A Câmara de Vereadores realizou na noite desta quinta-feira, 24, uma audiência pública visando discutir e esclarecer questões referentes à regularização fundiária em Blumenau. Este debate, que aconteceu no Plenário do Legislativo municipal, foi solicitado pelo suplente de vereador Ronaldo Régis (Cidadania) durante a sua passagem pelo Legislativo, por meio do Requerimento nº 1225/2023 e aprovado pelos demais parlamentares em Plenário.
Estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal, Almir Vieira (PP); o vice-presidente da Câmara, Maurício Goll (PSDB); o ex-vereador Ronaldo Régis, proponente da audiência pública; a segunda secretária da Câmara Municipal, Cristiane Loureiro (Podemos); os Adriano Pereira (PT) e João Beltrame (Podemos). Além deles, a secretária municipal de Desenvolvimento Social, Patrícia Morastoni Sasse; o diretor de Regularização Fundiária do município, Adriano da Cunha e demais integrantes da equipe de Regularização Fundiária. O presidente da Associação para o Desenvolvimento Habitacional Sustentável de Santa Catarina (ADEHASC), Djalma Morell; o presidente da União Blumenauense das Associações de Moradores (Uniblam), Cleber dos Santos, e comunidade em geral, incluindo moradores do Loteamento Cleber e do Loteamento Água Verde II também estiveram presentes.
Esclarecer dúvidas
No início da audiência, o diretor de Regularização Fundiária do município, Adriano da Cunha, fez uma apresentação sobre os trabalhos desenvolvidos pela equipe, apontando que o objetivo da apresentação foi trazer algumas informações e esclarecer dúvidas relacionadas às questões da regularização fundiária no município. Ele apresentou a equipe da Diretoria de Regularização Fundiária, que está vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. Explicou que a linha de trabalho é com a regularização fundiária plena das comunidades, trabalhando a instrumentalização do processo, as melhorias urbanísticas das áreas e a parte de títulos, a fim de trazer dignidade para as comunidades carentes.
O diretor ainda apresentou as duas modalidades de Reurb: Reurb S – Interesse Social e Reurb E – Interesse Específico, apontando que a Reurb S trabalha com a regularização fundiária em núcleos urbanos informais ocupados pela população de baixa renda, ou seja, com a renda familiar não ultrapasse três salários mínimos. Já a Reurb E é aplicável em núcleos urbanos informais ocupados por população que não se enquadre nesta classificação.
Ele trouxe um histórico das ocupações irregulares em Blumenau, apontando que já foram identificadas uma estimativa de 13.777 lotes em situação irregular, o que representa 16% do total de lotes do município. O município também identificou 55 núcleos urbanos informais, dos quais 17 deles são considerados Zonas de Especial Interesse Social – Zeis. Também identificou que aproximadamente 2680 lotes estão localizados nas 17 Zeis.
Levantamento topográfico
O diretor também apresentou algumas benfeitorias e ações que estão em processo de regularização. Citou o Horto Florestal e também citou outras áreas com Reurb-S já instauradas, como a Vila Vitória, Vila Jensen, Loteamento Vereador Romário Badia e Loteamento Fritz Koegler. “Nessas áreas já foram concluídas a denominação de vias e a numeração das edificações, assim como estamos levando as obras de infraestrutura. Estão em processo de regularização”.
“Nós estávamos na etapa de levantamento topográfico, que é uma das etapas finais para emitir as certidões de regularização fundiária e fazer a entrega das escrituras dos lotes, mas nós tivemos que suspender esse processo de levantamento topográfico, que nós já tínhamos lançado a licitação, por conta de uma ação judicial. O processo está travado por conta da ação judicial, mas estamos trabalhando outras alternativas para conseguir fechar o processo de regularização e conseguir entregar os títulos dessas áreas”, explicou, citando essas áreas como a Vila Vitória, Vila União, Vila Jensen e Loteamento Vereador Romário Badia, que são tratadas como prioritárias pela pasta.
Também apontou as áreas futuras que são prioridade da pasta para a instauração do processo de regularização fundiária, citando a Vila Bromberg, a Vila União e o Morro Dona Edith. “Já levamos infraestrutura para essas comunidades. Já para as áreas Morro da Figueira, Morro da Garuva e Morro do Arthur ainda não tem infraestrutura”. O diretor ainda ressaltou que foram feitos investimentos nas áreas Vila Vitória, Vila União, Vila Jensen e Vila Bromberg de cerca de R$ 6 milhões em obras de infraestrutura.
Na parte da Reurb E – Interesse Específico, Adriano da Cunha informou que foram registrados 70 processos de Reurb – E de empresas junto ao município, dos quais apenas cinco processos foram qualificados e que tinham a documentação mínima para dar seguimento. “A nossa ideia é fazer alterações na legislação para conseguir atender melhor essa área específica que é a regularização de interesse específico em que são as empresas que são responsáveis por entrar com o processo junto à prefeitura. Essas mudanças na legislação seriam com o intuito de diminuir o fluxo, facilitar e dar mais celeridade dentro dos processos de regularização de interesse específico”, salientou, explicando como seriam essas mudanças na legislação.
Por fim, ele salientou que o município vem estudando a possibilidade de credenciamento com empresas especializadas em regularização fundiária para trabalhar em parceria com o poder público, dando celeridade nos processos de REURB – S dentro das áreas Zeis.
