Outubro Rosa: Rede Feminina mantém combate ao câncer mesmo durante pandemia
Assim como outros atendimentos preventivos, os cuidados com a mama também foram deixados de lado neste período
Isolamento, home office, aulas online, cuidados triplicados com a higiene… Muita coisa mudou durante a pandemia de Covid-19. E com os olhos voltados para o vírus, muitas pessoas esqueceram do básico: cuidar do restante da saúde.
Muitos médicos se manifestaram desde o início da disseminação do coronavírus alertando que era muito importante não se esquecer do restante do corpo. Com medo de sair de casa, muitos pacientes interromperam tratamentos ou deixaram de buscar atendimento por receio de contraírem a doença indo ao hospital.
É claro que os cuidados são essenciais para evitar a disseminação do vírus. Mas em meio a tanta preocupação em cima dele, você teve espaço para o autoexame da mama? O Outubro Rosa já está chegando ao fim, mas o indicado é realizar o toque mensalmente.
Quem não esqueceu o câncer de mama durante todo esse período, foi a Rede Feminina. Voltada ao combate e prevenção do câncer de mama e colo de útero, as voluntárias focam no diagnóstico precoce e no apoio a pacientes mastectomizadas – que passaram pela remoção da mama.
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Desde sua fundação, em 1973, são mais de 260 mil atendimentos e 87 mil pacientes cadastradas apenas em Blumenau. Para dar ideia, em 2016 a Secretaria de Saúde divulgou que 25% das coletas de exames preventivos de colo de útero no município foram realizadas pela Rede.
O atendimento se estende para fisioterapia das pacientes mastectomizadas, atendimento nutricional para as mulheres que lutam contra a doença e apoio psicológico para quem está realizando quimioterapia, um dos momentos mais sensíveis do tratamento.
Durante a pandemia, a instituição precisou se reinventar para manter as tradições de outubro mesmo durante a era do distanciamento. O espaço precisou ficar fechado até agosto, por atender pacientes e ter voluntárias do grupo de risco. Além de precisarem sustentar o funcionamento sem os eventos que arrecadam o dinheiro da Rede.
“Tivemos um pedágio virtual no qual a arrecadação foi aquém do que esperávamos. Também ficamos com muito medo de fazer a quantidade de camisetas que fazemos todos os anos e não vender. A pandemia veio pra segurar um pouco de tudo”, conta a presidente Maria Christina Dorigatti.
Retomada dos atendimentos
Com o retorno em 17 de agosto, a procura por exames preventivos tem sido muito alta. O protocolo da Secretaria de Saúde continua restringindo os atendimentos. Especialmente por elas estarem com menos voluntárias e funcionárias, já que muitas fazem parte do grupo de risco.
“As pessoas ligam desesperadas. Sabemos que muitas precisam desse atendimento, mas ainda precisamos trabalhar com cuidado. Pedimos para as pessoas que tenham um pouco de paciência se ligarem para cá e não conseguirem falar com a gente na hora”, comenta a secretária da Rede Feminina Eliane Ximenes.
O setor que foi reforçado é o educacional. As palestras em empresas alertam sobre a prevenção, a importância do cuidado e a qualidade de vida. Transmissões ao vivo om vários profissionais da área da saúde também estão sendo realizadas para encorajar as mulheres a buscarem atendimento.
Como fazer o autoexame
A partir dos 20 anos, todas as mulheres devem realizar o autoexame de mama mensalmente. A recomendação é realizar o toque uma semana após o início da menstruação. Caso esteja na menopausa, o ideal é que a mulher escolha uma data fixa todos os meses.
São três etapas: a observação em frente ao espelho, a apalpação durante o banho e a apalpação deitada. Elas são importantes, pois a mama se movimenta com o corpo. É importante realizar todas sem roupa, para não interferir no exame.
Em frente ao espelho
- Com a mãos na cintura, verifique o tamanho, o formato e o contorno das mamas;
- Observe se há alterações na pele da mama, na aréola ou no mamilo;
- Verifique se o sutiã deixa marcas em apenas uma das mamas, indicando inchaço;
- Deixe os braços soltos ao lado do corpo e observe as mamas novamente;
- Erga os braços e observe se há alterações.
Em pé no chuveiro
- Com a coluna ereta, coloque a mão esquerda atrás da nuca, com o cotovelo apontado para cima;
- Deslize a mão direita pela mama esquerda, apalpando-a com a ponta dos dedos;
- Faça movimentos circulares com firmeza, mas sem causar desconforto ou dores, iniciando na axila e seguindo em direção ao mamilo;
- Durante a apalpação, verifique se há regiões mais densas ou caroços;
- Faça os mesmos movimentos circulares na região das axilas, observando se há algum nódulo palpável;
- Pressione delicadamente o mamilo para verificar se há saída de líquido de origem desconhecida;
- Troque a posição dos braços, colocando a mão direita na nuca, e repita o passo a passo desta etapa.
Deitada
- Deite-se na cama, coloque um travesseiro fino embaixo do ombro esquerdo e leve a mão esquerda para trás da cabeça;
- Com a outra mão, apalpe a mama esquerda e faça movimentos circulares com a ponta dos dedos, verificando a presença de anormalidades;
- Coloque o travesseiro embaixo do ombro direito e repita os passos com a outra mama.
O que observar durante o toque
Normalmente, o nódulo do câncer de mama é rígido e irregular, além de ser indolor. Caroços na axila, inchaço na mama, irritação da pele e secreção de líquido pelo mamilo também são sinais indicativos.
Além do diagnóstico precoce, é importante realizar o exame todos os meses para que você conheça bem o seu corpo e observe qualquer mínima mudança em sua mama. Os 10 principais alertas são:
- Mama inchada, com tamanho ou formato alterado;
- Mamilo secretando líquido sem que você esteja amamentando;
- Irritação ao redor do mamilo com vermelhidão, coceira ou ardência;
- Pequenas feridas ou lesões na mama;
- Região da mama “afundada” ou retraída, com prejuízo ao contorno;
- Caroço perceptível ao toque na mama ou na axila;
- Veia dilatada ou aumentando de tamanho na mama;
- Textura da pele alterada com surgimento de rugas ou aparência de celulite;
- Mamilo que mudou de posição ou virado para dentro (inversão);
- Dores nas mamas ou nas axilas.