Os perigos “da mentalidade de dieta”
Somos constantemente bombardeados com informações sobre alimentação, em redes sociais, na TV, no jornal, nas revistas e rádios. E sempre são informações que vêm acompanhadas de palavras-chave como: emagrecer, engordar, pode, não pode, permitido, proibido, bem e mal. E isso acontece desde que você e eu éramos pequenos, já víamos essas informações em todo canto, nossas avós e mães sempre fazendo algum tipo de dieta maluca pra emagrecer.
E por conta disso tudo se criou quase uma aversão a palavra dieta. Quando ouvimos falar dela, já pensamos em restrição, em passar fome para perder peso, e tudo isso justamente por conta dessa mentalidade de dieta que se criou, de que tudo preciso ter regras, de que existem alimentos bons e ruins, e existem alimentos que são proibidos caso você queira emagrecer ou ser saudável.
Porém, por si só, a palavra “dieta” não é tão ruim assim. Ela vem do grego e significa “modo de viver”. Ou seja, é a sua rotina alimentar, são os seus costumes e culturas representados em forma de comida.
E o que significa exatamente a mentalidade de dieta? Ela é esse conjunto de ideias e regras que acabamos aceitando como verdade, depois de tanto ver em todos os lugares, e levamos pra nossa vida e nosso cotidiano. O problema de todas essas regras é que elas acabam virando um peso nas nossas costas, culpa cada vez que comemos algo “proibido”, sensação de que não faço nada certo, que alimentação saudável é muito difícil, estresse e ansiedade. Quando na verdade nada disso é necessário.
Claro que temos alimentos que se forem comparados de forma isolada, tem composições nutricionais melhores do que outros. Mas você não come apenas um alimento o dia todo e todo dia né? Você come vários, e isso chamamos de alimentação e contexto alimentar.
Então é importante entender que não existe isso de alimento proibido ou permitido, existe contexto alimentar favorável pra saúde. Importante deixar claro também que em casos de doenças, talvez tenha um outro alimento que seja necessário retirar da alimentação.
No meu consultório, com os pacientes, eu gosto de sempre trabalhar a desconstrução dessa mentalidade de dieta, e partir mais para uma alimentação intuitiva. Isso significa ouvir mais o seu corpo e os sinais que ele está te dando, ao contrário de escutar regras malucas sobre a alimentação, criadas a muito tempo atrás. Acredite, o seu corpo é uma máquina muito bem desenhada e ele te avisa de tudo que você precisa saber, basta ouvi-lo.
Todo e qualquer sintoma que você sinta, é um sinal. A fome é um sinal, assim como a saciedade. Intestino desregulado é um sinal, e dos grandes. Dormir mal é um sinal. Todo e qualquer alimento que você come, é possível saber se fez bem ou não pro seu organismo (mesmo sendo um alimento considerado saudável), basta você se conhecer e se ouvir.
Se faça a seguinte pergunta: será que eu estou ouvindo o meu corpo? Será que eu sei reconhecer os sinais que ele me manda? Será que eu não me acostumei a viver com regras externas e não sei mais como escutar meu próprio organismo? Será que não me acostumei a viver cansado e sem energia, e nem sei mais reconhecer esses sintomas?
Vanessa Souza
Nutricionista
CRN10 7320