Comerciantes da rua Humberto de Campos sentem no bolso o reflexo das obras
Obras de drenagem e duplicação vão afetar o fluxo de veículos e pessoas por até nove meses
Por Bianca Bertoli e Julia S. Schaefer
As obras no trecho da rua Humberto de Campos entre o Parque Vila Germânica e o Terminal da Proeb prometem melhorar o fluxo de veículos no futuro. Mas no presente viraram sinônimo de prejuízo e dor de cabeça para o comércio local.
Há estabelecimentos que contabilizam queda de 30% no faturamento de janeiro por causa das alterações no trânsito. E o recente surgimento de rachaduras, que levaram à interdição total da via nesta semana, piorou a situação. Segundo o secretário de Infraestrutura de Blumenau, Régis Evaloir Silva, a via deve ser reaberta para o trânsito local, de comerciantes e clientes, até esta sexta-feira, dia 1º. Mas as obras vão continuar por nove meses.
A situação dos comerciantes
Desde o dia 16, quando as obras de macrodrenagem para a duplicação da via começaram, quem pode evita passar pela região. Na academia Byo Gym, alunos novos, que nesta época do ano costumam buscar informações sobre matrículas, desapareceram.
“Antes das obras, todo dia recebíamos visitas de pessoas interessadas. Agora tem dia que não aparece ninguém. O movimento está péssimo, caiu entre 25% e 30%. A dificuldade de acesso está afugentado meus clientes”, lamentou o proprietário, Giovani Busnardo.
O empresário cogita construir uma entrada alternativa na parte de trás da academia, mas para isso precisará desembolsar mais de R$ 15 mil. Para produzir material de orientações com mapas aos clientes e quatro placas de trânsito, Busnardo pagou mais de R$ 2 mil.
Restaurantes e bares da região também sofrem com a redução no fluxo de pessoas em meio às máquinas e operários. A proprietária do Varanda da Vila, Susana Cristina Antunes, diz que, mesmo explicando aos clientes como chegar ao estabelecimento, eles acabam preferindo locais menos tumultuados.
“Não há como não sermos afetados. Mesmo oferecendo comida de qualidade, as pessoas estão deixando de vir para cá neste período”, lamenta.
O gerente da DVA Pneus também providenciou sinalizações para orientar os clientes. Segundo Evandro Krauss, há dificuldades de comunicação entre os servidores públicos que atendem as pessoas na Humberto de Campos:
“Nós tínhamos passagem liberada aqui (para os clientes que saem da loja e vão em direção à rua 7 de Setembro), uma hora mudou e não estava mais liberada, mas depois voltou a estar”, exemplifica.
Apesar dos desencontros, os comerciantes foram unânimes em dizer que, quando precisam dialogar com a prefeitura, há receptividade.
“A única coisa é que nós temos que correr atrás. Por exemplo, terça teve a interdição total e ninguém nos avisou, foram dois clientes que ligaram avisando, aí que fui me inteirar do assunto”, resume o gerente.
A Auto Center Blumenau não foge à regra. Mesmo depois de os proprietários instalarem cavaletes rua João Pessoa para indicar o caminho para a loja, o movimento caiu.
“A loja costuma sempre estar cheia. Antes do início das obras, costumávamos atender uma média de 60 a 80 carros por dia. Hoje (quarta), por exemplo, não vai chegar a 20”, lamenta Juliana Caroline Coelho, que trabalha no estabelecimento.
Prefeitura afirma ter informado lojistas
O secretário Régis Evaloir Silva alega que os comerciantes da região foram avisados antes mesmo da imprensa, em dezembro do ano passado. Servidores públicos conversaram pontualmente com cada estabelecimento. De acordo com ele, na ocasião foi entregue um documento com todas as informações sobre como ocorreriam as obras, e quais seriam as formas de acesso.
De acordo com o Chefe da Guarda Municipal de Trânsito, Jailson Rogério Cândido, a orientação é de que as pessoas procurem usar as transversais da rua Humberto de Campos, além da João Pessoa e Almirante Tamandaré, para chegar aos estabelecimentos. Guardas de trânsito continuam no local diariamente para orientar os motoristas.