Grande parte da imprensa se preocupou muito com os candidatos que venceram as eleições ou com os que foram para o segundo turno na cidade de Blumenau.
Mas aqueles que ficaram pelo caminho e agora voltarão para as suas vidas fora da eleição e, possivelmente, deverão escolher um dos dois que disputarão a prefeitura no dia 29 de novembro? Bom, estes terão que fazer uma reflexão se, mesmo tendo ficado de fora, saíram vencedores ou perdedores do pleito municipal de 2020.
Eu diria que há aí uma mescla de sentimentos, pois praticamente todos ganharam exposição e puderam mostrar suas ideias de cidade e até conhecer mais de perto, mesmo com a pandemia, as dificuldades de se fazer uma campanha política numa cidade como Blumenau, com tantos costumes, diferentes pensamentos e inúmeras necessidades que precisam urgentemente ser resolvidas.
Obviamente que o partido que mais se destacou nas eleições deste ano foi o Novo, onde lá no início da campanha muita gente falava que dificilmente conseguiria emplacar por não ter penetração na base da sociedade.
Viu-se que a eleição não é mais assim e que a rede social pode muito bem aproximar qualquer candidato de qualquer eleitor e com isso o partido Novo levou Odair Tramontin quase ao segundo turno e acabou elegendo um vereador desconhecido da maioria da população, que se candidatou pela primeira vez, para uma cadeira no legislativo da cidade.
Para mim Geórgia Faust (PSOL) e Débora Arenhart (Cidadania) foram as que mais me impressionaram, principalmente na entrevista que o jornal O Município Blumenau fez com os candidatos, pois ambas trouxeram uma visão diferente de cidade e uma forma menos singular de administrar uma prefeitura de uma cidade do tamanho de Blumenau.
Para elas, nem sempre as grandes obras vão resolver os grandes problemas da cidade e há sim, com criatividade e um olhar mais detalhado do município, como melhorar a vida do blumenauense, fazendo do poder público o grande incentivador de ações que a própria população pode encampar.
Tanto Geórgia quanto Débora, se resolverem continuar na militância partidária e futuramente se candidatarem, podem contribuir ainda mais, seja na Câmara de Vereadores, na própria Prefeitura de Blumenau e até pensando em cargos maiores, pois estão no caminho certo e há espaço para que elas assumam o papel de protagonismo na política local.
Sobre Ricardo Alba (PSL) e Ivan Naatz (PL), que ainda são deputados estaduais, o eleitor deu o recado que, quando elege alguém para um cargo tão importante quanto o que eles ocupam hoje, ele quer que essa oportunidade seja cumprida até o fim, sem interrupções. Alba se saiu um pouco melhor, mas Naatz teve muitas dificuldades em fazer alianças e A Covid-19 veio para botar uma pá de cal na sua candidatura a prefeito. Ricardo Alba acabou fazendo algumas escolhas que não agregaram para a sua campanha e a candidatura do 17 não decolou e nem caiu no gosto da maioria do eleitor de Blumenau.
Acredito que essa eleição pode deixar sequelas para uma futura reeleição dos deputados estaduais, mas eles também sabem que, em política, dois anos, são uma eternidade e muita coisa vai acontecer até lá.
Já os partidos ditos de esquerda, como PT, PDT, PCdoB e PSOL, acabaram pagando um preço alto demais por terem saído separados, pois com a polarização que há hoje no Brasil, Blumenau sendo uma cidade mais conservadora e ainda eles mostrando desunião, só poderia dar no que deu. A esquerda de Blumenau precisa repensar seu futuro e urgentemente criar novas lideranças capazes de unir o que hoje está separado.
Wanderlei Laureth (Avante) e Jairo Santos (PRTB) descobriram que não se faz eleição sem estrutura. Nem mesmo fortalecer suas siglas eles conseguiram, mas mesmo assim podem, agora com mais experiência, voltar futuramente com uma nova candidatura, mas precisam também de mais filiados para, pelo menos, terem a possibilidade de eleger um vereador. Sem uma candidatura minimamente conhecida, sem dinheiro, sem estrutura partidária e sem uma boa nominata de vereadores só vão conseguir o que conseguiram em 2020.
Os partidos tradicionais que sequer tiveram a competência de lançar candidaturas próprias, como MDB, PSDB e PP, devem continuar no seu processo degenerativo esperando que algum milagre aconteça para que um dia voltem a ser respeitados pelo eleitor, mas até lá serão apenas siglas que, em troca de cargos, servirão de trampolim para candidatos que precisam de tempo de televisão e de votos de filiados para se elegerem.