Após ajuda de pastor, trio acusado de assassinar mulher no Vale do Itajaí vai a júri popular

Religioso convenceu um dos envolvidos a confessar

O trio acusado de assassinar Débora Custódio Arruda, de 56 anos, em Balneário Piçarras, no Vale do Itajaí, vai a júri popular. Andamento da investigação contou com a ajuda de um pastor que orientou e levou um dos envolvidos à delegacia para confessar o crime.

A tese de latrocínio, previamente levantada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), foi rejeitada, porque os suspeitos não tinham intenção de se apropriar de qualquer bem da vítima. A sentença de pronúncia foi publicada pelo juiz Luiz Carlos Vailati Júnior, titular da 2ª Vara da comarca de Balneário Piçarras.

Crime

O assassinato ocorreu no começo de maio deste ano em Balneário Piçarras e o carro da vítima foi encontrado dias depois em Guaratuba (PR). Já o corpo foi localizado em Joinville, descoberto por um cachorro dois meses após o desaparecimento, em avançado estado de decomposição.

Em investigação, foi possível verificar que três homens entraram no veículo da vítima, um Volkswagen CrossFox, em Balneário Piçarras e seguiram rumo à praia. Também foi apurado que no local todos teriam consumido álcool e drogas. Em seguida, já com a vítima não mais ao volante, um dos passageiros a estrangulou, o outro cooperou com a ação e o terceiro permaneceu na direção.

Eles teriam deixado o corpo da mulher às margens da BR-101 e fugido para o estado do Paraná. Posteriormente, o veículo e o cachorro da vítima, que estava no carro, foram encontrados, em Guaratuba, no dia 12 de maio.

Confissão

Logo após o crime, o trio buscou atendimento em uma clínica de reabilitação de dependentes químicos na cidade de Guaratuba. Lá, um dos envolvidos, de 23 anos, teria se arrependido do homicídio e contou o acontecido para um pastor, que o levou até a delegacia, onde confessou o delito.

Na sua versão, ele teria agido sozinho. O jovem contou aos policiais que ele e a vítima estavam ingerindo bebida alcoólica e entorpecentes, quando ele começou a estrangular ela dentro do carro. Após a mulher ficar inconsciente, ele teria assumido a direção do veículo e dirigido até um terreno baldio, onde estrangulou ela até a morte.

O homem disse que, só então, teria voltado a dirigir e dado carona a duas pessoas. Na sua confissão ele disse que contou aos passageiros que a vítima era sua esposa e que ela estava dormindo sob efeito de medicamento, para não levantar suspeitas. Quando os passageiros desembarcaram, ele se livrou do corpo.

Apesar da confissão, a versão foi refutada pela polícia e o MP-SC. “O cenário apresentado aponta que todos participaram em algum grau da morte”, destaca a decisão do juiz.

A partir da confissão e dos elementos de prova colhidos pela investigação da Polícia Civil de Balneário Piçarras, os homens foram presos cerca de um mês depois do crime e permanecem detidos atualmente.

“Ressalto que não há indícios nos autos de qualquer tentativa de venda do automóvel e de suas peças para configurar o delito patrimonial, sem contar que o abandono do carro vai de encontro à tese de apropriação do bem e ao encontro de que os réus se utilizaram do veículo para tentar fugir e ocultar o crime de homicídio”, finalizou Luiz Carlos, ao justificar o não acolhimento da tese de latrocínio e destacar a soberania do Tribunal do Júri para decidir sobre crimes dolosos contra a vida.

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