“Está na hora de fazermos um ‘reset’ na Câmara de Vereadores de Blumenau”
Para colunista, causou estranheza sessão da Câmara realizada em videoconferência, mas dentro dos gabinetes
No Brasil é comum o uso de estrangeirismos para explicar situações do cotidiano. Durante a pandemia não é diferente. Para conversar sobre o tema hegemônico do momento, precisamos dobrar a língua. Pior, a polarização já existente na sociedade passou a ser traduzida por estas palavras. Quem está em home office ou não. Quem é a favor do lockdown ou não. Quem recebeu o voucher, se tinha direito ou não.
Não quero aqui ser uníssono ao quixotesco com Major Quaresma de Lima Barreto. Até porque a pureza nacionalista é uma obsessão advogada pelo nosso chanceler em seu ufanismo olavo-bolsonarista. Aliás, um nacionalismo mequetrefe, já que Bolsonaro abandonou seus correligionários catarinenses para almoçar com o embaixador americano. Um almoço em comemoração à independência deles. Parece que o Brasil é acima de todos, mas Santa Catarina em meio a uma catástrofe ambiental, não!
Destaco estranheza com esse nosso costume de explicar coisas que já não são simples em termos estrangeiros, porque o home office virou assunto da política local. Na sessão do parlamento municipal da última quinta-feira, nossos edis votaram mudança do horário das sessões para o matutino, combinado com o retorno das sessões remotas. A medida foi justificada forma de combate ao crescente das contaminações de Covid-19.
A medida, por mais que seja coerente, causou estranheza, sobretudo, porque os funcionários e assessores vão continuar frequentando o prédio na rua das Palmeiras. Muito mais, porque, nesta terça-feira, 7, alguns vereadores participaram da sessão remota dentro dos gabinetes. Soou muito mais que os nobres vereadores querem mais tempo para dedicar-se à campanha de reeleição.
Na verdade, com raras exceções, a atual composição da Câmara de Vereadores se esforça para apanhar da opinião pública. O home office de faz de conta é apenas o capítulo do ocaso de uma melancólica legislatura. Durante esses quase três anos e meio, houve de tudo.
Traição e eleição polêmica para a mesa diretora; tentativa de censura a escolas e livros; cortes em direitos trabalhistas dos professores; proposta de grade em pontes para evitar suicídio; lei proibindo evento de zoofilia; sessão encerrada por falta de quórum. Sem contar a subserviência ao poder executivo.
Não sou partidário de patrulhamento aos vereadores, pelo contrário, penso que em tempos de manifestações antidemocráticas, defender a instituição do legislativo municipal é uma necessidade. E tenho feito isso aqui, sistematicamente.
Porém, nossos vereadores devem respeitar os cargos que ocupam. Está da hora de fazermos um reset na composição da Câmara de Vereadores de Blumenau.