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Quarentena impacta produção de gás e aumenta demanda; saiba como revendas de Blumenau estão sendo afetadas

Aumento das vendas em todo o país fez com que fosse mais difícil conseguir GLP

Após mais de duas semanas em isolamento domiciliar, muitas famílias já adaptaram suas rotinas à quarentena. Porém, logo que a situação com novo coronavírus foi considerada uma pandemia, muitas pessoas passaram a estocar produtos.

Entre eles havia papel higiênico, leite, pão, álcool gel e máscaras. Logo no início do decreto catarinense, diversos mercados foram registrados com estantes vazias. Mas outro produto que ficou em falta em diversas cidades do país foi o gás de cozinha.

O GLP foi especialmente afetado, pois, além de haver um aumento na demanda, também houve uma queda na produção. Como o nome dá a entender, o Gás Liquefeito de Petróleo depende da produção de combustível para ser engarrafado.

Com a queda na venda da gasolina, também decorrente da pandemia, a produção do gás de cozinha teve uma queda significativa. Entretanto, a Petrobras garantiu que o GLP será importado de outros países para garantir o abastecimento.

Em Blumenau, algumas revendas perceberam um aumento significativo nas vendas nos primeiros dias de quarentena. Na revendedora Liquigás Marcelo Gás e Água, o produto chegou a faltar em alguns dias.

“Na primeira semana muitas pessoas vieram aqui para estocar gás. Mas agora normalizou, não está mais aquela loucura. A maior dificuldade está sendo receber o gás”, conta a vendedora Vera Jeremias.

Leonardo Ponsan, gerente administrativo da Base Gás, relata que sentiu o mesmo aumento nas vendas nos primeiros dias. Porém, o maior problema está sendo a dificuldade em estocar o produto com a pouca entrega.

“No início foi aquela loucura, mas nos últimos três dias o movimento caiu. Muitas das nossas vendas iam para o comércio, que está fechado. Como um botijão dura cerca de três meses em uma casa, acredito que a demanda deva aumentar no mês que vem”, conta.

Preço do botijão

Por conta da alta procura, algumas revendedoras brasileiras chegaram a vender um botijão de gás a R$ 100. Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados procura fixar o preço em R$ 49.

De acordo com a autora, deputada Aline Gurgel (Republicanos-AP), a medida procura garantir à população brasileira o direito à alimentação durante a pandemia. Entretanto, revendedores de Blumenau consideram o valor insustentável.

“Hoje fica entre R$ 54 e 58 pra gente comprar um botijão. Isso sem os impostos e nosso lucro. Não tem como vender a R$ 70, como o prefeito de São Paulo pediu para as empresas de lá. Mas o preço aqui não subiu, está entre R$ 75 e 85”, explica Antônio Nunes, proprietário da Tonho Gás.

Ele notou um aumento de cerca de 30% em GLP, porém uma grande queda em vendas para indústrias. “Antes meu caminhão vinha metade industrial e a outra metade residencial. Agora, vem tudo para residências”, diz.

Como a Tonho Gás busca os botijões direto na distribuidora em Araucária, no Paraná, não chegou a ficar sem o produto. Entretanto, os estoques que normalmente eram mantidos altos chegaram a baixar.

“Tivemos um pouco de transtorno, mas não chegou a faltar. Nossa estrutura compensou a demanda. A população nem sentiu, mas nós temos que brigar para conseguir comprar”, relata Nunes.