“Crueldade avassaladora”: promotor comenta expectativas para júri do caso Bernardete Libardo
Este deve ser último tribunal de Odair Tramontin
Esta quarta-feira, 13, marcará uma data muito esperada pela família de Bernardete Libardo. Após quase quatro anos da morte da moradora de Blumenau, o ex-namorado dela enfrentará o Tribunal do Júri. José Natalício Rufino está em liberdade desde março deste ano, enquanto aguardava o julgamento ser remarcado.
O promotor que acusará o réu será Odair Tramontin, conhecido por condenações em casos marcantes de feminicídios em Blumenau. Este, inclusive, deve ser o último júri dele, que caminha para a aposentadoria. Para ele, o feminicídio de Bernadete foi marcado pela “crueldade avassaladora”.
Rufino será acusado de homicídio triplamente qualificado. Além do feminicídio, por ser ex-companheiro da vítima, ele também poderá responder por motivo torpe, já que teria sido motivado por não aceitar o fim do relacionamento, e por impedir ela de se defender.
“Ele surpreendeu a vítima na própria casa, matou ela com diversos golpes de faca e fugiu como se nada tivesse acontecido. As imagens mostram ele entrando e saindo em 15 minutos e que mais ninguém entrou na casa até ela ser encontrada morta. Não há dúvida da autoria”, ressalta Tramontin.
O promotor também reitera o comportamento do réu, que mantinha hábitos comuns em outros feminicidas. Além de não aceitar o fim do relacionamento, Rufino perseguia Bernadete e demonstrava uma tendência agressiva de acordo com o Ministério Público.
“Darei toda minha energia para que ele fique o maior tempo possível na cadeia”
Em entrevista, Odair Tramontin criticou o que ele considera uma “legislação torta”. Ao olhar do promotor, a lei muitas vezes beneficia os réus ao invés das vítimas ou famílias delas. “Estou cansado dessa luta desigual. Parece que estamos enxugando gelo. Enquanto a sociedade não acordar e o direito penal inibir adequadamente essas atrocidades, vamos continuar enterrando vítimas inocentes como ela”.
Tramontin também ressaltou a importância de prestar atenção no comportamento de homens violentos antes que chegue a esse ponto. Para ele, Rufino seguiu a “mesma trajetória” de outros feminicidas, conquistando uma mulher e encerrando o relacionamento em uma tragédia.
“Cada vez que uma mulher é morta nessa circunstância de vulnerabilidade, ficamos menores. Não podemos aceitar qualquer tipo de violência, seja psicológica, sentimental e, especialmente, a física. Eu, como pai, sempre educo minha filha a não dar um minuto de atenção para qualquer homem com requinte de violência”, comenta.
Relembre o caso
Bernardete Libardo tinha 59 anos quando foi vítima de feminicídio no dia 16 de outubro de 2019, e encontrada morta na própria casa, localizada na rua Augusto Reinhold, no bairro Nova Esperança, em Blumenau.
Bernardete foi morta a facadas, encontrada à noite por filhas e um genro. Ela estava enrolada em uma rede de descanso, na área de festas da residência.
A vítima era presidente da Associação dos Moradores do Bairro Nova Esperança.
Bernardete é homenageada pelo Legislativo Blumenauense, que batizou com seu nome, a sala da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara dos Vereadores.
Segundo informações de familiares, Bernardete estava conhecendo Rufino há quatro meses, mas já não queria mais o envolvimento. Imagens de uma câmera de monitoramento flagraram o momento em que José entrou na residência da vítima na data do assassinato. No dia 21 de outubro de 2019 José se entregou à polícia.
Em 2022, um júri popular para julgar o caso havia sido marcado para janeiro, mas devido à juíza do caso ter contraído Covid-19, o júri precisou ser adiado novamente, e não havia sido remarcado até então.
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