Está prevista para esta quarta-feira, 8, mais uma reunião da CPI do Transporte Coletivo em Blumenau. A expectativa dos membros da comissão era ter a presença de um representante da Blumob para prestar esclarecimentos referentes aos descumprimentos de contrato efetuados pela empresa.

Porém, um ofício chegou à Câmara de Vereadores na manhã desta quarta, onde a empresa informa que não irá comparecer à reunião, alegando não ter tido tempo hábil para se preparar e prestar uma melhor contribuição à CPI. Os dois feriados – 2 e 7 de setembro – teriam atrapalhado o cronograma, segundo a Blumob.

Essa foi a segunda convocação feita à empresa. A primeira era para o dia 1 de setembro, mas foi recusada com a alegação de precisar de tempo para se preparar.

Naquela data, a Blumob solicitou mais 15 dias e sugeriu que o depoimento ficasse para o dia 15 de setembro – o que não foi atendido pelos vereadores, que convocaram para este dia 8.

Diante dessa nova negativa, a expectativa é que a CPI vá à Justiça para obrigar o comparecimento da empresa. Essa situação já havia sido acordada entre os membros da comissão na reunião da semana passada.

A convocação deve ficar para o dia 15 de setembro – data da próxima reunião. Ou seja, é a mesma data sugerida pela empresa.

Em tese, com decisão da Justiça ou não, a empresa terá provavelmente um representante presente no legislativo blumenauense na semana que vem e a CPI conseguirá enfim ouvir alguém. Mas diante de toda essa situação e da forma que vem sendo conduzida, a Blumob mostra um desrespeito com os vereadores.

A CPI foi solicitada no dia 10 de junho deste ano e oficialmente instaurada no dia 1º de julho. Desde então os três fatos determinantes – objetos de investigação – estavam claros.

  • Descumprimento de distanciamento social nos ônibus
  • Subsídios financeiros realizados pela prefeitura à empresa
  • Descumprimento da Blumob em relação a uma cláusula do contrato que previa a construção de uma garagem para os ônibus

A empresa conhece o contrato desde antes de assinar, sabe também das regras referentes a limitação de passageiros desde que elas foram aplicadas e está ciente de todos os repasses feitos pelo município a ela – e os motivos para tal. Tanto que enviou milharesde páginas de documentos e planilhas para a Câmara, fazendo atrasar por semanas as convocações para depoimentos.

Diante de tudo isso, é inadmissível que quase três meses depois da abertura da CPI a empresa ainda solicite tempo para “se preparar para prestar a melhor contribuição possível”. Fica clara a intensão de se atrasar o andamento da comissão.

Essa situação escancara também a relação que a Blumob possui com Blumenau. Desde que chegou a cidade foram poucas as vezes que algum representante deu entrevistas ou respondeu questionamentos da imprensa e comunidade.

Além disso, o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo (Sinderanscol) sempre bate na tecla de que qualquer negociação é feita por um escritório em Minas Gerais ou São Paulo, nunca por ninguém daqui.

Ou seja, a empresa está presente em Blumenau apenas com os veículos. E talvez esse seja o motivo para a falta de solução dos problemas encontrados nos serviços prestados.

A CPI poderia ter como foco principal mudar essa situação. Mas, ao menos até o momento, não conseguiu nada de efetivo.

Com passos lentos ela já ultrapassou 40 dias – o prazo é de 120, podendo ser prorrogado. E nas reuniões, apenas o presidente Carlos Wagner Alemão (PSL), que foi também quem pediu a abertura dela, demonstra irritação e desânimo com o andar da carruagem.


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