Preço de veículos seminovos dispara em Santa Catarina e alcança alta de mais de 20% no ano
Compra de carro se tornou investimento em 2021
Os preços dos veículos seminovos estão acelerando cada vez mais em Santa Catarina e no Brasil. Impulsionados pelo aumento exacerbado nos valores dos 0km – que também estão cada vez mais escassos nas concessionárias, devido à falta de peças – os valores cobrados pelas garagens em 2021 tiveram aumentos que ultrapassam 20% no ano em alguns casos.
Para Neto Mafra, presidente da Associação dos Revendedores de Veículos de SC (Assovesc), esse resultado é uma combinação da lei da oferta e procura com a desvalorização do real – que também culminou no aumento de preço dos carros novos.
“É toda uma cadeia. As peças estão caras e estão faltando. Juntando a desvalorização da nossa moeda, os carros tiveram reajustes enormes. E com o preço do 0km alto e poucos disponíveis, as pessoas procuraram mais os seminovos, que também estão tendo aumentos na própria tabela Fipe”, explicou.
Numa pesquisa rápida, levando em consideração três modelos de carros mais vendidos nos últimos anos no Brasil, os aumentos vão desde 14% a 22% entre janeiro até setembro de 2021.
Por exemplo, um Hyundai HB20 1.0, ano 2020, era tabelado por 47.684,00 em janeiro deste ano. Em setembro, o carro está avaliado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) em R$ 58.139,00, alcançando um aumento de 21.9% no preço.
Um Chevrolet Onix, 1.0, ano 2020, constava na Fipe em janeiro por R$ 47.325,00. Em setembro, a tabela aponta o mesmo carro por R$ 56.290,00, com aumento de 18,9%.
No caso de um Fiat Argo 1.0, ano 2020, o aumento é de 14%. Em janeiro ele era avaliado em R$ 44.874,00 e em setembro pulou para R$ 54.376,00.
“A compra de carros seminovos se tornou investimento em 2021 no Brasil. Tá rendendo mais que a poupança e investimentos bolsa de valores. Você compra por um valor e ele valoriza muito nos meses seguintes”, destacou Mafra.
Preço alto não afastou compradores
E se engana quem pensa que pelos valores dos carros subindo as vendas diminuiriam. Muito pelo contrário, o ano de 2021 vem sendo um dos melhores para os revendedores de seminovos e usados em Santa Catarina.
De janeiro a julho deste ano, os números de carros vendidos já são superiores ao mesmo período de 2020 e 2019, quando ainda não existia a pandemia.
Segundo dados divulgados pela Assovesc, até julho, foram vendidos mais de 566 mil carros no estado em 2021. O número é 27,8% maior que no mesmo período de 2020, quando 443 mil veículos haviam sido comercializados pelas revendedoras, e 12,5% maior que 2019, quando haviam sido vendidos 552 mil.
Entre os motivos mais relevantes para estão a escassez de veículos 0km disponíveis nas concessionárias, principalmente devido à falta de peças, como citado acima e também já adiantado em reportagem do jornal O Município Blumenau em março.
Mafra aponta que esse cenário deve melhorar ainda mais nos próximos meses, que é quando esse mercado “superaquece”, pela tendência da troca de veículos no último trimestre do ano.
“Isso vai permanecer até a normalização dos 0km nas lojas. A expectativa é que normalize lá pelo fim de 2022 e início de 2023”, concluiu.
Muita saída e pouca entrada
Além de ser pequeno o número de veículos novos que chegam as concessionárias, eles acabam sendo vendidos com muita agilidade. Diante disso, os estoques nas lojas estão cada vez menores.
Em Blumenau, a Kolina Volkswagen costuma ter em média entre 50 e 60 carros novos disponíveis para venda. Com a chegada da pandemia, dificuldade na fabricação dos automóveis e vendas relâmpagos, atualmente, o estoque da loja possui 14 veículos, sendo apenas oito a pronta-entrega.
Em relação aos usados e seminovos, o estoque da loja em Blumenau possui 20 veículos, bem abaixo da média normal que é de 40 a 45.
“Normalmente quem quer comprar um novo entrega um usado na troca. Mas com a falta de 0km, esse usado tá sendo vendido muito rápido também, porque tem sido a alternativa do comprador”, explicou Martinho Bahr, gerente da Kolina.
Para o presidente da Assovesc, Neto Mafra, os estoques baixos já são realidade desde o fim do ano passado e início de 2021. Porém, a expectativa é que essa situação seja controlada nos próximos meses.
“Os estoques estão baixos, isso é em todo lugar. Mas nos últimos três meses vem melhorando e deve continuar assim até a normalidade em breve”, afirmou.
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