O deputado estadual Laércio Schuster (PSB) publicou um vídeo no Instagram no fim da tarde desta quinta-feira, 8, onde afirma ter sido barrado de um evento em Timbó com a presença do secretário de estado da Saúde, André Motta Ribeiro.
De acordo com Laércio, o representante do governo estadual exigiu que ele não pudesse entrar em uma coletiva de imprensa realizada na Prefeitura de Timbó, que anunciou o retorno de consultas e cirurgias eletivas na cidade.
“Eu tive que conviver com um secretário de estado, que vem para minha cidade e fecha a porta na minha cara para eu não participar da coletiva de imprensa dele. Por que ele fez isso? Porque o Laércio combate a corrupção na secretaria e no governo dele?”, afirmou e questionou o deputado.
O vídeo publicado por Laércio mostra ele em frente a porta que dava acesso à coletiva, enquanto pessoas entram, sendo recepcionadas pelo prefeito Jorge Kruger (PP). Logo depois a porta é fechada e o deputado permanece no lado de fora.
No texto publicado junto ao vídeo, Laércio ainda complementa que “parece que voltamos aos tempos da ditadura em Santa Catarina. Tempos de ditadura e casos de corrupção”.
Prefeitura de Timbó que barrou deputado
Entrei em contato com a assessoria da secretaria de Saúde, que negou veemente que o deputado tenha sido proibido de entrar na coletiva. Segundo eles, o secretário estava como convidado nessa história e por parte dele, ninguém foi barrado.
Também liguei para o prefeito Jorge Kruger, que confirmou ter barrado a presença do deputado. Segundo Kruger, o evento era na realidade uma reunião fechada entre representantes da prefeitura de Timbó, do Hospital Oase e do secretário André Motta. Em pauta estavam demandas exclusivas do município e referentes ao hospital e depois uma coletiva voltada apenas à imprensa convidada.
“Não entendi a presença do deputado. Em nenhum momento ele foi convidado, em nenhum momento a assessoria dele solicitou a participação. Ele queria usar aquele momento para cobrar coisas que não tem a ver com as pautas da cidade que estavam sendo tratadas. O que ele quer cobrar ele pode, mas na Alesc”, afirmou Kruger.
Logo depois o prefeito emitiu uma nota oficial sobre o caso. Confira abaixo na íntegra:
Nesta manhã de sexta-feira o prefeito de Timbo, Jorge Kruger, recebeu o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, a convite do próprio executivo municipal, para uma reunião de trabalho. Eles discutiram sobre a pandemia por Covid-19 e o processo de vacinação; a situação pós-pandemia, por conta do aumento no atendimento clínico de saúde mental, o retorno das cirurgias eletivas e sobre a ampliação do Hospital e Maternidade Oase, com a construção de um prédio de cinco andares, sendo dois deles destinados à Associação Renal Vida, avaliado em R$ 8 milhões. O prefeito entregou formalmente um pedido de ajuda financeira ao Estado para a construção deste novo prédio no Hospital Oase. Com relação às cirurgias eletivas o secretário disse que haverá um mutirão em breve e que todo Estado. A previsão do secretário André Motta é que em outubro o andamento dessas cirurgias se normalize. O prefeito lamentou apenas que houve, por parte de um representante do povo, a tentativa de politizar e tumultuar a reunião de trabalho. Jorge Kruger disse que apenas a imprensa, previamente confirmada, foi convidada, porque justamente se tratava de uma reunião de trabalho. “Não vou permitir que usem o espaço público municipal para fazer palanque político ou discutir ações do Governo do Estado que não estejam na pauta de necessidades da população timboense. Aqui não é lugar para teatro político”, desabafou. Também estiveram presentes na coletiva de imprensa o secretário Municipal de Saúde, Alfredo João Berri, o representante do Conselho Diretor do Hospital e Maternidade Oase, Osvaldo Trisotto e o diretor do Instituto Vidas, que administra o hospital, Richard Choseki.
Cabe destacar que Laércio foi prefeito de Timbó por duas vezes, entre 2009 e 2016 e depois apoiou a primeira eleição de Jorge Kruger. Em 2018 ele foi eleito deputado do estado, com a maior parte dos votos vindos da cidade e região. Ele também foi e segue sendo um dos principais críticos ao governo Carlos Moisés (PSL) na Alesc.
Foi dele o voto decisivo que afastou Moisés do cargo no último processo de impeachment que o governador passou, no caso dos respiradores comprados por R$ 33 milhões junto a Veigamed – e que nunca puderam ser usados no combate a Covid-19 em SC.
O deputado também foi um dos principais parceiros do governo interino de Daniela Reinehr, participando ativamente da montagem de sua equipe com indicações.