Projeto Bugio usa mosquiteiros para proteger animais da febre amarela

Dezessete animais já foram recolhidos e encaminhados para testes em Florianópolis

Após a confirmação da morte de um macaco por febre amarela em Santa Catarina, o Projeto Bugio tomou medidas para proteger os primatas mantidos em cativeiro no Centro de Pesquisas Biológicas de Indaial. O projeto é mantido pela Furb e pela prefeitura de Indaial.

Mosquiteiros gigantes foram instalados nas gaiolas onde ficam os 51 animais recolhidos. Permanecem em cativeiro bugios vítimas de acidentes e que não têm mais condições de serem reinseridos na natureza.

Os bichos foram protegidos contra o mosquito transmissor da doença. Isso porque 17 primatas recolhidos com suspeita de febre amarela foram levados para Florianópolis. Exames vão confirmar se foram vítimas da doença ou não.

“Apesar de que o primeiro caso confirmado veio depois da primeira morte de uma pessoa, é muito provável que outros macacos morreram antes e não foram detectados. Nós consideramos que o vírus já esta circulando. Por isso é tão importante que a população contate a vigilância epidemiológica quando vê um bugio morto”, explica o médico veterinário Julio Cesar de Souza Júnior, responsável pelo Projeto Bugio.

Bugio não representa risco

O animal não representa risco para a população. Ele é apenas um hospedeiro da doença, assim como o ser humano, e não transmite a febre amarela. É o mosquito que leva o vírus de um portador a um indivíduo saudável. Macacos que contraem a doença não sobrevivem.

A espécie está ameaçada de extinção desde 2014 devido à disseminação da febre amarela Brasil afora e da devastação da Mata Atlântica. Em algumas regiões brasileiras, a doença devastou populações inteiras da espécie.

A estimativa é de que existam cerca de 10 mil bugios nas áreas de mata de Blumenau. A volta do vírus da febre amarela representa risco real de uma diminuição importante dessa população.

Alice Kienen

Sentinelas

A preservação e acompanhamento dos primatas é vital para o combate à febre amarela. Por serem mais sensíveis aos efeitos da doença, eles permitem que a evolução do vírus seja acompanhada e controlada antes de afetar seres humanos. Dessa forma, eles funcionam como vigilantes da saúde pública.

“Os animais são nossos sentinelas. Não existe outra tecnologia disponível na região para detectar o vírus, apenas óbitos humanos ou de primatas”, explica o veterinário.

 

Alice Kienen

O que fazer

Caso um bugio morto ou doente seja encontrado, a recomendação é que a vigilância epidemiológica do município seja alertada imediatamente. Em Blumenau, ela atende pelo número 3381-7900. Em casos ocorridos na região, o Projeto Bugio também pode ser contactado pelo 3333-3878. Também é importante não entrar em contato direto com o animal.

Moradores de regiões em que é possível encontrar os primatas também devem ficar atentos ao comportamento dos animais. Caso os bugios estejam mais silenciosos do que de costume, deslocando-se com dificuldade ou passando muito tempo no mesmo local, especialmente no chão, a vigilância epidemiológica também deve ser notificada.

“Os principais casos que chegam aqui são envolvendo atropelamentos, ataques de cães ou choque na rede elétrica. Porém, todos são examinados, pois tudo isso pode ter acontecido por ele estar doente e não conseguir reagir”, explica Souza.

Prevenção

A Prefeitura de Blumenau conta com uma campanha de vacinação desde fevereiro. Quarenta mil vacinas já foram aplicadas somente neste ano. Para atender a um maior número de blumenauenses, o horário de atendimento das salas de vacina dos sete ambulatórios gerais (AG) do município foi ampliado até as 20h30.

Além disso, outras 40 salas de vacina funcionam no município e possuem disponíveis doses contra a febre amarela.

Neste sábado, os ambulatórios gerais da Velha e do Garcia estarão vacinando pela manhã.

A imunização contra a febre amarela é feita apenas uma vez, ou seja, pessoas que já se vacinaram não precisam tomar nova dose. Entretanto, o efeito da vacina só começa dez dias após a aplicação.

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