Apaixonado por antiguidades, blumenauense já revendeu mais de 5 mil itens; confira imagens
Geislon Rodrigues é um dos maiores especialistas em automobilia do país
Tudo começou com um carro antigo. Em 2006, o blumenauense Geislon Rodrigues comprou um Fusca 1996 planejando restaurá-lo. Participando de fóruns do tema e revirando ferros velhos, ele acabou encontrando várias peças que sabia que eram interessantes para outros restauradores.
O que começou como um hobby, hoje é o trabalho dele. Com enfoque em automobilia (itens de decoração relacionados a automóveis), Geislon vende peças de antiguidade na internet. Desde o início, mais de 5 mil itens já foram revendidos por ele. Geilson conta com um perfil no Instagram no qual apresenta o seu catálogo de itens.
“Foi um processo natural. Só queria restaurar meu carro, mas como passava o dia inteiro fuçando e trocando informações em fóruns sabia que muitos dos itens eram raros nos grandes centros”, lembra.
Em 2012, ele percebeu que a atividade estava rendendo mais do que o emprego como produtor de vídeos. Com um empurrão de amigos, ele aceitou que deveria seguir esse caminho e passou a se dedicar às antiguidades. De início, ele viajava muito. Saía de casa sem rumo e passava dias garimpando em ferros-velhos, sucatas, postos de combustíveis e borracharias.
“Não tem nada melhor em cidade pequena do que parar em um boteco antigo. O pessoal conhece tudo. Sabe quais famílias têm antiguidades. Pedia uma Coca e começava a conversar. O mais legal de garimpar são as pessoas que você conhece”, conta.
A especialidade de Geislon são placas esmaltadas, ramo no qual ele é um dos maiores conhecedores do Brasil. As bombas de combustíveis também fazem sucesso – após o restauro, podem chegar a valer R$ 15 mil.
Como o blumenauense ficou conhecido no ramo, atualmente acaba recebendo muitas peças e abriu mão das viagens. Entretanto, já chegou a ir até países vizinhos como Uruguai e Argentina para garimpar antiguidades.
Tudo começou com um rádio
A paixão por antiguidades de Geislon é de família. A primeira memória dele é de um rádio antigo que o pai mandou reformar. “Eu era pequeno e ficamos bobos. Tinha também uma lamparina de querosene que adorávamos. O gosto começou ali e hoje a casa virou um mausoléu”, brinca
Além disso, antiguidades sempre serviram como itens de decoração para os pais dele. Apesar da influência, Geislon conta que na adolescência largou mão do interesse. Foi só na vida adulta que a paixão reacendeu.
“No fim das contas nunca restaurei aquele primeiro Fusca. Só um 1962 que comprei depois. Mas comprei outros, assim como Fiats 147, Kombis… Já tive carros antigos únicos no Brasil. Um Gurgel que era protótipo, nunca saiu na linha de produção. Se aparecer um carro antigo eu compro”, afirma.
Hoje, aos 39, Geislon apenas aproveita a liberdade de trabalhar com o que ama. Um planejador nato durante toda a juventude, admite que a incerteza do trabalho tira o sono dele. Afinal, as mercadorias antigas se tornam cada dia mais escassas.
“Eu ficaria muito feliz se todo mundo pudesse ter o prazer de trabalhar com o que gosta. Desde que me tornei autônomo não consegui fazer nenhuma prestação, mas não tem preço não ter compromisso com ninguém e trabalhar para si”, comenta.
Paixão por Blumenau
Blumenauense nato, Geislon tem um carinho especial pela história da cidade. Dentre os itens que coleciona, estão muitos dos comemorativos criados para o centenário da cidade. Em 2018, ele lançou um livro sobre o propagandista alemão Bernard Scheidemantel.
Primeiro fotógrafo da cidade, ele também foi pioneiro da propaganda e fundou em 1883 um dos primeiros jornais do Vale do Itajaí, o Immigrant. Geislon tem contato com Scheidemantel desde 2006, quando descobriu o personagem durante as pesquisas de um trabalho acadêmico no Arquivo Histórico de Blumenau.
Entretanto, o item que mais orgulha ele é parte da história blumenauense. A primeira caixa registradora da Ótica Husadel, datada de 1913, que ainda funciona perfeitamente. A máquina foi encontrada no litoral catarinense.
“Fiquei sem acreditar que era minha. Ela me encontrou. Muitas peças que eu quero muito me encontram. No começo eu ficava chateado quando não achava algo, mas hoje sei que não era pra ser minha”, explica.