Filme catarinense qualificado para o Oscar 2021 está disponível no YouTube
Qualificado para representar o Brasil no Oscar 2021, o curta catarinense “Baile” (Summer Ball, 2019), com direção de Cíntia Domit Bittar e produção de Ana Paula Mendes, está concorrendo a uma vaga na categoria de Melhor Curta-Metragem em live-action da Academia. A lista dos indicados será anunciada no dia 15 de março e a Cerimônia do Oscar acontece no dia 25 de abril.
Na sinopse oficial, lemos: “Há certos dias que, mesmo sem grandes acontecimentos, nos forçam a crescer. Andréa tem só 10 anos e talvez ainda não perceba que seu dia foi assim”. A narrativa propõe, portanto, uma reflexão sobre aqueles dias em que amadurecemos mais.
Em 24 horas, Andréa vai passar por um dia exatamente assim, cheio de pensamentos, ponderações e aprendizado. Ela, uma menina negra e periférica na cidade de Florianópolis, vive com a mãe e a bisavó, que sofre de Alzheimer. Andréa vai fazer um passeio com a escola e várias mudanças ocorrerão com a protagonista.
Os temas tratados no curta são difíceis, como racismo, invisibilidade, Alzheimer, patriarcalismo. Mas, em Baile, as temáticas são trabalhadas com muita sensibilidade e sutileza, considerando a própria relação de Andréa diante dos acontecimentos do seu dia. Nos cenários, os catarinenses reconhecerão a Alesc e a Praça XV, com especial atenção para a pan vertical nos mostrando os detalhes e o tamanho da Figueira.
A mãe de Andréa tem como um dos trabalhos o de tirar fotos 3X4 das pessoas. A filha acompanha a rotina da mãe e percebe como muitas senhorinhas chegam para serem fotografadas. Conversas sobre como as fotos podem imortalizar momentos passam a existir (afinal, “pode ser a última foto da vida delas”). Sabendo disso, Andréa quer muito uma foto de si. Quando ela visita a galeria Lilás, na Alesc, um gesto simbólico para grandes mudanças vai ser materializado.
Com apenas 18 minutos, esse curta diz muito. Dentre as várias camadas narrativas, fala principalmente da necessidade das mulheres negras ocuparem os espaços de poder. Por isso é tão significativa a cena em que Andréa se vê diante do busto de Antonieta de Barros, a primeira mulher negra a ocupar um cargo no Legislativo estadual no país e primeira mulher a assumir uma vaga de deputada estadual em Santa Catarina.
Como já mencionado anteriormente, o audiovisual catarinense vem se fortalecendo e se tornando mais competitivo. Os editais de fomento são fundamentais para que obras como Baile possam ser viabilizadas. A obra contou com o fomento do edital Prêmio Catarinense de Cinema de 2018, do Governo de Santa Catarina.
Premiações
O filme ficou qualificado ao Oscar após ser premiado como Melhor Curta-Metragem Ibero-Americano no 60º Festival Internacional de Cine de Cartagena de Índias. O festival integra a lista dos Oscar qualifying festivals – uma lista que possibilita o reconhecimento e certificação pela Academia em cerca de 100 festivais de cinema pelo mundo.
Baile estreou no 30º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo (Kinoforum) e passou pelos festivais 29º Curta Cinema – Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro (Prêmio de Melhor Direção), 66º Short Film Festival Oberhausen, 44º Hong Kong International Film Festival 2020, 38º Uruguay International Film Festival, 21º Festival do Rio, entre outros. A obra foi uma das cinco finalistas no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2020, em sua categoria.
O curta está disponível no Youtube da Novelo Filmes, uma produtora independente de audiovisual com sede em Florianópolis. Focada na produção de curtas-metragens, a produtora completou dez anos em 2020. Você pode assistir aqui:
É, com certeza, motivo para os catarinenses sentirem muito orgulho do cinema independente produzido aqui. Toda nossa torcida na disputa por uma indicação.