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Waldir Padilha: “Nunca tivemos assalto com um planejamento estratégico desse nível”

Delegado que atuou 30 anos na região acredita que informações privilegiadas permitiram ataque a um avião no Quero-Quero

Um crime sem precedentes na história de Blumenau e do Médio Vale do Itajaí. Assim o assalto a um avião da Brinks Logística de Valores no aeroporto Quero-Quero, nesta sexta-feira, 15, é classificado pelo veterano delegado Waldir César Padilha, que atuou 30 anos na região.

Homens fortemente armados invadiram pista do aeroporto às 15h10 desta quinta-feira, atacaram carros-fortes e roubaram um malote que acabara de chegar em um avião. Dois vigilantes da empresa ficaram feridos nas pernas e uma mulher de 22 anos morreu atingida por balas perdidas em uma indústria vizinha.

Nem Padilha e nem a diretora do Arquivo Histórico José Ferreira da Silva, Sueli Petry, têm na memória um crime tão planejado, violento e grave.

“Na região, que eu saiba, não tivemos nada com um planejamento estratégico desse nível. Foi a primeira vez. Trabalho aqui há 30 anos e acredito que esse seja o assalto mais audacioso que já tivemos”, avaliou Padilha.

Ao resgatar grandes assaltos ocorridos em Blumenau, ambos imediatamente relacionaram o crime com o assalto à agência do Besc da rua XV de Novembro, em julho de 1997. À época, três homens armados com pistolas automáticas e revólveres invadiram o banco às 15h e levaram R$ 980 mil. Um vigia foi morto com quatro tiros no peito e uma cliente ficou ferida.

“A população ficou bastante impactada na época, porque, para nós, Blumenau ainda era uma cidade pacata. Mas agora, com esse novo acontecimento, é assustador. Há uma necessidade urgentíssima de que haja uma maior segurança ou que mudem os modos de trazer essas grandes quantidades de dinheiro”, avaliou Sueli.

Para Padilha, o assalto ao Besc foi bem menos planejado do que o do aeroporto. O policial aposentado ficou impressionado com a estrutura envolvida e com a precisão do ataque.

“Essa é uma quadrilha especializada, com todo um planejamento. Acredito, mas aí é um achismo da minha parte, que é um fato que pode ser considerado isolado. Eles não vão voltar logo em seguida e aplicar um novo assalto. Mas vamos aguardar a investigação. Acredito que não vai ser muito difícil ao menos identificar a quadrilha, que é a prioridade agora”, presumiu Padilha.

O policial ressalvou que somente a investigação poderá trazer respostas definitivas sobre o crime, mas acredita que o planejamento do assalto exigiu informações privilegiadas, provavelmente fornecidas por alguém de dentro da operação da empresa.

Investigação

O delegado geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Paulo Koerich, disse que nenhuma informação sobre a investigação será divulgada para não atrapalhar as investigações. Ele garantiu que as equipes de Blumenau receberão reforços para solucionar o crime e prender os envolvidos.