Dia de Combate ao Fumo: conheça três blumenauenses que largaram o cigarro

Data nacional busca conscientizar a população dos malefícios do tabagismo

Sonia Dias e o marido Helio Silveira sempre tiveram um terceiro companheiro no relacionamento deles: o cigarro. O casal passou mais de 30 anos fumando, mas há um ano e meio conseguiu largar o vício. Ela considera um ato de libertação.

“Sempre quis parar de fumar. Tentei várias vezes, mas como o Helio continuava fumando eu não conseguia. Um dia, depois de passar mal, ele resolveu parar por conta própria. No começo não acreditei, mas depois de três meses eu parei também”, conta Sonia.

No começo foi difícil, o hábito já estava profundo neles. Helio é aposentado, mas está sempre trabalhando com alguma coisa. Já Sonia fica em casa, no Badenfurt, onde cuida dos vinte cachorros que eles acolheram das ruas de Blumenau.

Sonia está há um ano e meio sem fumar. Foto: Arquivo pessoal

O casal nunca fumou dentro de casa, então Sonia tinha uma cadeira na varanda onde sempre ia para acender um cigarro e beber café. Por muito tempo, ela se pegou sentando no espaço sem motivos, e só depois lembrava do vício que largou.

“A gente procurou não sair nos primeiros meses, ficou muito em casa para não andar com quem fuma. Levamos bem a sério, porque temos que cuidar pra não voltar a fumar”, relata.

Logo após largar o cigarro, Sonia acabou descontando a falta na comida. Como passava o dia fumando, comia pouco, e passou a consumir três vezes mais após parar. Segundo ela, precisou aprender a comer de novo.

“Às vezes fico pensando e nem acredito que estou sem fumar há tanto tempo. Eu gostava de fumar, sentia prazer. Parar aquele minutinho, tomar um cafezinho, sentar. Mas não quero voltar”, afirma.

Determinação entre mãe e filha

Emmanuelle Zink fumava desde os 18 anos. Conseguiu parar quando engravidou da filha, mas dois anos depois acabou voltando. Era um hábito que manteve até seis meses atrás, quando aos 43 resolveu largar o cigarro.

Um dos incentivos foi o novo companheiro, que não fuma. O processo foi longo, mas Emmanuelle percebeu que havia desenvolvido uma consciência que a impedia de manter o vício. Para ela, esse “despertar” é essencial para largar o cigarro.

“Cada um tem o seu tempo. A gente às vezes tenta, mas o inconsciente não quer. Mas quando a gente desperta é um divisor de águas. Você sabe que ou para, ou pode ter um câncer no futuro”, alerta.

Para ela, o mais importante é a determinação. “Mesmo que você substitua o tempo do cigarro por comida ou esporte, quem fuma e gosta sempre vai arrumar um tempo para fumar”, explica.

Emmanuelle e a mãe Zenaide pararam de fumar juntas. Foto: Arquivo pessoal

Inspirada pelo relacionamento, Emmanuelle também aproveitou para incentivar a mãe, de 73 anos, a largar o cigarro. Zenaide fumava há mais de 40 anos e dizia que queria parar, mas aos olhos da filha não tinha a determinação necessária.

Ela está há um mês sem fumar e as duas se uniram na luta contra o tabagismo. Emmanuelle já perceberam várias diferenças, como na respiração, no ânimo, na pele e até mesmo no sabor da comida.

“A vida da gente é outra e espero que as pessoas que estejam tentando, consigam. O começo é difícil, não é fácil, mas a gente consegue, é só ter força de vontade”, recomenda.

Quinze anos sem fumar

Quem encontra Marcos Antonio Sens hoje, conhece o empreendedor focado em gastronomia saudável, cercado produtos artesanais e orgânicos. Entretanto, há 15 anos, ele teve uma reviravolta na vida.

Fumante desde a adolescência, ele teve um caso severo de amigdalite. Precisou ser internado e uma noite, ao ir ao banheiro, observou o estado da garganta e percebeu que precisava mudar de vida.

“Fiquei muito assustado. Estava quase tudo bloqueado. Naquele momento associei ao cigarro, até achei que pudesse ser um câncer. Desde então nunca mais coloquei um cigarro na boca”, diz.

A principal inspiração foi a filha, que na época era muito pequena, e desde então Marcos focou na força de vontade para não correr mais o risco de fumar. Apesar de que atualmente não sente mais vontade, conta que nem sempre foi fácil.

“No início, tomando uma cervejinha, lembro muito bem de um cidadão fumando. Contei até 50 querendo pedir um para experimentar, mas saí da roda, fui até o banheiro, dei uma volta, lavei o rosto e segui em frente. Não condeno quem fuma, mas parar é realmente muito bom”, declara.

Marcos parou de fumar quando a filha ainda era pequena. Foto: Arquivo pessoal

Pare de fumar

O dia 29 de agosto celebra o Dia Nacional de Combate ao Fumo desde 1986. Além de ter o objetivo de incentivar as pessoas a largarem o cigarro, também procura informar a população sobre os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo, sendo responsável por 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis.

Países de baixa e média renda, como o Brasil, são os mais afetados por essas enfermidades quando relacionadas ao uso do tabaco, como doenças pulmonares crônicas, cardíacas, cerebrais até mesmo câncer.

Em Blumenau, é possível encontrar grupos antitabagismo em três Ambulatórios Gerais: nos bairros Fortaleza, Itoupava Central e Garcia. Os grupos são fechados, ou seja, cada encontro corresponde a uma espécie de etapa na busca para largar o cigarro. Por funcionar como um passo a passo, não é possível incluir novos integrantes no decorrer das reuniões.

Porém, quem quiser participar, independente da região onde vive, deve procurar o AG de referência e pedir para ter o nome incluído na lista de espera. Sempre que uma nova turma é aberta, os profissionais acionam os interessados. Em breve o ambulatório do Badenfurt também oferecerá o serviço.

As sessões de apoio reúnem de 10 a 20 pessoas que procuram largar o cigarro e são coordenadas por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, entre outros profissionais.

São de oito a 12 encontros que começam com periodicidade semanal e terminam mensal, como forma de manutenção. Quando o trabalho é encerrado, os integrantes podem ser encaminhados a grupos abertos, para terem contato com psicólogos, por exemplo. Em caso de necessidade, a prefeitura também disponibiliza medicamentos para dependentes de nicotina.

“Esses são os ambulatórios que possuem profissionais capacitados para este trabalho. Tem demanda, mas o que infelizmente acontece é que eles começam o grupo, mas muitos acabam desistindo. É porque não é fácil, né?”, conta a coordenadora do programa de tabagismo da Prefeitura, Fabiana Felix.

Rosalina Corrêa fumou por 35 anos e conseguiu largar o cigarro após participar de um grupo antitabagismo da prefeitura. A agente de saúde do município reforça que esta atitude não é importante apenas para a saúde do fumante, mas também a de todos em volta dele.

“Todos conseguem parar de fumar. É só ter força de vontade. Lutem pela saúde de vocês. Procure um grupo antitabagismo”, aconselha.

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