A tarde de quinta-feira, 17, foi de atenção total no que estava acontecendo na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) por causa da votação da admissibilidade do processo de impeachment contra o governador Carlos Moisés e contra a vice, Daniela Reinehr.
Esperava-se, pelo menos, que a votação do processo da vice-governadora fosse mais amena do que a votação contra Carlos Moisés, mas os deputados estaduais deixaram claro desde o início que não iriam salvar nem um e nem o outro. Nos discursos dos líderes das 13 bancadas ficou claro que não foi só a equiparação salarial dos procuradores do estado que fez com que o atual governo chegasse ao mês de setembro de 2020 com tamanha rejeição junto aos parlamentares.
O isolamento, o despreparo, a arrogância, a falta de sintonia com a Assembleia, o pouco senso de parceria com os outros poderes, a instituição de um poder paralelo dentro do governo e todas as trapalhadas que ocorreram durante a pandemia foram às principais justificativas para que o governo Moisés chegasse num ponto de correr o risco de terminar dois anos antes do previsto.
Comparando com o processo de impeachment contra o governador Paulo Afonso Vieira (PMDB), em 1997, naquela ocasião os arredores da Alesc estavam tomados pela militância peemedebista, enquanto no processo contra Carlos Moisés e Daniela Reinehr a Assembleia Legislativa não recebeu nenhum militante do PSL, nem mesmo o governador se fez presente para encarar de perto aqueles deputados que o enfrentam desde o início deste ano.
O que chamou a atenção entre os deputados que votaram na quinta-feira foi que Fernando Krelling (MDB), que no dia anterior conseguiu o apoio do PSL para a sua candidatura a prefeito de Joinville, acabou votando pela aceitação do impeachment e o deputado Marcius Machado (PL), que deveria ter seguido a votação em bloco determinado pelo seu partido, votou pela salvação de Daniela Reinehr. O PT, que não se tinha certeza de como votariam os quatro deputados do partido, acabou fechando questão e aceitou a admissibilidade do impeachment e o PSDB e PP não tiveram consenso, tendo deputados com opiniões diversas dentro dos partidos.
Mas a grande derrota do governador veio mesmo do PSL, seu partido, que teve apenas no Coronel Mocellin o voto contrário a aceitação da abertura do processo de afastamento de Moisés.
Como curiosidade, Paulo Afonso Vieira se salvou com os 11 votos do PMDB e mais três votos de outros partidos e uma abstenção, o que garantiu que o governador da época continuasse no cargo. Naquele ano, os deputados estaduais Jaime Mantelli (PDT), Onofre Santo Agostini (PFL) e Ciro Roza (PFL) mudaram o voto no dia da votação e Jorginho Mello, que na época estava no PSDB, se absteve, totalizando os 14 votos necessários para sepultar o processo de afastamento de Paulo Afonso.
Agora, para Moisés e Daniela, só resta apostar na análise técnica dos seis desembargadores do Tribunal de Justiça de Santa Catarina que integrarão Tribunal Misto, que terá também cinco deputados estaduais escolhidos no plenário, para tentar reverter um quadro que hoje é preocupante.
O afastamento de ambos se consumará se, na primeira votação deste Tribunal Misto, 7 membros votarem favoráveis, afastando Moisés e Daniela por até 180 dias. Numa segunda votação se decidirá pela aprovação ou não do impeachment, o que pode tirar definitivamente dos cargos o governador e sua vice, assumindo no seu lugar o presidente da Assembleia, deputado Júlio Garcia (PSD), ou se Júlio declinar, o presidente do Tribunal de Justiça de SC, desembargador Ricardo Roesler.
Veja como cada deputado estadual votou nos dois processos de admissibilidade do impeachment. O primeiro voto foi no processo de Daniela Reinehr e o segundo voto foi para o processo do governador Carlos Moisés.
Vice-Governadora Daniela Reinehr – 32 votos Sim, 7 votos Não e 1 Abstenção
Governador Carlos Moisés – 33 votos Sim, 6 votos Não e 1 Abstenção
MDB
Ada de Luca – SIM / SIM
Fernando Krelling – SIM / SIM
Jerry Compes – SIM / SIM
Luiz Fernando Vampiro – SIM / SIM
Mauro de Nadal – SIM / SIM
Moacir Sopelsa – SIM / SIM
Romildo Titon – SIM / SIM
Valdir Cobalchini – SIM / SIM
Volnei Weber – SIM / SIM
PSL
Ana Campagnolo – SIM / SIM
Coronel Mocellin – NÃO / NÃO
Felipe Estevão – SIM / SIM
Jessé Lopes – SIM / SIM
Ricardo Alba – SIM / SIM
Sargento Lima – SIM / SIM
PSD
Ismael dos Santos – SIM / SIM
Júlio Garcia – ABSTENÇÃO / ABSTENÇÃO
Kennedy Nunes – SIM / SIM
Marlene Fengler – SIM / SIM
Milton Hobus – SIM / SIM
PL
Ivan Naatz – SIM / SIM
Marcius Machado – NÃO / SIM
Maurício Eskudlark – SIM / SIM
Nilso Berlanda – SIM / SIM
PT
Fabiano da Luz – SIM / SIM
Luciane Carminatti – SIM / SIM
Neodi Saretta – SIM / SIM
Padre Pedro Baldissera – SIM / SIM
PP
Altair Silva – NÃO / NÃO
João Amin – SIM / SIM
José Milton Scheffer – NÃO / NÃO
PSDB
Marcos Vieira – SIM / SIM
Vicente Caropreso – NÃO / NÃO
PSB
Laércio Schuster – SIM / SIM
Nazareno Silva – SIM / SIM
PDT
Paulinha – NÃO / NÃO
NOVO
Bruno Souza – NÃO / NÃO
PCdoB
Cesar Valduga – SIM / SIM
PSC
Jair Miotto – SIM / SIM
REPUBLICANOS
Sérgio Motta – SIM / SIM