Agilidade no processo
O presidente da Associação para o Desenvolvimento Habitacional Sustentável de Santa Catarina (ADEHASC), Djalma Morell, explicou que a associação é uma instituição de regularização fundiária que trabalha especificamente com a REURB, atuando nos três Estados de Santa Catarina em 149 municípios. Apontou que eles estão ajudando no processo de regularização fundiária de dois loteamentos de Blumenau, um deles o Loteamento Cleber e o outro Água Verde II.
“Os dois têm aspectos muito diferentes. Os moradores do Loteamento Cleber estão mobilizados, inclusive fizeram uma reunião recentemente que merece atenção das autoridades. Esse loteamento tem uma infraestrutura precária e que com a regularização fundiária vai conseguir contemplar. Já o Loteamento Água Verde tem uma outra constituição urbanística com muita infraestrutura já implantada, apenas faltam os títulos”, descreveu, sugerindo ao município estruturar melhor a equipe da pasta de Blumenau e trabalhar com a padronização e unificação dos processos.
A secretária municipal de Desenvolvimento Social, Patrícia Morastoni Sasse, salientou que uma das propostas da equipe é fazer workshops em Blumenau, orientando as empresas de como dar entrada na Reurb – E, alcançando ainda mais essas empresas e agilizando o processo de regularização.
“Dos 70 processos que entraram, apenas 5 deram seguimento, às demais tiveram problemas com a documentação que não foi entregue conforme o previsto na legislação. Por mais que a equipe tenha se disponibilizado a conversar com as empresas, não se alcança o todo, por isso, essa ideia do workshop”, salientou. Outro ponto levantado pela secretária é que a prefeitura vai credenciar empresas para executar o Reurb S nas 17 áreas Zeis. “Esses valores serão pagos pelo município e não pela comunidade. A comunidade de baixa renda não vai precisar pagar pelos trâmites dos projetos dessas empresas”, esclareceu, dizendo que esta metodologia vai facilitar o processo.
O proponente da audiência pública, Ronaldo Régis (Cidadania) destacou a intenção de agilizar as questões burocráticas em Blumenau. Mencionou o caso do Reurb no Loteamento Primavera, onde se arrasta há dois anos. Ressaltou a busca por soluções para acelerar esse processo e questionou o que falta para a conclusão. Enfatizando a necessidade dessa urgência.
Avaliação dos vereadores
A vereadora Cristiane Loureiro (Podemos) compartilhou um caso em seu gabinete, onde moradores encontram-se sem água e energia devido à falta de regularização, destacando a proximidade dessa realidade. Enfatizou a importância da regularização, colocando o legislativo à disposição.
O vereador João Beltrame (Podemos) mencionou que a situação da demanda por regularização fundiária é antiga em Blumenau, citando o Loteamento Água Verde que já possui uma infraestrutura. Apontou que a regularização traz dignidade para as pessoas. Falou da morosidade dos processos dentro do município e das dificuldades com tamanha burocracia. Sugeriu a estruturação da equipe com mais funcionários para trabalhar neste sentido e também buscar iniciativas que foram implantadas em outros municípios para aplicar em Blumenau.
O vereador Adriano Pereira (PT) disse que convive com essa situação diariamente e conhece a realidade dessas comunidades com famílias sem água tratada e sem energia elétrica. Apontou que as soluções são morosas e burocráticas. Reconheceu alguns avanços em algumas comunidades, mas vem cobrando há muito tempo para que outras áreas sejam contempladas. Lembrou que outras cidades estão entregando escrituras, enquanto Blumenau demora neste processo. Sugeriu que se amplie a equipe técnica na pasta e busque parceria com empresas para agilizar os processos.
O vereador Maurício Goll (PSDB) destacou sua participação na Comissão de Regularização Fundiária da Câmara junto com outros vereadores. Abordou diversos casos que chegam ao seu gabinete. Enfatizou a importância de unir esforços para resolver tais questões e se colocou à disposição.
O presidente da Câmara, Almir Vieira (PP) reclamou da tamanha burocracia e morosidade do processo de regularização fundiária. Lembrou do trabalho feito de coleta de documentação juntamente com os moradores do Loteamento Vereador Romário Badia. Lembrou que foi a Florianópolis para conversar sobre o programa Lar Legal e trouxe a iniciativa para Blumenau. Lamentou que o programa não prosperou no município, sendo que várias escrituras foram entregues em outras cidades de Santa Catarina através deste programa. Reconheceu os esforços da equipe atual e da gestão atual.
Moradores pedem mudanças
Os representantes da comunidade também utilizam a tribuna para reclamar da morosidade e dos trâmites burocráticos do processo. Também mencionaram a necessidade de uma equipe em maior número para dar conta das demandas.
Um dos moradores do Loteamento Água Verde II, constituído em 1989, disse que naquela área residem cerca de 100 famílias. Disse que nos mais de 30 anos que reside na localidade o Executivo esteve presente no loteamento uma única vez para cadastrar o IPTU. Lamentou que os moradores hoje pagam o carnê do IPTU, mas não têm direito aos serviços públicos naquele loteamento. Reconheceu os esforços da atual gestão da secretaria, mas lamentou que o processo não anda, mesmo com os moradores pagando.
Por fim, a equipe do Executivo municipal se colocou à disposição dos moradores, dos vereadores e das empresas para esclarecer sobre as documentações para dar entrada no processo dentro do Reurb E.
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Sargento Junkes leva o pai e o irmão para o bar da Zenaide para contar histórias de família: