Entenda o impacto do aumento do combustível nos setores do transporte de Blumenau
Novo reajuste nos preços afetou desde motoristas de aplicativo, até transportadoras da região
Na última semana a Petrobras anunciou um novo reajuste nos preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras. Na sexta-feira, 11, os postos de combustível de Blumenau já amanheceram com valores acima de R$ 7,00 na gasolina.
O aumento do preço nos combustíveis reflete diretamente em todos os setores da economia, afetando também os trabalhadores que possuem o transporte como fonte de renda.
Motoristas de aplicativo
Sérgio Luiz Zoz, tem 54 anos e é motorista de aplicativo de Blumenau. Ele afirma que apesar de o novo aumento não ter sido uma surpresa, sempre atinge fortemente o trabalho destes trabalhadores, dificultando continuar o exercício da profissão.
“Com esse novo aumento, que não nos pegou de surpresa, mas nos atingiu sem um preparo financeiro para isso, a tendência dos motoristas que ficam é mudar para o álcool e GNV, e torcer para que as coisas melhorem, para que ainda seja possível exercer a profissão”, relata Sérgio.
De acordo com o motorista, a Uber começou a funcionar em Blumenau em novembro de 2016, época em que o litro da gasolina custava em torno de R$ R$ 3,69, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
“No começo as atividades de transporte por aplicativo eram muito rentáveis, por conta do preço justo cobrado pelos combustíveis. Havia muitas corridas e não tínhamos tantas despesas como temos hoje. Atualmente, está quase insustentável”, desabafa Sérgio.
Sérgio também comenta sobre a desistência de alguns motoristas pelo trabalho e explica as raízes dos desafios relacionados à qualidade do serviço que o transporte por aplicativo vem enfrentando atualmente.
“Com os aumentos do preço dos combustíveis e as mudanças nas regras dos aplicativos, que passaram a beneficiar apenas as plataformas e a desvalorizar o nosso trabalho, começou a acontecer um movimento de saída dos motoristas. E os que ficaram começavam a escolher corrida, demorar para chegar até o passageiro, tudo isso diminuiu muito a qualidade do serviço”, relata.
Transportadoras
Outro setor que também é diretamente afetado com a alta dos combustíveis, são as transportadoras. Apesar da comoção relacionada ao valor da gasolina, o diesel também teve um impactante aumento, sofrendo uma variação de R$ 0,81 por litro.
Diego Leonardo Rosa é o gerente comercial da transportadora Trans SD, em Blumenau. Ele relata que antes da alta nos preços dos combustíveis, a expectativa da empresa era de crescimento, no entanto, agora o cenário está incerto.
O gerente comercial afirma que o aumento prejudica a operação da empresa, afinal, o combustível é o principal insumo utilizado no ramo. Segundo ele, a procura por serviço também diminui após esses aumentos: “O mercado como um todo acaba se retraindo e as empresas muitas vezes acabam dando uma freada”.
Além disso, Diego também comenta sobre o prejuízo causado quando o novo custo não é aplicado em cima do valor cobrado aos clientes: “As empresas de transporte não conseguem repassar os novos custos aos clientes e acabam absorvendo, gerando um prejuízo em algumas situações”.
Motoboys
Rodrigo Fellipe dos Santos tem 29 anos e exerce a profissão de motoboy há 10 anos em Blumenau e região. De acordo com ele, mesmo com os aumentos na gasolina, a taxa de entrega que ele trabalha, continua na mesma faixa de valor.
“O preço da gasolina antigamente girava em torno de R$ 2 e agora está R$ 7, e nós não temos um padrão de taxa. Muitas vezes continuamos trabalhando com a mesma taxa de anos atrás. As casas acabam usando da oferta e demanda, eles oferecem um valor e você aceita se quiser, mas se não aceitar, a pessoa fica sem trabalhar e passa fome”.
O motoboy também ressalta que está cada vez mais difícil arcar com os custos para seguir conseguindo trabalhar. “O pior é que não aumenta só a gasolina, o nosso veículo se deteriora e a gente acaba tirando do nosso bolso para arrumar. O custo para manter a moto na rua aumentou muito”.
Assim como os motoristas de aplicativo, Rodrigo conta que muitos motoboys também estão desistindo da profissão. “Estou vendo motoboys com 30 anos de carreira fazendo cursos técnicos para poder abandonar essa profissão, afinal, além de ainda ser mal vista pela sociedade, é muito desvalorizada”.
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