Famílias mantêm tradições e cemitérios buscam inovar no feriado de Finados
Atividades buscam integrar melhor as crianças na data e suavizar luto dos visitantes
A palavra “feriado” normalmente está atrelada à muita alegria. Entretanto, o dia de Finados normalmente é encarado com muito pesar, especialmente por quem perdeu algum ente querido. Muitas famílias mantêm a tradição de visitar túmulos neste dia e prestar homenagem para quem já se foi.
“Vemos esse dia com saudade, mas não com tristeza. Fazemos memória de cada um dos nossos entes queridos iluminados pela fé. […] Esse dia de oração ajuda também quem está no luto e passando por um momento difícil”, comenta o padre Marcelo, pároco da diocese de Blumenau.
Vera dos Santos Irbel vai até o cemitério da rua Bahia algumas vezes durante o ano. Ela já completou uma década visitando o túmulo da mãe, que a criou sozinha em Indaial após ser abandonada grávida. Apesar de nunca ter conhecido o pai pessoalmente, Vera lembra com carinho da mãe que batalhou para cuidar dela.
“Como ela precisava ficar comigo o tempo todo, conseguiu emprego em um dos poucos hotéis da cidade. Na época a lei era diferente, então eu cresci ajudando no bar e ali nos criamos juntas”, lembra.
Eventos nos cemitérios
Neste ano, a diferença está na recepção de alguns cemitérios. Além dos tradicionais cultos e missas, alguns espaços investem em atividades para as crianças e formas alternativas de homenagear os falecidos.
No Cemitério Jardim da Saudade, as celebrações religiosas foram acompanhadas de apresentação de harpa e contação de histórias para as crianças. O dia será encerrado com a soltura de balões às 17h.
O Cemitério São José resolveu se inspirar no Dia de los muertos, tradição mexicana, e tornar o dia uma verdadeira celebração. Além da distribuição de pipoca e algodão doce, o filme “A vida é uma festa”, longa-metragem Disney/Pixar, que aborda justamente a festa dos mortos, foi transmitido várias vezes durante o dia.
“Percebemos que a comunidade, especialmente as crianças, se afastaram da morte. Nossa intenção é tornar este dia mais leve e permitir que todos entendam que a morte é natural e que o cemitério não precisa ser um lugar triste”, conta João Taumaturgo, diretor do cemitério.
Em homenagem a uma personalidade importante da cidade, que está enterrada no espaço, o cemitério também convidou familiares do Mirelo, famoso picolezeiro, para distribuir picolés na unidade do Centro. No mês passado, completou-se dois anos que ele morreu atropelado no bairro que nutria um grande carinho por ele.