Parques Nacionais, a melhor ideia

“Parques Nacionais Americanos, a Melhor das Ideias”, numa tradução livre do inglês, é um documentário em série que conta a história dos parques nacionais norte-americanos, narrado pelo conhecido ator Tom Hanks.

Explica como a concepção dessas áreas naturais protegidas foi evoluindo através dos tempos, para culminar com os atuais mais de 300 milhões de visitantes, movimento na economia que chega a centenas de bilhões, para não dizer cerca de um trilhão de dólares por ano. O Serviço de Parques dos EUA, além disso, é uma das instituições mais lembradas e respeitadas e os guarda-parques umas das profissões mais admiradas pela população daquele país.

No Brasil, se na Educação estamos com um atraso de um século em relação aos países ditos do “primeiro mundo”, também nas questões relacionadas à preservação da natureza estamos atrasados quase metade desse tempo.

Felizmente, a coisa está melhorando. Nos últimos 12 anos, tirando os dois anos da pandemia da Covid-19, o brasileiro começou a despertar para as aqui chamadas Unidades de Conservação da Natureza, das quais os Parques Nacionais constituem a cereja do bolo. Ano após ano a visitação a essas áreas vem crescendo de forma exponencial, atingindo agora 15 milhões de visitantes/ano.

Ainda estamos longe de chegar, proporcionalmente à população dos EUA, a uns 200 milhões de visitantes por ano aos nossos Parques Nacionais. No entanto, fica fácil perceber o que já significam 15 milhões de turistas “ecológicos” na economia do Brasil. É como se todos os catarinenses saíssem de casa duas vezes por ano para conhecer e passear em algum parque nacional do país. Já dá um bocado de gente.

A boa notícia é que o potencial a médio prazo, segundo diversos estudos que convergem para resultados muito parecidos, é de 56 milhões de visitantes, gerando quase um milhão de postos de trabalho e 44 bilhões de reais anuais em valor agregado ao PIB nacional. A longo prazo esses números podem quase quadruplicar.

Está, portanto, mais que na hora de nossas autoridades acordarem para essa maravilhosa realidade e os políticos se empenharem para reverter essa situação, passando a unir a imprescindível preservação da natureza com injeção substancial de recursos na economia e na geração de empregos.

O Parque Nacional da Serra do Itajaí, no Médio Vale do Itajaí tem um dos maiores potenciais de visitação do Brasil. No entanto, em 2022, alguns deputados tentaram recategorizá-lo, “rebaixando-o” para uma Floresta Nacional ou outra impropriedade semelhante. Já o Parque Nacional de São Joaquim, na região serrana, está ameaçado de perder grande parte de sua área. Ambos os casos por conta da demora das desapropriações das terras particulares que os compõem.

Há que se lutar, portanto, pela justa indenização das propriedades e não pelo fechamento, recategorização ou diminuição da área dos Parques, pela mesma razão que não se pode simplesmente fechar um ambulatório de saúde pelo simples fato dele não atender bem a demanda da população.

Escondidas além do morro Spitzkopf, paisagens de tirar o fôlego como essa, repletas da mais exuberante Mata Atlântica em Blumenau, estão à espera da visita de milhares de turistas nacionais e estrangeiros de todas as partes do mundo.

Fazer as devidas e justas indenizações aos legítimos proprietários é tudo o que falta para o Parque Nacional da Serra do Itajaí ser implantado de fato. Relativo pouco investimento se comparado com os inúmeros benefícios a toda a comunidade, ao país e ao planeta. Foto Lauro E. Bacca, maio de 1988.


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