Há quase três anos parado, prolongamento da Via Expressa não têm data para recomeçar

Segundo governo do Estado, quando retomarem, serão necessários mais de quatro anos para conclusão

Parada desde setembro de 2017, as obras de prolongamento da SC-108, a Via Expressa em Blumenau, seguem sem prazo para serem retomadas. Alvo de inquérito do Ministério Público de Santa Catarina por possíveis irregularidades, a obra que iniciou em 2016 e parou meses depois, permanece com problemas burocráticos que impendem a continuidade.

De acordo com a Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade (SIE) todas as perguntas feitas pelo MP-SC já foram respondidas e o processo ainda está correndo. Enquanto isso, a SIE analisa, junto a Controladoria-Geral do Estado (CGE), um estudo realizado em 2018 que mostram as divergências de valores medidos à época da obra.

Por nota oficial encaminhada pela assessoria de imprensa, a Secretaria informou que o objetivo é encontrar os valores que a empresa que era responsável pela obra precisa devolver ao Estado, para então dar prosseguimento aos serviços.

“Estamos trabalhando para que esta obra tão importante para Blumenau e região seja retomada o quanto antes, mas precisamos ter responsabilidade e seriedade para garantir que seja pago o valor devido, e não a mais, pelos serviços que já foram executados em 1,8 quilômetro de extensão”, destaca a nota.

Obra não ficará pronta antes de 2025

Nem o primeiro trecho de 1,8km foi concluído. Foto: Sávio James Pereira

Ainda segundo a Secretaria, quando for retomada, a obra ainda vai precisar de 1.600 dias para conclusão, ou seja, se os serviços recomeçassem ainda em agosto de 2020, o prolongamento ficaria pronto apenas em janeiro de 2025.

Em projeto, a “nova SC-108” ganhará um incremento de mais de 15 quilômetros. Porém, até o momento, nem sequer o primeiro trecho, de 1,8 quilômetros foi concluído. O valor de contrato, já com os reajustes e nova supervisão é de R$ 142,7 milhões.

Inquérito no MP-SC

O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) instaurou em junho de 2018, um inquérito civil para que sejam feitas investigações quanto a irregularidades no acesso Norte de Blumenau. As partes envolvidas neste processo são a Secretaria de Estado de Infraestrutura, a empresa Cetenco Engenharia e o ex-fiscal da Secretaria, ligado diretamente à obra, Ivan Amaral.

O processo ainda está correndo, e segundo o MP-SC, está na fase de análise das respostas dos envolvidos. A Secretaria de Estado de Infraestrutura não quis informar quais foram as alegações em defesa.

As irregularidades apontadas no inquérito são mudança de traçado, alteração de quantitativos – com pedidos de reforço da verba voltada para as construções – e a atuação de Amaral, que teria, segundo a ação, violado o princípio de segregação de funções.

O promotor responsável pelo inquérito, Gustavo Mereles Ruiz Diaz, considerou que é necessário investigar a execução do traçado da obra, que não condiz com o que foi projetado, conforme apontaram documentos encaminhados pela própria Secretaria de Estado de Infraestrutura. Segundo as considerações do promotor, estas mudanças ocorreram “sem as devidas justificativas e sem a alteração das cláusulas do contrato”.

Há uma consideração específica na justificativa da instauração de inquérito voltada para Ivan Amaral. O Ministério Público questiona o fato de ele ter atuado como fiscal da obra e também ter colaborado com o termo de referência – que é o estudo técnico preliminar para execução – com a empresa MPB Engenharia.

O objetivo do termo de referência tinha por objetivo justamente verificar a licitude das medições realizadas por ele, e que estão sob suspeição.

Há também a suspeita de irregularidades nas desapropriações de imóveis. O MP-SC solicita, no inquérito, se houve alteração nas desapropriações inicialmente programadas de acordo com o projeto, identificando os respectivos imóveis e a situação de cada processo em relação às indenizações.

Posição do fiscal

Em reportagem em julho de 2019, Ivan Amaral afirmou estar tranquilo quanto à investigação. Na época, ele explicou que a obra estava sem supervisão e por isso ele realizou a medição de referência. “Eu fiz essa solicitação pois estava com dúvidas quanto ao volume de rochas que estavam sendo medidas. Foi contratada uma empresa que fez esta avaliação e verificou que de fato estávamos medindo mais rochas do que o determinado”.

Sobre a alteração de traçado, Amaral afirma que a informação não procede. “Foi feito apenas um pequeno desvio próximo à Guilherme Scharf, porque do contrário teríamos que desapropriar uma fábrica, sairia oneroso. Teria que ser feita a desapropriação de todo o imóvel”.


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