Caso Hering: empresa de gestão financeira compra parte dos créditos de advogados dos herdeiros

A Algarve, empresa de gestão de capital e fundos, ficou tão impressionada com a ação que herdeiros da Cia. Hering movem contra a indústria e outros familiares que comprou parte dos créditos dos seus advogados, em mais um desfecho do Caso Hering.

Agora a empresa estuda o caso e, talvez, compre os direitos da ação inteira. “A compra de créditos judiciais é relativamente comum, especialmente precatórios, quando a ação já terminou e quando o crédito já é uma certeza e ainda difícil de executar. No nosso caso é muito inédito o fato de se comprar crédito de uma ação que está começando, algo que eu nunca vi na vida”, fala o doutor Rogério Ives Braghittoni, advogado dos autores da ação, os irmão Pedro Roberto, Eduardo Teodoro e Rafaela Hering Bell.

Eulalia Hering e Pedro Hering Bell no casamento de Pedro; Foto: Arquivo pessoal

Segundo Ives, isso comprova que, no mínimo, a empresa crê na vitória dos herdeiros contra a companhia. “É uma demonstração de que eles acreditam na ação e veem um potencial grande como investimento, com alta possibilidade de sucesso”.

O advogado explica ainda que o trabalho segue sendo de total autonomia dos advogados envolvidos no processo, e a Algarve apenas prestará apoio enquanto se aguardam os resultados.

Para doutor Ives, a expectativa é positiva aos herdeiros. “Quem tiver dúvidas e dizer que falo isso somente por ser o advogado do caso, eu remeto à contestação dos réus. Um coloca a culpa no outro, confirmando que o ato da cessão indevida de ações ocorreu. Neste caso, não tem como não ficar com expectativa positiva em relação ao desfecho”.

Entenda o caso

A ação é movida pelos três netos de Eulália Hering: Pedro Hering Bell, Rafaela Hering Bell e Eduardo Teodoro Hering Bell. Eulália foi casada com Max Victor Hering, sendo que ambos já são falecidos.

São réus nessa ação a própria Cia. Hering, Ivo Hering (presidente do conselho da empresa e padrinho de batismo de Eduardo Teodoro, autor da ação), Klaus Hering (bisneto de Hermann Hering e padrinho de batismo de Pedro Roberto, autor da ação) e Antônio Diomário de Queiroz (foi casado com Maike Hering, já falecida e tia dos autores da ação).

Segundo a peça judicial, os netos de Eulália acusam Klaus de ter removido a parte da herdeira da companhia em benefício próprio e de Ivo Hering. Isso teria ocorrido por meio de uma série de manobras utilizando a holding Inpasa, que tem dois CNPJs, com a transferência das ações de Eulália para Klaus.

Estas movimentações teriam ocorrido há mais de 20 anos, sendo que a senhora Eulália faleceu ainda em 2006. Os agora adultos herdeiros da Hering afirmam que seus tios os pressionaram a assinar uma série de papéis neste período, sem a companhia de um advogado, o que teria chancelado a movimentação considerada atualmente por eles como fraudulenta.

Segundo informações dos próprios autores da ação, Eulália era detentora de aproximadamente 10% da holding Inpasa.

A empresa também é processada porque, segundo acusam os autores, todas as movimentações eram de conhecimento da direção e dos conselheiros da época.

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