Queer Eye: blumenauense conta como foi participar de um dos maiores realities da Netflix

Professora de dança desenvolveu aula exclusiva para participante do programa

A dançarina blumenauense Isadora Zendron passou meses escondendo um grande segredo: ela participou de um dos maiores realities da Netflix. O Queer Eye Brasil estreou no fim de agosto, inspirado no formato do reality estadunidense de mesmo nome.

Nele, cinco especialistas, os “fabulosos”, passam uma semana com os “heróis e heroínas” para ajudá-los a repaginar e transformar suas rotinas. Focados em saúde, estilo, moda, bem-estar e design, eles entregam não apenas uma reforma na casa das pessoas, mas também na vida delas.

Isadora com os “fabulosos”, os apresentadores do programa. | Foto: Arquivo pessoal

No quarto episódio, Vida, Diva e Dívida, a heroína transformada pelo grupo é Tânia. A manicure tem um problema com o controle financeiro e acabou desenvolvendo uma compulsão por compras. Isadora entra como a professora que mostra para ela uma forma diferente de encontrar prazer, que não envolva gastar dinheiro.

“A Tânia é mais uma das mulheres presas nesse padrão de achar que é muito gorda para dançar. Meu foco foi mostrar para ela que pode fazer tudo, inclusive aliviar a compulsão de outras formas que não envolvam gastar. Preparei uma aula de uma hora especial para ela do que chamo de rabaterapia“, conta Isadora.

Carreira na dança

A profissão de Isadora como professora de dança não começou por acaso. Desde os 4 anos, a pequena moradora do Garcia era ginasta pelo Clube Ipiranga e representou Blumenau nas competições até os 15.

Uma lesão a distanciou da ginástica, mas acabou possibilitando que ela conhecesse a dança de rua. Sendo apresentada a outras modalidades e formas de dançar, a primeira profissão dela foi como professora de dança.

“Minha carreira com a dança foi minha grande salvação em vários momentos. Mas levava isso como um hobby. Acabei cursando Arquitetura e Urbanismo na Furb, mas não era minha maior paixão”, relembra.

Arquivo pessoal

Aos 19, Isadora decidiu se mudar para São Paulo (SP) para estudar Moda e acabou trabalhando para a Hering na capital paulista durante seis anos. Nesse meio tempo, se apaixonou pela área e vivia uma “ponte aérea” entre São Paulo e Blumenau.

“Mas aí chegou uma crise aos 27. Vontade de mudar de carreira, interagir mais com as pessoas. Junto disso sofri um acidente de ônibus indo para a Oktober em Blumenau. Nessa época minha antiga coreógrafa me chamou para uma aula de dança. Achei que nem sabia mais dançar, mas arrasei”, comenta.

Boate Class

Com 27 anos e desmotivada com a carreira atual, Isadora voltou a dar aulas de dança e desenvolveu a Boate Class. A ideia da aula é focar no bem-estar e na saúde mental dos dançarinos, ao invés de na parte física e na coreografia.

“Estimulo os alunos a usar um look combinando com a temática e se divertirem, sem qualquer cobrança de acertar os passos ou perder peso. O momento é para ser de libertação e autoconhecimento. O foco é no processo e não no resultado”, ressalta a professora.

Arquivo pessoal

Durante a pandemia, o formato foi focado no digital. Com isso, Isadora conquistou alunas e alunos em diversas regiões do Brasil. Agora que voltou a dar aulas presenciais em São Paulo, ela pretende levar a Boate Class para outras cidades.

“Foi por conta do meu enfoque no bem-estar que o Queer Eye veio atrás de mim. A proposta era que a participante se libertasse. De início nem acreditei, mas depois de uma semana de seleções fui escolhida”, conta.

“Agora sou mais respeitada”

Por acompanhar o reality show há anos, Isadora ficou muito feliz em poder participar do processo. No lançamento do programa, ela também foi chamada para dar uma aula especial para os apresentadores e alguns convidados.

Arquivo pessoal

“Nesse meio tempo foi bico calado, não podia contar para ninguém. É muito louco porque não sabia quando sairia o episódio nem como ficaria a edição. Mas fiquei bem feliz com o resultado. Até hoje assisto sem acreditar que sou eu”, conta.

A emoção da família em Blumenau foi instantânea. Mas foi só após receber mensagens de amigos que moram fora do Brasil que a ficha de Isadora foi caindo. De quebra, o trabalho dela passou a ser mais respeitado e valorizado.

“Tem gente que acha que meu trabalho não é ‘sério’ suficiente, mas depois do programa conseguiu ver que eu cuido da vida das pessoas. Nós mulheres costumamos ter essa síndrome da impostora, então agora só tenho mais certeza de que estou no caminho certo”, celebrou.

Mesmo tendo abandonado a moda para seguir a carreira na dança, Isadora planeja voltar de outra forma. Com uma marca voltada para a atividade física focada em sustentabilidade. Uma volta inesperada nessa altura da vida.

“A gente costuma ter muita pressa em ‘dar certo’, saber o que quer fazer, mas o tempo mostra que é importante esperar. Eu comecei a trabalhar com a Boate Class aos 28. Nunca achei que chegaria onde estou. A mudança traz coisa boa, mesmo quando é sofrida. Hoje vejo que nasci pra isso, mas que tudo que fiz no passado foi aprendizado. Nada é desperdiçado”, aconselha.

Arquivo pessoal

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