Você é capaz de partir uma tora de madeira com um machado? Sabe usar corretamente uma serra? Consegue empurrar um tonel enquanto corre?
Na vida cotidiana, são poucos os que exercitam esse tipo de habilidades. Mesmo em Pomerode, cidade com extensa área rural e que valoriza os costumes dos imigrantes germânicos, a destreza com essas ferramentas é reservada a quem pratica com frequência. Todos as demais pessoas, porém, têm uma oportunidade anual, sempre no mês de janeiro, para descobrir talentos ocultos: as competições típicas da Festa Pomerana.
As atrações são marca registrada do evento, que nesta edição vai até o dia 21 de janeiro. As provas fazem tanto sucesso entre os visitantes que viraram produto tipo exportação. Algumas das provas são levadas a outros eventos Brasil afora por um grupo de pomerodenses chamado Die Säger Buam (Os Serradores).
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Selvino Anderson Junior, 40 anos, não precisou trabalhar na roça quando criança, muito menos cortar lenha para o fogão. Mesmo assim, é um dos que ajuda a exibir em outros estados brasileiros a tradição dos antepassados.
Educador físico, ele coordena as competições típicas da Festa Pomerana há 12 anos. Desde a década de 1990, faziam parte da programação provas como serrador, lenhador e a antiga Fischerstechen (fisgar o pescador). Essa última era realizada numa lagoa, hoje desativada, aos fundos do pavilhão principal.
Com o passar dos anos, novas modalidades foram inseridas, sempre inspiradas na rotina dos colonizadores e em brincadeiras feitas por imigrantes alemães durante as viagens de navio no século 19, como cabo de guerra e corrida do barril.
“As serras que usamos são de parentes e de pessoas que tinham guardadas no sótão de casa. Fora de Pomerode, o público participa com o mesmo fervor, mas não com a mesma perícia dos moradores de Pomerode” conta Selvino.
As competições típicas da Pomerana já foram atração em eventos de São Paulo, Paraná e em cidades de Santa Catarina. Na Oktoberfest de Blumenau, já são seis anos consecutivos de participação.
“Os nossos filhos já serram e acompanham de perto as atividades. É uma maneira lúdica de passar aos mais jovens a tradição dos nossos antepassados”, explica o paulista radicado em Pomerode Ronald Kreidel, 40.
Um campeão há quase 20 anos
Na Festa Pomerana, as competições têm nome alemão e quem ganha geralmente é da cidade. As provas do Baumstammwettsägen (Serrador de Tora), Holzhacker (Lenhador), Alles Wurst (“É tudo linguiça”), Meterbier (Chope em metro), Fassrennen (Corrida do Barril), Tauziehen (Cabo de Guerra Alemão) ocorrem todos os dias até domingo, dia 20, no masculino e feminino.
Qualquer um pode participar e os vencedores de cada noite se classificam para as finais e concorrem à grande premiação no último domingo de festa.
O aposentado Horst Teske, 52 anos, é um Holzhacker de nascença e campeão como lenhador há 19 edições. É recordista da modalidade. Cortou o toco de 25 centímetros de diâmetro em 48 segundos e 43 centésimos.
Aprendeu a usar o machado com o pai, Adolf, que cortava e vendia pedaços de madeira por metro na localidade pomerodense de Vale do Selke Pequeno. Ao longo do ano, treina para a competição cortando lenha para usar no fogão:
“Na minha criação na roça eu tive muito contato com todas essas atividades. Hoje meu filho de 30 anos e meu sobrinho de 33 participam. É uma forma de incentivar. Ninguém mais faz esse trabalho pesado de antigamente”, afirmou Horst.
36ª Festa Pomerana
Quando: de 9 a 21 de janeiro
Ingressos: quartas, quintas e sábados (até 16h) – R$ 12 / sextas e sábados (após 16h) – R$ 30 / domingo – R$ 12
Entrada gratuita: dias 9, 14, 15 e 21, acesso gratuito a partir da abertura dos portões. Dias 13 e 20, a partir de 17h.
Onde: Complexo de Esportes e Lazer Francisco Canola Teixeira, no Centro de Pomerode
Site oficial: www.festapomerana.com.br
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