depois encontrei uma república, onde estou atualmente”, explica Leonardo.
Ser garçom não é profissão que ele quer continuar para vida inteira. Porém, é a que está pagando as contas e deixando que ele possa investir em uma nova carreira. Ele esta fazendo diversos cursos sobre terapias de medicina chinesa, como acupuntura, aromaterapia, massagens., entre outros.
“To me especializando e pretendo me dedicar a isso futuramente. Hoje o trabalho de garçom me dá a estabilidade que preciso, até para estar bem preparado” conta.
Mas ele não deixou a profissão de dançarino de lado. O grupo em que ele fazia apresentações, (BeHoppers) ainda existe. Leonardo faz questão de destacar que quer vai voltar a dançar quando a pandemia acabar.