Ex-deputado João Pizzolatti fica em silêncio em audiência sobre acidente de trânsito

Jovem que se feriu na batida não quis permanecer na sala quando o réu foi chamado

Texto ampliado às 17h15

O ex-deputado federal João Pizzolatti (PP) compareceu nesta quarta-feira, 6, à primeira audiência judicial sobre o processo relacionado ao acidente de trânsito em que se envolveu na rodovia Werner Duwe, entre Blumenau e Pomerode, há pouco mais de um ano. Ele permaneceu em silêncio, mas terá oportunidade de falar durante o interrogatório que será feito na próxima audiência, agendada para 17 de junho.

Pizzolatti é acusado de tentativa de homicídio, porque teria assumido o risco de provocar o acidente. A acusação sustenta que o ex-parlamentar havia ingerido bebida alcoólica antes de dirigir. Ele nega, e diz que estava sob o efeito de medicamentos.

A audiência de instrução e julgamento, na 1ª Vara Criminal, no Fórum, serviu para que promotoria e defensores apresentassem provas e testemunhas. Ao todo, nove testemunhas de acusação e uma de defesa foram convocadas a falar.

A única testemunha de defesa, um homem que seria o motorista do acusado, não compareceu. Ele deve falar na próxima audiência, já que primeiro são ouvidas as de acusação. Duas pessoas da defesa também não foram ao Fórum, mas o Ministério Público não as convocará novamente.

Além disso, precisam ser ouvidas pessoas que moram em outras cidades. Elas prestarão depoimento por carta precatória. Segundo informações da assessoria do Tribunal de Justiça, Pizzolatti não foi ouvido porque uma carta ainda não foi cumprida. O interrogatório do acusado é o último ato da instrução. Ou seja, Pizzolatti só será ouvido depois de todas as testemunhas.

Pizzolatti e a vítima do acidente, Paulo Marcelo Santos, 24 anos, não permaneceram na sala da audiência ao mesmo tempo. Santos pediu para deixar o local no momento em que o ex-deputado foi chamado.

Testemunhas

A vítima foi a primeira pessoa a apresentar sua versão dos fatos. Santos foi questionado sobre o que lembrava do acidente, ocorrido no dia 20 de dezembro de 2017. Ele se negou a dar entrevista.

Pizzolatti entrou na sala por volta das 14h30. Meia hora depois, saiu por alguns minutos para ir ao banheiro. Ele acompanhou os demais depoimentos em silêncio.

Entre as testemunhas estavam dois policiais rodoviários estaduais e pessoas que prestaram os primeiros socorros. Algumas delas ajudaram Santos a sair do veículo, que pegou fogo. O rapaz teve lesões graves e queimaduras.

Também prestou depoimento um enfermeiro do Hospital Santa Isabel, para onde Pizzolatti foi levado após o acidente, mas sumiu antes de receber atendimento.

O ex-deputado chegou ao Fórum de Blumenau acompanhado do advogado, da esposa e da filha de colo. Questionado pela reportagem sobre o que diria durante o depoimento, Pizzolatti apenas respondeu:

“Não vou falar nada. Agradeço o interesse”.

Quando a audiência terminou, Pizzolatti deixou o local às pressas. O advogado Honório Nichelatti Jr. disse que falaria apenas no processo.

Processo prolongado

A audiência de instrução e julgamento é uma das primeiras fases do processo. Ela ocorre mais de um ano após o suposto crime. No início do ano passado, o Judiciário levou quase quatro meses para conseguir notificar Pizzolatti da acusação.

No fim do ano, o Ministério Público chegou a pedir a prisão preventiva do réu, sob a suspeita de que ele teria descumprido a ordem de não conduzir veículos. A promotoria apresentou infrações de trânsito cometidas com o veículo dele.

Pizzolatti alegou que o filho dele estava usando o carro, e o pedido foi negado.

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